Outros sites Medialivre
Notícia

As novas respostas para as futuras mudanças

Trata-se de reinventar o conceito de ação social e de intervenção social, “o nosso êxito é quando deixamos de ter os nossos utentes. Toda a ação tem de ser focada para que o utente de hoje deixe de o ser amanhã”, afirmou Patrícia Seromenho.

21 de Abril de 2021 às 14:00
Patrícia Seromenho avisou que a questão da saúde mental vai ser decisiva nos próximos tempos. Rui Gregório
  • Partilhar artigo
  • ...
"Como nos colocamos para dar resposta a uma comunidade que envelhece todos os dias, que não seja apenas a institucionalização e a criação de lares?", interrogou-se Patrícia Seromenho, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira. Mas alertou que esta não é a filosofia nem a estratégia da União Europeia. Esta "pensa em respostas domiciliárias, na comunidade, mantendo as pessoas nas suas casas, e que as estruturas do Estado em conjunto com as IPSS possam encontrar soluções para dar resposta no seu dia a dia", afirmou Patrícia Seromenho.

"É o grande desafio nas várias áreas de intervenção do setor social, que são da infância e da juventude, o envelhecimento, passando pela deficiência e incapacidade, a qualificação e requalificação das pessoas, o apoio das famílias mais fragilizadas nas necessidades do momento dando comida quando têm fome, roupa quando precisam, é o reinventar do conceito de ação social e de intervenção social. Toda a ação tem de ser focada para que o utente de hoje deixe de o ser amanhã", afirmou Patrícia Seromenho.

"No contexto pandémico de covid-19, com todos os seus efeitos, Albufeira, pela sua dependência do turismo, tinha todos os elementos para ser uma tragédia social", destacou Valdemar Saleiro, presidente da Fundação António Silva Leal. "Mas a ação da câmara municipal teve um grande papel sobretudo na capacidade de estarem disponíveis, com as instituições, para responder a estas pequenas questões que são grandes questões na vida de uma pessoa. Criou-se uma rede de suporte nas várias fases, da alimentação aos transportes".

Para o padre Pedro Manuel, presidente do centro paroquial de Paderne, há a necessidade de desenhar novos horizontes. Por um lado, "respostas muito concretas às necessidades que nos aparecem e que hoje são umas, mas amanhã respostas novas serão exigidas pelos efeitos que este tempo tem para a saúde mental de utentes, colaboradores, famílias em contextos laborais, formativos e sociais". Sublinhou que a qualificação e a formação dos colaboradores podem passar por uma parceria com o município.

Novo centro de saúde

"A questão da saúde mental vai ser crucial nos próximos tempos porque as pessoas durante este período ficaram muito isoladas, muito sozinhas, o que vai implicar a contratação de profissionais", afirmou Margarida Feteira, coordenadora da USF-Albufeira. O que foi reforçado por Patrícia Seromenho, "com a pandemia de covid-19 o desemprego aumentou, os problemas de saúde mental, que já estavam identificados, agravaram-se".

Margarida Feteira alertou para a necessidade de "o centro de saúde ter melhores instalações, porque temos um centro de saúde já velho e que necessita de ser remodelado, precisamos de atrair jovens enfermeiros e médicos para o nosso centro de saúde. Como zona de turismo temos de estar preparados para esse afluxo, porque há turistas que ficam doentes".

Por sua vez, Sílvia Cabrita, diretora executiva do agrupamento de centros de saúde do Algarve Central, salientou a criação de uma unidade móvel com o apoio da câmara, "que vai permitir que se chegue a uma população que neste momento terá de se deslocar às nossas extensões, que vai permitir que o centro de saúde se dirija às pessoas, com equipas multidisciplinares, prestando serviços como a saúde mental, a vigilância e a prevenção".

Paulo Morgado salientou que em Albufeira há "53 mil pessoas inscritas nos cuidados de saúde primários, 90% têm cobertura de médico de família e os 10% em falta é uma aposta para os próximo anos".

"É necessário criar e melhorar as redes de suporte social às pessoas em que se incluem as redes de cuidados de saúde, sobretudo nos cuidados de saúde primários, os de maior proximidade", disse Paulo Morgado.

Personalização, proximidade, meios digitais, vão ser as marcas do futuro. "Temos de apostar não só na personalização dos cuidados com serviços focados para as pessoas em termos de proximidade mas também termos a capacidade de tratar problemas à distância, com eficácia, mas isso só se consegue com investimento significativo nestes meios novos da telemedicina, telessaúde e da telemonitorização".

Para a agenda do futuro Saúde mental, respostas domiciliárias, qualificação e formação dos colaboradores, digitalização como a telemedicina e outros meios digitais, redes de suporte social, saúde de proximidade, novo centro de saúde, equipa móvel de saúde, atração de jovens enfermeiros e médicos.
O que foi o Albufeira Summit

"Juntámos mais de 80 profissionais, especialistas em diferentes áreas e disponíveis para nos ajudar a construir o futuro em áreas que vão desde a ação social à transição digital, passando pela educação, a saúde, o desporto", referiu José Carlos Rolo, presidente da câmara municipal. Durante três dias, entre a tarde de 8 de abril e a manhã de 10 de abril, foram debatidos no Auditório Municipal de Albufeira mais de 20 temas com importância para o futuro do concelho e que serão a matriz do seu plano estratégico para 2030.