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Notícia

Tecnológica da Maia anda às compras lá fora

A Nonius está em 31 países, mas tem como meta chegar a 80 nos próximos anos. A empresa focou-se em serviços para o sector hoteleiro e está a estudar a aquisição de concorrentes no estrangeiro, em breve.

29 de Dezembro de 2015 às 10:00
Paulo Duarte
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Foi em 2004 que se começou a desenhar o projecto que daria origem à Nonius, quando os dois sócios, que trabalhavam fora de Portugal, se apresentaram a um concurso de ideias promovido pela Agência Nacional de Inovação.

"Andámos a trabalhar mais ou menos durante um ano na ideia e, ao fim desse tempo, tínhamos um plano de negócios feito e sabíamos que havia mercados. Preparámos tudo e decidimos arrancar com a Nonius, o que aconteceu no início de Abril de 2005", adiantou António Silva, CEO da empresa.

A Nonius focou-se em tecnologia virada para o sector hoteleiro, um segmento que continua a ser o que tem mais expressão para a empresa. "Decidimos desenvolver novas tecnologias e serviços para este mercado, com uma oferta muito especializada na componente de tecnologias usadas pelos hóspedes para o sector hoteleiro", adiantou António Silva.

Depois de algumas alterações accionistas, com a saída de investidores como a Caixa Capital e outros, e a recuperação da maioria do capital pelos dois sócios, a Nonius continuou a sua trajectória de internacionalização. "Estamos em 31 países, e queremos expandir-nos para mais de 80 nos próximos anos", referiu o CEO da tecnológica.
 
Além disso, a estratégia passa também por comprar a concorrência. "Temos previstas uma ou duas aquisições para 2016", adiantou António Silva. O processo de reestruturação accionista fez com que este processo se atrasasse um pouco, mas a Nonius já está a estudar pelo menos três processos de empresas para comprar, fora de Portugal. "O que faz sentido é a internacionalização. Serão, portanto, [as aquisições] na Europa e na América Latina – são empresas concorrentes e com menos serviços que nos permitem depois agregar os que nós já prestamos", referiu o empresário.

Em todos os governos, se existe alguma estratégia no país, é
a do desenvolvimento de todo o turismo
e nós temos beneficiado dessa aposta estrutural.
António Silva
CEO da Nonius

Em cima da mesa está "até um milhão e meio de euros em aquisições", segundo adiantou António Silva, salientando que a Nonius investe cerca de 20% do volume de negócios em investigação e desenvolvimento por ano.

Neste momento, os sócios já angariaram verbas para fazer aquisições nos próximos quatro anos.

A empresa deverá encerrar 2015 com uma facturação de 6,5 milhões de euros, prevendo-se que em 2016 atinja os nove milhões de euros. Trabalham 65 pessoas na Nonius, um número que deverá crescer para 74 em 2016.

Para a Nonius é importante que os hotéis percebam que a tecnologia é sinal de luxo. "Temos hotéis de três estrelas muito tecnológicos a cobrar tarifas superiores aos de cinco estrelas, que não têm nenhuma. O mercado é muito volátil e tem muito a ver com a percepção e a reputação criada nas redes sociais", explicou o empresário. E dá um exemplo. "Um hotel de cinco estrelas tem de ter uma percepção de luxo. Não pode ter uma televisão pior do que a que tenho a casa", concluiu.


Notas rápidas

Hospitais e navios com tecnologia da Maia
Os outros sectores da Nonius
A empresa especializou-se no sector hoteleiro, mas actua também no segmento hospital e em navios de cruzeiro, ainda que com serviços semelhantes aos que presta em hotéis. 65% da facturação é para exportação.

Empresa continua a crescer no Brasil
A Nonius tem no mercado brasileiro uma das principais apostas. "Mesmo assumindo a desvalorização da moeda, tivemos um crescimento de 20%, o que significa que continua a ser muito lucrativo", disse António Silva. 

Perguntas a António Silva
CEO da Nonius


"O mercado hoteleiro é estratégico para os governos"
A Nonius tem como estratégia principal continuar a exportar tecnologia e já elegeu os principais mercados.

Qual a estratégia da Nonius para os próximos anos?
Somos uma empresa 100% portuguesa e vamos continuar a fazer aqui a tecnologia e a exportá-la. Tudo depende da conjuntura nacional. O mercado hoteleiro é algo estratégico para todos os governos. E nós temos beneficiado dessa aposta estrutural, desde a fundação da Nonius. Achamos que é interessante e temos de nos focar no mercado hoteleiro no país.


Não houve problemas com a crise nestes últimos anos?
Apenas em 2011, com os problemas do BPN, é que notámos francas dificuldades, porque era um banco que financiava muito o sector de hotelaria. Depois de resolvida esta questão, isto recuperou e cada vez temos mais turistas a virem a Portugal, o que faz com que, mesmo em alturas de crise, seja um excelente investimento para quem tem dinheiro. E têm sido criados novos hotéis e nós temos beneficiado com isso, bem como com a renovação de outros. Crescemos à volta de 10% ao ano em Portugal.


Quais os mercados de maior aposta da Nonius?
Apostamos na América Central e nas Caraíbas. No México estamos a abrir as operações, desde Setembro, e fechámos agora os primeiros dois contratos. Temos um "pipeline" de propostas muito apelativo e vamos apostar na Ásia-Pacífico. Além disso, estamos num processo de consolidação no mercado europeu. A operação na Holanda, no centro da Europa, cresceu 60% no ano passado e vamos tentar expandi-la para os maiores mercados de hotelaria na Europa, incluindo Inglaterra e Alemanha.

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