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Junto à Estrada Nacional 8, a fábrica da Riberalves é um lugar onde mulheres vestidas de azul e de branco manuseiam caras e lombos de bacalhau e retiram peixes inteiros dos secadores, pequenas grelhas emolduradas de madeira. "Parece que ficou um pouco da tradição de antigamente, em que os homens iam para o mar e elas ficavam em terra, a preparar outro tipo de trabalhos", analisa Ricardo Alves, administrador da Riberalves e filho do fundador, João Alves.
A secagem é a fase intermédia de um longo processo tradicional (a cura, por exemplo, implica uma média de nove meses) que a Riberalves se recusa a passar à frente, uma vez que é ele que garante a qualidade final do produto-rei da marca: o bacalhau demolhado ultracongelado. Primeiro, o peixe dos mares do Norte é escalado, depois salgado, lavado, curado/maturado, seco, demolhado e ultracongelado. No final, cada quilograma de peixe perde 75% do peso. "A cabeça e as vísceras representam logo 50%", especifica Ricardo Alves.
Em 33 anos de actividade, a Riberalves contribuiu para que o bacalhau demolhado e ultracongelado estivesse no prato de 30% dos consumidores portugueses. Mas 70% do público ainda opta pelo bacalhau seco e faz a demolha em casa ou no restaurante. "Ainda temos essa quota para ganhar", sublinha o responsável. Para isso, vão apostar na diversificação do produto e em marketing, pois acreditam que ainda há "algum preconceito em Portugal relativamente ao peixe congelado". Ao mesmo tempo, querem aumentar as exportações. É por isso que o irmão de Ricardo, Bernardo Alves, está por estes dias entre Martinica e Guadalupe, "mercados pouco explorados" mas que têm "um enorme potencial" devido ao consumo enraizado de peixe seco.
Mais armazenamento
Não é, no entanto, aqui em Torres Vedras, mas nos 40 mil metros quadrados de fábrica na Moita, (adquirida em 2003) que acontece grande parte da vida da Riberalves. "Deve ser a maior do mundo na produção de bacalhau". Em 15 anos, passaram de três tanques de demolha para 30 e estão previstos para breve grandes investimentos. "Vamos ter capacidade de armazenar 25 mil paletes, ou seja, 25 mil toneladas, o que significa um aumento de capacidade de 25%", adianta Ricardo Alves.
A capacidade de armazenamento vai tornar possível penetrar outras geografias, mas o movimento também se fará com a apresentação de novas referências de produto, uma estratégia que está na génese da empresa. Como recorda o administrador, "o grande salto no negócio do bacalhau deu-se no ano 2000, com a criação do bacalhau pronto a cozinhar". Hoje, "de um bacalhau, fazem-se 28 cortes diferentes, o que dá origem a 400 referências de venda". Olhando para mercados como o Brasil - o maior consumidor da Riberalves no estrangeiro, ao absorver 25% das exportações -, Inglaterra ou os Estados Unidos, o ritual de comprar um bacalhau inteiro, cortá-lo em pedaços e demolhá-lo durante dois dias é "impensável". E agora é preciso ir ainda mais longe, admite a empresa. Por esse motivo, há menos de um mês, introduziram no canal horeca português uma nova carta: o bacalhau sem espinhas.
Demolhar e exportar mais
Segundo os dados da Informa D&B, em 2016, a Riberalves facturou 144,3 milhões de euros, com o contributo dos seus 417 funcionários. Entretanto, já atingiu 450 trabalhadores, mas a média de facturação anual mantém-se entre os 140 milhões e os 150 milhões, com as exportações a pesarem mais de 20% na balança. "Podíamos estar a crescer mais", admite Ricardo Alves. Mas a situação económica do Brasil não o permite. O segundo mercado, Angola, com 4% das vendas, também já teve bolsos mais largos. Foi, por isso, obrigatório olhar para outros horizontes. "No ano passado começámos com o México e está a correr muito bem. E há muitos outros mercados que estamos a explorar", avança Ricardo Alves.
Portugal mantém-se, ainda assim, o principal consumidor (assume 70% das vendas), pelo que há trabalho a fazer por cá, sobretudo desfazer o "preconceito relativamente aos produtos congelados" e reforçar a presença da marca na memória colectiva. "As pessoas têm de acreditar que o produto é tão bom ou melhor do que o bacalhau seco, porque é essa a realidade", defende Ricardo Alves.
