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Governo conta com e-commerce para chegar à meta das exportações

Mais exportações e exportadoras, mercados diversificados e novos canais de acesso aos consumidores são promessas do comércio electrónico, que as autoridades alinham com o objectivo de equivaler as vendas ao exterior a 50% do PIB.

23 de Maio de 2018 às 09:45
O presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, apresentou os novos apoios. Ricardo Castelo
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As autoridades portuguesas querem aumentar a participação das empresas portuguesas no comércio electrónico, que a nível mundial deverá triplicar o valor para quase 800 mil milhões de euros e envolver mais de 900 milhões de consumidores nos próximos quatro anos, de forma a captar uma fatia maior dessa oportunidade de negócio e de contribuir para o cumprimento das metas fixadas para a exportação.

Na sessão de encerramento da conferência Exportar Online, em Matosinhos, o secretário de Estado da Internacionalização apontou que "esta iniciativa procura responder aos objectivos fixados colectivamente" de fazer chegar o peso das exportações a 50% do PIB português em meados da próxima década - no ano passado o valor fixou-se em 43% -, mas também de "alargar o sector exportador e dar novas oportunidades aos que já exportam de diversificar mercados e reduzir os riscos".

Classificando este programa de apoio ao e-commerce como "um marco importante por responder a uma procura do tecido empresarial", Eurico Brilhante Dias aludiu, porém, a um "duplo desafio", já que subsistem "bloqueios de informação e conhecimento" nas empresas portuguesas. "Nos dias de hoje, mesmo sectores que considerávamos muito tradicionais, como o calçado, o têxtil ou o vestuário, têm de procurar no canal online o crescimento das suas exportações, mas também a sustentação do negócio", acrescentou o governante.

Na apresentação do programa Exportar Online, também o presidente da AICEP alertou que "Portugal tem de se afirmar neste jogo dos melhores do mundo como tem feito nas exportações convencionais". O ponto de partida não é famoso - só 39% das empresas portuguesas têm presença online e 27% fazem negócio através da Internet, significando que 60% "ainda continuam no século XX" -, mas o passo tem de ser acelerado, pois "brevemente as fronteiras entre comércio tradicional e electrónico tenderão a esbater-se".

Na abertura da conferência, Luís Castro Henriques referiu que a agência pública que lidera tem de ser "um agente catalisador desta oportunidade" para as empresas, elencando como as maiores vantagens a redução dos custos operacionais e as menores barreiras ao comércio, a par da chegada a novos mercados, a mais e maiores clientes e a plataformas em que as oportunidades estão abertas 24h por dia.

Ora, para impulsionar este objectivo que concorre para a meta geral do reforço das exportações, o Governo prometeu lançar até ao final deste ano, no quadro do Compete 2020, uma nova linha específica para "incentivos financeiros às empresas que queiram progredir na sua integração no comércio digital".

Sem estarem ainda balizados os critérios ou os valores, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, sublinhou que o Executivo quer assegurar que o país se chega ao "pelotão da frente" nesta "nova e enorme oportunidade" para as empresas portuguesas.

saiba mais

Conheça o programa de apoio às vendas online

O novo programa de apoio da AICEP tem quatro eixos principais, que vão da informação até ao financiamento às empresas.

Informação sobre os mercados e as plataformas
O programa vai providenciar informação detalhada às empresas sobre os principais mercados consumidores de um conjunto de produtos e serviços no online, incluindo do ponto de vista regulamentar. Para despertar o interesse e afinar a abordagem, está a realizar vários "roadshows" pelo país, que já passaram por Lisboa, Viseu e Leiria.

Capacitação técnica e na gestão
Dotar as empresas de conhecimento e instrumentos de gestão para enfrentarem este desafio do comércio digital é outra abordagem do programa, mais prática, que prevê formação a trabalhadores e "workshops" sobre temas relevantes, como a escolha do "marketplace" mais adequado ao negócio ou os desafios nos pagamentos e logística.

Consultoria feita à medida
Outro eixo do plano é uma espécie de consultoria técnica e customizada às empresas, com diagnóstico sobre o grau de maturidade, avaliação das capacidades iniciais, desenho dos diferentes passos da internacionalização por via electrónica, acompanhamento da execução dessa estratégia e ainda eventuais ajustes nesse plano.

Guia de incentivos financeiros
Guiar as empresas nas candidaturas aos sistemas de incentivos é o último eixo do programa Exportar Online. Além dos apoios já disponíveis e que são mais conhecidos na sua vertente física, o Governo promete lançar até ao final deste ano, no quadro do Compete 2020, um aviso específico para "incentivos financeiros às empresas que queiram progredir na sua integração no comércio digital".