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Álvaro Beleza: A digitalização do Estado

Sem economia não é possível ter uma melhor Saúde

13 de Julho de 2023 às 15:00
Álvaro Beleza membro do conselho de curadores do Portugal Health summit Pedro Catarino
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Qual a grande reforma do Estado por fazer?
Acho que a reforma do Estado é a digitalização do Estado. A digitalização dos processos simplifica, torna mais rápido, mais próximo das pessoas, e sem necessidade de fazer reformas administrativas burocráticas. Se o Estado fizer esta reforma facilita a vida a todos.

Mas esse caminho está a ser feito?
Está. Os Serviços Partilhados do Ministério estão a fazê-lo, pelo menos dentro do Estado, com os fundos do PRR. Mas, a uma velocidade lenta. Se eu fosse primeiro-ministro, essa era a minha tarefa, assim como José Sócrates teve a visão estratégica do choque tecnológico no princípio do século XXI, eu acho que agora o choque digital é essencial. A reforma digital é a chave para melhorar todos os serviços públicos e pôr todos os sistemas informáticos a comunicar e colocar o cidadão no centro. Se eu mandasse, o "bolo" dos fundos do PRR era todo dirigido para essa reforma.

Além de médico, foi membro do Secretariado Nacional do PS e vai no segundo mandato na presidência do Conselho Coordenador da SEDES. O que o levou a aceitar este desafio de ir para uma organização que junta pessoas das mais variadas áreas políticas?
Gosto de fazer política por causa de causas, eu bato-me por causas. Na política, bati-me por eleições primárias, por reformas eleitorais. Está na minha natureza. A minha vida foi sempre a criar coisas, é isso que eu gosto. E no caso da SEDES agradou-me a ideia de esta poder ser um think tank de prestígio, independente, ao centro, com gente da esquerda e da direita, mas moderados, e que ajude a pensar o país. Além disso, acho que o meu trabalho na SEDES é útil para Portugal, quando sabemos que no nosso país existe um excesso de poder político executivo e défice de legislativo e sociedade civil. Por isso, na altura da pandemia eu aceitei o desafio, e aproveitando que todos estavam em casa produzimos um livro, que já referi, "Ambição: duplicar o PIB em 20 anos", com uma visão estratégica, que no fundo é uma base para um programa de governo, para o PS ou PSD, e que permite apontar algumas reformas necessárias nas áreas da gestão, da justiça, da saúde e da educação.

Quais são as principais ideias desse livro?
Existem algumas ideias fundamentais. Primeiro, sem economia não vamos ter melhor saúde, nem melhor educação, não vamos ter nada. Depois, sem justiça não há confiança e, por isso, temos de reformar a justiça, o setor que menos mudou desde o século XIX (em Portugal ser arguido é ainda como ter lepra), sendo a reforma apontada pela SEDES muito inspirada na da Holanda, que é a pátria do liberalismo.

Como olha para o futuro de Portugal?
Olho sempre com o olhar de médico, que faz um diagnóstico e decide a terapêutica. E, como médico, posso dizer que sou otimista. Conseguimos tratar pessoas com problemas de saúde gravíssimos. Falta agora tratar de outros problemas de base como a falta de gente nova (temos demasiados grisalhos no poder) e mulheres na liderança, pois são corajosas, pragmáticas e têm uma outra fibra.

O que falta a Portugal para poder crescer, a nível económico?
Penso que Portugal precisa de ser um país mais aberto para crescer economicamente. São os imigrantes que nos vão ajudar a crescer , a equilibrar a Segurança Social, a conseguir pagar melhor saúde, melhor defesa… Acho que somos muito fechados, somos o país da quinta, do muro - até nos cemitérios, temos muros nos cemitérios para quê, por acaso, os mortos fogem? Temos de mudar o chip, erguer menos muros, e fomentar a partilha, a autoconfiança e a generosidade.
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