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A outra face da economia: mar, agricultura e comércio

“A agricultura e o mar são temas bastante ambiciosos num concelho de excelência do turismo nacional, são áreas que podem alavancar a economia com o desenvolvimento de sinergias com o turismo”, referiu Pedro Valadas Monteiro, da Direção Regional de Agricultura e Mar.

21 de Abril de 2021 às 16:00
Além do turismo, existem outros desafios em Albufeira. Rui Gregório
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Joana Fernandes, sócia da Quinta do Canhoto, uma das duas empresas do concelho de enoturismo, cuja adega abriu em 2020, referiu que durante este período pandémico a empresa tem vindo a resistir porque tem venda de "bons vinhos" ao consumidor, lançados em 2017. Esta jovem empresária defende uma produção agrícola sustentável e é de opinião que o selo de qualidade atrai mercados turísticos.

João Bacalhau, sócio-gerente da Horta da Orada, diz que em Albufeira "não adianta produzir em escala". Sublinha que é importante a venda direta, mas que os meios digitais têm permitido uma grande agilidade de venda e por isso tem uma plataforma online. Referiu o futuro da uma agricultura regenerativa, com aproveitamento de restos de "verdes" para cobertura de solos, na medida em que minimiza o custo de água.

Luís Silva, gerente da Quinta do Mel, que existe há cinco gerações, funciona em vários setores de atividade desde a agricultura, agropecuária, silvicultura, transformação de hortícolas em compotas, até duas unidades de turismo em espaço rural com lojas e restauração. Produz em modo biológico há mais de 30 anos e considera que o grande desafio é a sustentabilidade ambiental. A sua empresa "foge" à agricultura de escala e à monocultura.

Para Miguel Reis, presidente da APPA - Associação Profissional de Pescadores Amadores, a "regeneração do mar" é a ideia de futuro. Acrescenta: "A tendência é pescar cada vez menos no mar, e sob a ótica de uma pesca sustentável para que os stocks de peixe não acabem. Para o efeito, vamos ter uma área marítima protegida na baía entre Armação de Pera e Galé, que será uma área de criação de peixe. Há várias contrapartidas, como ter pescado certificado, uma pesca sustentável e isso vai-se refletir no valor do produto final."

Lojas de rua e habitação

Paulo Alentejano, presidente da ACRAL, frisou que "a incerteza continua a ser enorme" e lembrou que 96% das empresas em Albufeira neste setor têm menos de 10 funcionários, o que causa bastante apreensão, até porque das 77 mil empresas existentes na região, 70% referem-se ao setor de comércio e serviços. Sublinhou que "a crise económica não pode esperar pela resolução da crise pandémica". Referiu ainda que o confinamento e o teletrabalho estão a permitir o renascimento da loja de rua e que isso "deve constituir um desafio de futuro".

Helena Dias frisou que o estacionamento automóvel da cidade deveria ser na proporção do consumo no comércio e restauração locais e que "é necessário criar âncoras no centro de Albufeira que atraiam as pessoas". "Precisamos da alma das tradições, não há diversidade sem diferença e ela é dada pelas marcas próprias da cultura local".

Sara Carvela lembrou que a falta de habitação é um problema a resolver para que não seja o fator "alojamento" que condicione a permanência de trabalhadores em Albufeira, e que "é preciso repensar a noite no sentido da qualidade, pois a noite é importante e precisamos de planeamento para o futuro, mas também de boa sorte".

Para a agenda do futuro Agricultura biológica, sustentável e de proximidade, discriminação positiva pelo município de produtos agrícolas locais, pesca sustentável, regeneração do mar e do território, digitalização e agricultura 4.0, modernização da frota de pesca.

Formação de colaboradores e empresários do comércio e serviços, competências digitais, reestruturação e reinvenção do comércio de rua, âncoras de atração no centro da cidade, políticas de habitação, revitalização das tradições e cultura local e repensar a noite.