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Um cientista e um gestor na busca da cura de uma doença rara

A Lymphact quer comercializar um medicamento para a leucemia linfática. Esta start-up, que começou em Lisboa, tem o escritório em Évora, mas está aberta a negociar uma mudança de geografia em troca do investimento que precisa para testar a terapêutica.

12 de Agosto de 2015 às 10:00
Pedro Elias
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A Lymphact surgiu num acelerador de ideias, juntando um cientista e um gestor. Esta start-up de biotecnologia, que está instalada no Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo (PCTA), quer desenvolver um medicamento para a leucemia linfática crónica. Já registou uma patente e espera ter a terapia disponível em 2020. Está à procura de financiamento internacional para realizar os testes necessários para obter aprovação do regulador.

Tudo começou com uma tese de doutoramento, no Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa. Daniel Correia, orientado por Bruno Silva Santos, descobriu uma terapia para esta doença rara, que afecta cerca de duas mil pessoas na Europa e não tem cura. Juntou-se a Diogo Anjos, que procurava um projecto para gerir, depois de terminar um mestrado direccionado para o empreendedorismo. Fundaram a Lymphact.

Foram para Évora atraídos pelo projecto do PCTA e porque outra empresa do IMM planeava construir lá um laboratório. Mas, estes elementos não evoluíram como esperavam e o laboratório não avançou. "Sentimo-nos um pouco desamparados, não há empresas desta área aqui e o PCTA demorou mais tempo a ser construído do que tínhamos pensado", diz Diogo Anjos.

A Lymphact não podia esperar e avançou com a pesquisa. Testou a terapia em ratinhos, em ensaios que requerem condições de certificação que não há em Évora. "Por isso muito do trabalho experimental foi feito fora da cidade", diz.

Os testes deram evidências de eficácia e de uma toxicidade baixa, conta o presidente executivo, que espera obter aprovação para comercializar o medicamento em 2020. "O mais importante da nossa terapia é que não ataca células saudáveis", diz. "Nós conseguimos ter uma eficácia potencialmente semelhante [a terapêuticas que estão a ser desenvolvidas] mas com menos efeitos secundários graves associados", diz. "Estamos no limiar da ciência".

A patente deste medicamento é o maior activo da Lymphact. A solução registada consiste em retirar glóbulos brancos do doente, transformá-los no medicamento com a tecnologia da Lymphact e reinoculá-los no paciente. Agora, precisam de realizar ensaios clínicos em humanos, para obter aprovação do regulador. Para isso, estão à procura de financiamento internacional. "Não vamos conseguir captar investimento em Évora, nem em Portugal". Por isso, estão disponíveis para negociar uma mudança de geografia.
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