A secagem é a fase intermédia de um longo processo tradicional (a cura, por exemplo, implica uma média de nove meses) que a Riberalves se recusa a passar à frente, uma vez que é ele que garante a qualidade final do produto-rei da marca: o bacalhau demolhado ultracongelado. Primeiro, o peixe dos mares do Norte é escalado, depois salgado, lavado, curado/maturado, seco, demolhado e ultracongelado. No final, cada quilograma de peixe perde 75% do peso. "A cabeça e as vísceras representam logo 50%", especifica Ricardo Alves.
Em 33 anos de actividade, a Riberalves contribuiu para que o bacalhau demolhado e ultracongelado estivesse no prato de 30% dos consumidores portugueses. Mas 70% do público ainda opta pelo bacalhau seco e faz a demolha em casa ou no restaurante. "Ainda temos essa quota para ganhar", sublinha o responsável. Para isso, vão apostar na diversificação do produto e em marketing, pois acreditam que ainda há "algum preconceito em Portugal relativamente ao peixe congelado". Ao mesmo tempo, querem aumentar as exportações. É por isso que o irmão de Ricardo, Bernardo Alves, está por estes dias entre Martinica e Guadalupe, "mercados pouco explorados" mas que têm "um enorme potencial" devido ao consumo enraizado de peixe seco.
Mais armazenamento
Não é, no entanto, aqui em Torres Vedras, mas nos 40 mil metros quadrados de fábrica na Moita, (adquirida em 2003) que acontece grande parte da vida da Riberalves. "Deve ser a maior do mundo na produção de bacalhau". Em 15 anos, passaram de três tanques de demolha para 30 e estão previstos para breve grandes investimentos. "Vamos ter capacidade de armazenar 25 mil paletes, ou seja, 25 mil toneladas, o que significa um aumento de capacidade de 25%", adianta Ricardo Alves.
70%
Vendas
O maior consumidor da Riberalves continua a ser o mercado nacional.
4
Investimento
Investimento em refrigeração e produção até Março foi de 4 milhões.
92%
Segurança
Grande parte (92%) das vendas do grupo são realizadas com seguros de crédito.
A capacidade de armazenamento vai tornar possível penetrar outras geografias, mas o movimento também se fará com a apresentação de novas referências de produto, uma estratégia que está na génese da empresa. Como recorda o administrador, "o grande salto no negócio do bacalhau deu-se no ano 2000, com a criação do bacalhau pronto a cozinhar". Hoje, "de um bacalhau, fazem-se 28 cortes diferentes, o que dá origem a 400 referências de venda". Olhando para mercados como o Brasil - o maior consumidor da Riberalves no estrangeiro, ao absorver 25% das exportações -, Inglaterra ou os Estados Unidos, o ritual de comprar um bacalhau inteiro, cortá-lo em pedaços e demolhá-lo durante dois dias é "impensável". E agora é preciso ir ainda mais longe, admite a empresa. Por esse motivo, há menos de um mês, introduziram no canal horeca português uma nova carta: o bacalhau sem espinhas.
Demolhar e exportar mais
Segundo os dados da Informa D&B, em 2016, a Riberalves facturou 144,3 milhões de euros, com o contributo dos seus 417 funcionários. Entretanto, já atingiu 450 trabalhadores, mas a média de facturação anual mantém-se entre os 140 milhões e os 150 milhões, com as exportações a pesarem mais de 20% na balança. "Podíamos estar a crescer mais", admite Ricardo Alves. Mas a situação económica do Brasil não o permite. O segundo mercado, Angola, com 4% das vendas, também já teve bolsos mais largos. Foi, por isso, obrigatório olhar para outros horizontes. "No ano passado começámos com o México e está a correr muito bem. E há muitos outros mercados que estamos a explorar", avança Ricardo Alves.
Portugal mantém-se, ainda assim, o principal consumidor (assume 70% das vendas), pelo que há trabalho a fazer por cá, sobretudo desfazer o "preconceito relativamente aos produtos congelados" e reforçar a presença da marca na memória colectiva. "As pessoas têm de acreditar que o produto é tão bom ou melhor do que o bacalhau seco, porque é essa a realidade", defende Ricardo Alves.