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Nos anos de 1990, investiram numa solução que garantem ser única na Península Ibérica: nos 4,5 hectares produtivos, o material privilegiado é o betão, em vez da terra. O chão cinzento garante um maior controlo fitossanitário entre as dezenas de espécies que crescem em cubos de turfa. "Normalmente fazem-se corredores de betão, mas, como este, não conheço nenhum viveiro", diz Raul Duarte, fundador da empresa agroalimentar, que se divide entre a marca Viveiros da Silveira e as Hortícolas do Oeste (que comercializa factores de produção, como adubos e sistemas de produção hidropónicos).
André é um dos trabalhadores a circular pelo betão. Pega no telemóvel e, a partir de uma aplicação, coloca o sistema de rega em funcionamento sobre uma linha de hortícolas. Só o sistema de carris computorizado, que permite uma rega uniforme, custou cerca de 300 mil euros e insere-se num conjunto de investimentos superior a três milhões de euros nos últimos cinco anos. "Toda a tecnologia tem influência nos consumos de água e de electricidade e na eficácia de produção", enquadra a filha, Andreia Duarte, que deixou o jornalismo para se dedicar à empresa familiar. E o pai acrescenta: "Dantes precisávamos de 20 pessoas para o trabalho que agora se faz com um computador."
Visão global
Muitas das tecnologias, como os "tectos" automáticos que se regulam conforme o estado do tempo ou o sistema de lavagem a altas temperaturas, vêm de fora, as sementes viajam desde o Japão, Holanda, Israel e França e mais de 30% dos pedidos chegam do exterior, com Espanha à cabeça. A visão global da Viveiros da Silveira existe porque Raul Duarte, nado e criado no Oeste rural, é um curioso e autodidacta. Aprende a olhar para as alfaces, tomates, courgetes e melancias que vão formando as paisagens dos pavilhões ao longo do ano, mas também com o que se faz lá fora, sobretudo na Holanda, exemplo mundial da agricultura. "O meu pai não tem formação na área mas, com a experiência, é convidado por universidades para dar palestras", sublinha, orgulhosa, Andreia Duarte.
A empresa produz cerca de 100 milhões de plantas hortícolas por ano, com a ajuda de quatro linhas de sementeira. Pela maior, "a jóia da casa", passam cerca de 600 caixas por hora, o que corresponde ao início de vida de perto de 90 mil plantas a cada 60 minutos. É assim que a tecnologia tem ajudado a aumentar a produção. Mas além dos objectivos de negócio, Raul Duarte tem outras motivações, como "pôr os alemães a comer couve portuguesa" ou testar uma semente de tomate imune ao vírus TYLCV no seu campo de ensaios.
Como se constroem os verdes anos
A empresa começou, há mais de 35 anos, com a venda de factores de produção, mas a cultura de hortícolas ocupa hoje 30% do negócio.
O campo de ensaios
A Raul Patrocínio Duarte tem testado novos produtos no seu campo de ensaios. As experiências começaram em 2013, com o pimento padrón. "Há três anos e meio começámos também a ter um 'open day' para a fileira agrícola", explica Andreia Duarte. Entre universidades e gestores de grandes superfícies, trata-se de uma montra do que há de novo na agricultura do Oeste. Como diz Raul Duarte, "uma coisa é mostrar o BI da pessoa, outra coisa é mostrar a cara". O cultivo é feito em fibra de coco, num sistema hidropónico, "muito melhor para controlar pragas".
Mais de 30% da produção da Viveiros da Silveira é exportada (Espanha é o maior cliente) e transportada numa frota própria. "Não tem jeito estar aqui meses a tratar-se do bebé e depois, em meia dúzia de dias [no transporte], destruir tudo", explica Raul Duarte.
Evolução
Raul Duarte começou a vender factores de produção, mas o interesse e o negócio da horticultura cresceram. Hoje, a marca Viveiros da Silveira representa cerca de 30% do volume de negócios, calculado em 8 milhões de euros.
(Notícia rectificada no nome da freguesia onde se situa a empresa e retirada a referência à delegação. A empresa tem uma sociedade em Espanha)