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Os empresários exportadores e os lifestyle

De uma garagem ou de um ateliê para o mundo contam-se as histórias de empresários que querem crescer e ganhar escala. Mas também existem as empresas contentes com a sua situação. “Chamo-lhes empresas lifestyle porque garantem o lifestyle do seu dono”, sublinhou Paulo Vaz, vice-presidente executivo da AEP.

16 de Julho de 2024 às 14:00
Ângela Gonçalves Marques, Rui Fazenda, Paulo Vaz, Matilde Vasconcelos, e Helena Lampreia, no debate “Expandindo Fronteiras: Internacionalização da Economia e Exportação.” José Reis/Movephoto
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"Onde existirem fábricas de pneus, há máquinas nossas", assegura Rui Fazenda, CEO da Gislótica, durante o painel "Expandindo Fronteiras: Internacionalização da Economia e Exportação", que decorreu no Porto, no âmbito do Prémio Portugal Inspirador, uma iniciativa do Jornal de Negócios, Correio da Manhã e CMTV, com o apoio do Banco Santander.

Engenheiro mecânico e professor no Instituto Superior de Engenharia do Porto, Rui Fazenda criou a Gislógica em setembro de 2000, numa garagem com 100 metros quadrados. Três meses depois, ganhou um concurso internacional da Continental, fabricante de pneus alemão que tem uma fábrica em Famalicão, para equipamentos especiais para fábricas no México e nos Estados Unidos.

Três anos depois, seguiram-se clientes como a Goodyear, a Michelin, Bridgestone, entre outras. Mas Rui Fazenda não esquece que "a Continental foi o motor de arranque, o que deu a faísca para a explosão."

No princípio, a Gislótica exportava 50% da produção; hoje, está nos 99%, com uma área fabril de 24 mil metros quadrados. Define a Gislótica como uma empresa de engenharia, com 30 engenheiros entre 63 trabalhadores. É uma empresa flexível de produtos e soluções, cuja missão "é entregar um produto superior ao que foi comprado e com assistência técnica competente", esclarece Rui Fazenda.

Uniformes e moldes

Há 32 anos que Matilde Vasconcelos, CEO da Trot & Trotinete, produz uniformes, mas, como designer, começou por realizar o sonho de criar uma marca de roupa de criança. No entanto, não tinha capacidade financeira para uma rede de venda das coleções, num negócio que era feito porta-a-porta. Aproveitou uma encomenda de uniformes para um colégio de Lisboa e rendeu-se ao novo negócio, de onde provêm 50% dos clientes.

"É um nicho de mercado que procura trabalho muito personalizado, não é um mercado tão global como a moda", disse Matilde Vasconcelos. A primeira exportação da Trotinete foi para uma empresa suíça, que vende uniformes para colégios. Depois, passou a fazer uniformes para a hotelaria, restauração e saúde, onde o negócio é diferente e mais difícil porque há mais tamanhos diferentes, enquanto nos colégios "não estamos tão dependentes do tamanho das pessoas". Hoje, utiliza uma plataforma digital para auxiliar o cliente a escolher as medidas.

A Trot & Trotinete tem projeto para se tornar a empresa mais eco-friendly através da criação de um sistema de upcycling. Todo o processo, desde o design à produção, é feito com produtos que possam ser reutilizados no final de vida.

O primeiro grande desafio das empresas é decidir os mercados para os quais se começa a exportar, os riscos e como fazê-lo. Helena Lampreia
Head of International Desk do Santander
Helena Lampreia, Head of International Desk do Santander, sublinhou que hoje a internacionalização interessa a todos os setores e tipos de negócio, mas no Norte a indústria tem um grande peso, e "há uma maior internacionalização". Depois, há particularidades regionais. Deu o exemplo das empresas de moldes de Leiria que se internacionalizam para o México e para o Texas, nos Estados Unidos. Referiu ainda o Brasil, que é um grande desafio. Alertou para o facto de o idioma iludir as dificuldades, porque "nem os produtos, nem os nomes, nem a forma como falamos são idênticos, e os conceitos e a linguagem de negócios são diferentes", asseverou Helena Lampreia.

Os mercados e o seu conhecimento

"O primeiro grande desafio das empresas é decidir os mercados para os quais se começa a exportar, os riscos e como fazê-lo", referiu Helena Lampreia. "O conhecimento do mercado é absolutamente crítico para o sucesso. Não é uma condição suficiente, mas sem esse conhecimento dificilmente terá sucesso", disse Paulo Vaz, vice-presidente executivo da AEP (Associação Empresarial de Portugal), que nasceu há 175 anos como Associação Industrial Portuense.

Conheço muitas empresas que estão contentes com a sua situação, chamo-lhes empresas lifestyle porque garantem o lifestyle do seu dono. Paulo Vaz
Vice-Presidente Executivo da AEP
A AEP tem um programa chamado Business on the Way (BOW), que, desde 1990, leva, sobretudo PME industriais, aos mercados internacionais. O foco do portefólio de ações internacionais, como missões e feiras, está nos mercados mais tradicionais como a Europa, os Estados Unidos e o Canadá, mas também no epicentro dos negócios mundiais, como a Ásia. Abrange ainda "regiões muito mais complicadas, onde organizamos essas feiras, como em África, no Médio Oriente e na América Latina".

Paulo Vaz considerou que a internacionalização e a escala têm muito a ver com as características do empresário e da própria organização. Se Portugal tivesse empresas com maior escala, maiores grupos económicos, teria mais riqueza e ambição, mas "conheço muitas empresas que estão contentes com a sua situação, chamo-lhes empresas lifestyle porque garantem o lifestyle do seu dono".

As categorias do prémio  A 2ª edição do Portugal Inspirador é uma iniciativa do Santander de Portugal e da Medialivre, com o Jornal de Negócios, o Correio da Manhã e a CMTV, e, em parceria com a Informa D&B, a Accenture e a Nova SBE.

Com esta iniciativa procuram-se casos de sucesso empresarial e de referência na gestão do talento, que possam inspiram os outros a fazer mais e melhor no país. Serão atribuídos 21 prémios, em seis?categorias: agricultura, turismo, indústria, tecnologia, internacionalização e sustentabilidade.
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