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Álvaro Beleza: “Não podemos pagar três vezes pela saúde”

Na política desde miúdo, nunca aceitou nenhum lugar político, pois gosta é de se bater por causas. “Pensar o país” é algo que lhe dá “muito gozo” e é por isso que a presidência da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, lhe assenta como uma luva.

13 de Julho de 2023 às 14:00
Álvaro Beleza está há 40 anos em dedicação ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). Pedro Catarino
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Se fosse ele a mandar, "o ‘bolo’ dos fundos do PRR era todo dirigido para a reforma digital" do Estado, a "mãe" de todas as reformas. "Ver, ouvir, falar, analisar, tratar, cuidar, disponibilidade sempre." Esta é a mensagem que se lê num quadro numa das paredes do gabinete de Álvaro Beleza, no Serviço de Sangue do Hospital de Santa Maria, departamento que dirige. São esses os valores que o regem desde que está há 40 anos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), sempre em dedicação exclusiva, como contou em entrevista o também membro do Conselho de Curadores do Portugal Health Summit - uma iniciativa que junta o Negócios, Sábado e a Lusíadas Saúde.

Olhando para trás, houve uma evolução positiva do SNS ou, pelo contrário, está pior?
Eu sou de uma geração privilegiada, aquela que foi trabalhar para o Serviço Nacional de Saúde quando este era ainda um bebé. E como sempre trabalhei em exclusivo e com o coração no SNS, e sou muito apaixonado pelo que faço, penso que o SNS representou um avanço civilizacional extraordinário e talvez seja a maior dádiva do 25 de Abril, que é a de hoje termos todos a garantia de que perante um problema de saúde não precisamos de ter dinheiro ou um seguro para sermos atendidos. No SNS, não fazemos contas. Passados estes 40 anos, penso que melhorou muito a gestão, o sistema, temos melhores hospitais e mais bem distribuídos no país, os cuidados primários estão também agora em todo o país.

Acredito que o país vai ficar todo em ULS, pois as Administrações Regionais de Saúde já não fazem sentido. Penso que este é o caminho certo, que defendo há 10 anos, e que trata de aproximar o topo da base
Recentemente, a OMS alertou para as más condições de trabalho e esgotamento dos profissionais de saúde na Europa. Em Portugal, também há esse quadro de exaustão?
Sim, é verdade, mas este é um sentimento europeu, como refere, e que está relacionado com dois problemas. O primeiro deles foi a pandemia, que trouxe alterações brutais também para todos os que trabalham na saúde, com consequências físicas e psicológicas, e que agora, com a reabertura do sistema, volta a provocar uma enorme pressão, fruto das listas de espera para resolver.
Mas, na minha opinião, o maior desafio dos serviços de saúde é o envelhecimento da população, e o consequente aumento da demanda por cuidados de maior complexidade. Além disso, o envelhecimento tem naturalmente provocado um enorme aumento da despesa em saúde.
Por outro lado, e embora a ciência tenha dado um salto brutal com a pandemia, com o desenvolvimento tecnológico de medicamentos em várias áreas por parte da indústria farmacêutica, do ponto de vista do aumento da despesa é também uma má notícia porque vamos precisar de mais fundos para estar a par. E Portugal, apesar de todos os problemas, está a par. Nós utilizamos os últimos medicamentos e tecnologias.
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