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Como faço chegar o meu produto ao maior número de pessoas ao preço mais baixo? A solução continua a estar nesta prerrogativa do marketing, mas agora num mercado potencial com dois zeros somados (à direita) dos dez milhões de clientes nacionais e ainda mais concorrencial. E numa vertente digital, com ferramentas analíticas e de promoção que permitem, de forma imediata e mais barata, conhecer em detalhe e impactar essa audiência quase personalizada.
"Temos de criar os nossos próprios activos de marca", advertiu o responsável da Google para Portugal, destacando a automatização de processos indispensável pela quantidade de dados que são gerados e a "atribuição" que essas mesmas ferramentas digitais permitem. "Sabemos qual foi a campanha de marketing que gerou as vendas, o que permite, a partir daí, optimizar o investimento e canalizá-lo para os canais que geram maior valor", detalhou Bernardo Correia.
Responsável da Google em Portugal
Durante a conferência Exportar Online, organizada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) para apresentar o novo pacote de apoios dirigidos ao e-commerce, as dezenas de gestores e empresários que acorreram na segunda-feira, 21 de Maio, ao Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões ouviram repetidos alertas para investirem na formação em competências digitais dentro das empresas. Algo que deve ser feita de forma transversal, já que deverão ser exigidas em 90% dos futuros empregos.
Outro "drama", assim apresentado pelo gestor da Google, é a fraca penetração do e-commerce no mercado português (36%) e a fraca qualidade da maioria dos portais de comércio electrónico disponibilizados pelas empresas nacionais. "Temos um problema de oferta. Os sites não são bons o suficiente. E para exportar então… Basta tentar entrar em Espanha e é uma tarefa hercúlea", diagnosticou Bernardo Correia, apontando como excepção nesta quase regra a retalhista online Prozis, com sede em Esposende e especializada em nutrição desportiva.
Entregas decidem compra
A par do marketing digital, a logística é outro elemento decisivo na opção de compra dos novos consumidores digitais, para quem a indisponibilidade de uma forma de entrega pode cancelar uma compra ou um transporte com problemas fará com que uma futura transacção não se repita. Sabia que 68% dos millennials opta por comprar numa página web que tenha mais opções de entrega e que aquelas que oferecem transporte "premium" crescem 60 vezes mais rápido?
Director de marketing e negócio da DHL em Espanha
Rapidez da entrega e elevada qualidade do serviço; seguimento da encomenda, sobretudo se for internacional e proveniente de noutros continentes; entrega flexível em termos horários e do local; transparência e rapidez no desalfandegamento no caso de operações na Ásia ou nos EUA; e devoluções simples. Estes são os factores de êxito elencados por Nuno Martins, director de marketing e negócio da DHL, dramatizando que uma empresa "não pode perder uma venda por não oferecer soluções de transporte adequadas".
Segundo o "IPC Cross-border E-commerce Shopper Survey 2017", os consumidores digitais de produtos com origem em Portugal adquirem sobretudo vestuário e calçado, electrónica de consumo e livros, música e multimédia, comprando-os através da Amazon (30%), do eBay e da Alibaba (8% para ambos), sendo que apenas 31% das transacções foram feitas através dos sites das próprias empresas ou nas plataformas mais pequenas. Paypal e Alipay são os meios de pagamentos mais utilizados, seguidos do cartão de crédito.
No retrato do "e-buyer" de produtos portugueses traçado pelo director de e-commerce dos CTT, nas vendas a consumidores finais destacam-se os artigos que pesam menos de dois quilos e, em termos de valor, a maior fatia está entre os 25 e os 49 euros. Cerca de 70% destas encomendas são entregues pelo operador postal e 16% por outros operadores logísticos, como a DHL ou UPS, com o domicílio a ser ainda o local preferencial para a recepção do produto. Falando em "novos desafios e oportunidades para os operadores de entregas" possibilitados pela transformação digital, Alberto Pimenta contabilizou no último ano um crescimento homólogo de 40% na actividade de e-commerce, com o número de clientes a subir 26% neste segmento de negócio.
Alibaba e eBay disputam negócios portugueses
Por si ou em conjugação com as lojas próprias da marca na Internet, os marketplaces digitais são cada vez mais incontornáveis numa estratégia de comércio electrónico, prometendo às empresas um acesso barato a novas oportunidades de negócio em vários mercados internacionais e a uma montra para a oferta dos seus produtos e serviços, "Com um só investimento podemos encontrar vários mercados de exportação online ao mesmo tempo. Esta era uma oportunidade impossível de pensar há poucos anos e que hoje é real. E não é cara, não estamos a falar de grandes investimentos. Todas as companhias, independentemente do seu tamanho, podem ter uma estratégia digital", resumiu Fernando Aparício, parceiro da Alibaba.