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PSI quantos?

Recentemente, com a anunciada saída do BPI do PSI-20, agora confinado a 17 empresas, novamente se colocou de modo claro a fragilidade e exiguidade do mercado quando se procurou encontrar substitutos para recompor o índice, trazendo de novo à ribalta mediática o tema da entrada em bolsa de novas empresas.

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A sua discussão tem frequentemente associada a necessidade de se construir um conjunto de incentivos, de natureza diversa, da fiscal à processual, que induzam junto das empresas e dos seus acionistas a opção pela admissão à cotação.

 

Sempre tive uma visão relativamente distanciada do objetivo de aumentar o número de empresas cotadas, creio que a nossa bolsa não é mais do que o reflexo das características e dimensão da nossa economia empresarial. Apenas ilustrando, a mais pequena, em capitalização bolsista, das empresas que compõem o índice espanhol IBEX-35, estaria no top 7 ou 8 do PSI-20, ou, noutro prisma, quase 50% das cerca de 50 empresas cotadas em Portugal têm uma capitalização bolsista inferior a 100 milhões de euros e mais de um terço inferior a 50 milhões. 

 

E a verdade é que o mercado de capitais não casa bem com empresas de média dimensão. Um bom exemplo é o que se pode constatar no mundo do "private equity", muita vez apontado como uma antecâmara da cotação em bolsa pois representa um primeiro momento de abertura do capital ao exterior. A verdade é que, sendo uma atividade que tem registado um crescente dinamismo em Portugal, não se conhece praticamente um caso de saída de um fundo de "private equity" de uma empresa através de um IPO em bolsa, sendo antes o caso mais comum uma transação direta com entidade interessada em adquirir o seu controlo.

 

Por outro lado, os custos associados à condição de empresa cotada têm uma grande rigidez e independentes da dimensão. Com facilidade se chega a um milhão de euros apenas considerando o custo de uma área, mesmo que pequena, de relação com investidores e o custo em órgãos sociais associados a um modelo razoável de "governance". Para uma empresa que obtenha um valor de resultados líquidos de 5 ou mesmo 10 milhões de euros (e não serão muitas), já será pesado.

Por fim, ter uma capitalização bolsista que na grande maioria dos casos será decerto inferior a 100 milhões e um "free float" que não será alto tenderá sempre a produzir volumes de transação e liquidez no mercado baixos e o desinteresse de investidores institucionais na ação, podendo com facilidade conduzir a uma situação que em nada contribui para a criação de reputação no mercado.

 

Há, assim, uma questão de dimensão que importa atender, o que transforma desde logo, os hipotéticos alvos num número reduzido de empresas. Deste modo será nestas que poderão conseguir-se resultados mais imediatos e encontrar-se vantagem no acesso ao mercado de capitais. Estas serão mais óbvias em casos de oportunidades de crescimento importantes e níveis de rendibilidade médios (menor capacidade de autofinanciamento) ou nos casos em o que acionista dominante pretende monetizar valor da participação.

 

Assim, muito do esforço de promoção do acesso ao mercado de capitais deverá estar centrado não no acesso ao mercado, mas antes no apoio e incentivo a operações de aquisição de escala, seja interna ou externamente, via fusões ou aquisições, que podem necessitar (e justificar) a entrada de capital novo. Mas aqui também se deparará, em muitos casos, com um problema sério, a falta de uma cultura de partilha de poder e de cooperação alinhada de interesses. Talvez a nova geração de empresários tenha outra visão e atitude, mas tal será tema de outro artigo.  

Professor na ISCTE Business School

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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