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Quando chega ao hospital de Cascais, em Alcabideche, é preciso retirar uma senha para a admissão. E este é o único papel que o utente vai ter nas suas mãos durante o tempo que passar no hospital, garante o presidente desta unidade, Vasco Antunes Pereira. Isto porque o hospital de Cascais, unidade do Serviço Nacional de Saúde que é gerida pelos privados da Lusíadas Saúde, é o mais tecnologicamente avançado do país.
Os exemplos são vários. A dispensa de medicamentos, por exemplo, é feita por via informática num dispositivo que apenas permite recolher o fármaco que foi introduzido no sistema para determinado utente. José Friães, coordenador de urgência geral, explica que a "medicação é controlada através de um dispensador electrónico, o que evita os erros relacionados com a administração dos medicamentos". A pulseira de cada utente tem um código que também o identifica apenas a si.
Este sistema de dispensa em circuito fechado, segundo conta Rita Kadic, que é a directora de Eficiência e Melhoria Contínua, existe também no leite para os recém-nascidos, nos produtos de sangue e nas refeições. O objectivo é, igualmente, aumentar o grau de segurança dos cuidados de saúde. Na alimentação, se se tratar de um utente que tenha sido operado aos intestinos, por exemplo, uma troca de refeição pode ser fatal.
Os profissionais de saúde levam consigo um PDA onde conseguem ter acesso aos registos clínicos de todos os doentes, podendo inclusivamente recolher os sinais vitais à cabeceira de cada um. Nos quartos de internamento, os médicos e enfermeiros utilizam um computador portátil para efectuarem os registos de cada intervenção, o que elimina a "ineficiência de ter de voltar ao computador de secretária para fazer esses registos", prossegue Rita Kadic.
o nível 6 da HIIMS.vasco antunes pereira
Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Cascais
A enfermeira coordenadora Carmen Gaudêncio diz que "tem sido um grande desafio utilizar a tecnologia", mas que com isso "temos mais tempo para cuidar dos doentes", porque esta liberta os profissionais "do trabalho administrativo".
Com 277 camas e 9.000 cirurgias no ano passado, o hospital de Cascais tem, inclusivamente, uma pessoa que é responsável pela integração de toda a informatização clínica do hospital, Ana Rafaela Prado, um cargo que não é muito comum noutras unidades. O seu papel é "reunir os clínicos para perceber quais as suas sugestões para melhorar os sistemas informáticos", sublinha. "Até agora havia uma descrença total dos médicos em relação aos sistemas, porque eles eram aplicados como chegavam" do fabricante. E, lembra Vasco Pereira, "quem faz os sistemas são engenheiros que não têm noção da realidade de cada especialidade".
Grávidas podem escolher a música
Um dos projectos implementados pelo hospital chama-se "Visita à Maternidade" pelas grávidas, para que estas possam colocar tudo ao seu gosto, desde os exercícios com bola de Pilates até à música ambiente, que pode ser previamente escolhida, ou até definir antecipadamente a posição em que pretendem ter o bebé (por exemplo, podem optar por ter o bebé de cócoras). O parto é realizado todo no mesmo local e, mesmo quando o recém-nascido é limpo e aspirado, a mãe nunca deixa de o ver. Em 2016, o hospital de Cascais registou 2.600 partos.
O presidente desta unidade diz que o "uso de tecnologia está directamente ligado ao aumento da humanização". Os meios tecnológicos surgem para "evitar situações que ocupem tempo aos profissionais", para que "esteja com o seu doente à frente e esteja a ter toda esta parte humanizante que é uma parte importante do processo de tratamento dos doentes".
do trabalho administrativo. carmen gaudêncio
Enfermeira coordenadora do departamento de Medicina