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Silicon Valey não é replicável mas Portugal tem potencial

Portugal tem sol e praia. E também um bom custo de vida. Mas as empresas têm dificuldade em descolar depois do nascimento. Há, pois, um caminho para colocar Portugal no radar do empreendedorismo.

19 de Janeiro de 2016 às 13:30
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Silicon Valley será um sistema irreplicável. Portugal não poderá ser a Califórnia da Europa, mas tem condições únicas para conseguir chamar a atenção do ecosistema do empreendedorismo. E aí, dizem os protagonistas deste sector, Portugal tem de entrar no radar internacional. Já há exemplos de que isso pode ser possível e a realização da Web Summit em Portugal em 2016, 2017 e 2018 pode dar o empurrão. Mas "temos de estar permanentemente no radar do empreendedorismo, começamos a ter visibilidade mas temos de continuar a aprofundá-la". Por isso, acrescenta-se, "não conseguimos ser o Silicon Valley". O esforço para demonstrar que "temos condições e competências" tem de ser contínuo. E acresce outra dificuldade. "Temos problemas sérios para fazer crescer as empresas. Somos bons a fazê-las, mas não conseguimos fazê-las crescer", com limitações no acessos aos mercados e ao financiamento da fase de "scaling up" [crescimento].

Mas há características nacionais que posicionam bem o país. Desde logo a qualificação dos recursos humanos (não fosse o problema de haver poucos) e escolas com capacidade de formação. Também tem havido algumas políticas públicas que ajudaram na promoção de investimento estrangeiro, ainda que pudesse falar-se em mais benefícios fiscais para este tipo de investidores.

Além disso Portugal tem um ambiente propício para testar e criar inovações, com os portugueses aptos a receberem novidades em particular as tecnológicas.

E o sol e praia. Parece estranho surgir esta classificação associada ao empreendedorismo, mas isso é explicado na atracção de empreendedores e de recursos de fora de Portugal. "Este tipo de características, bem como o custo de vida, atrai competências". Não é por acaso que muitos dos empreendedores que estão na Start-up Lisbon são estrangeiros. A própria Bloomberg chegou, numa reportagem, a classificar Portugal como o São Francisco da Europa.

Neste "think tank" do Negócios e Banco Popular dedicado à inovação e tecnologias de informação foi apontada outra limitação para o ambiente "empreendedor". Muitos destes empreendedores não têm abordagem de mercado e, por isso, o necessário auxílio de mentores. A mentoria é, aqui, muito importante até para se conseguir criar uma rede de parceiros e colaborativa. Este é um mundo, diz-se, que vive, ainda mais, de parcerias. E por isso se fala do triângulo virtuoso da inovação, ligando sistema científico e tecnológico às empresas. Há várias áreas onde esse triângulo estará mais facilitado: saúde, indústria, tecnologias de produção, ensino.

"Se conseguirmos reunir isso, a probabilidade de sucesso é superior". E se o conceito de Silicon Valley é irreplicável, poderemos, pelo menos, sonhar com alguma coisa parecida. 
O mal dos prazos de pagamento  As empresas deste sector, tal como muitas de outros, queixam-se dos prazos de pagamento em Portugal que não se compadecem com os desembolsos que têm de fazer aos seus próprios fornecedores, na maior parte dos casos multinacionais. "A questão financeira e de financiamento é um óbice", que podia ser atenuada "com boas práticas de pagamento dos clientes". Paga-se mal. E muitos vezes acabam por ser um veículo de financiamento dos clientes. O cumprimento dos prazos de pagamento é, pois, crucial neste, como em outros, negócio. Há leis a estipular os prazos, mas muitas vezes é difícil apurar-se o efectivo prazo de pagamento e mais difícil ainda cobrarem-se os juros, com o risco de se perder um cliente. É, pois, acrescenta-se necessário "uma mudança de mentalidade". E tem de começar pelo Estado que devia dar o exemplo no pagamento aos seus fornecedores, conclui-se no "think tank".
As regras no "think tank" do Negócios/Popular

A regra neste "think tank", promovido pelo Negócios e Banco Portugal, sobre a inovação e tecnologias de informação, que se realizou a 9 de Dezembro do ano passado, foi a de Chatham House. Ou seja, tudo pode ser escrito, mas nada pode ser atribuído par maior liberdade de opinião dos intervenientes. Estiveram presentes: Carlos Álvares, presidente do Banco Popular Portugal, Jorge delgado, presidente da Compta, José Carlos Caldeira, presidente da Agência Nacional de Inovação, Miguel Cruz, presidente do IAPMEI e Nuno Archer, vice-presidente da direcção da ANETIE.

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