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As forças da capital do turismo

“A diversificação económica tem de ser feita, mas não podemos esquecer de que a galinha dos ovos de ouro que nos tirou da última crise nos vai tirar desta crise”, salientou João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve.

21 de Abril de 2021 às 15:30
João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, sublinhou que Albufeira representa 40,4% da oferta neste setor. Rui Gregório
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Albufeira teve em 2019 1,75 milhões de hóspedes e o Algarve 5,06 milhões, representava 8,5 milhões das 20,9 milhões de dormidas da região algarvia, e, dos 909 milhões de euros de proveitos do Algarve, Albufeira tinha uma fatia de mais de 315 milhões. "Albufeira tem menos peso nos proveitos do que nos hóspedes e dormidas, portanto, tem margem para criar mais valor por dormida", sublinhou João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve. Albufeira representa 40,4% da oferta e nos últimos anos cresceu 17% em termos de oferta. Em termos de alojamento local representa 22,5%, a maior da região.

João Fernandes considera que, em matéria de produto, a oferta de sol e mar, golfe e turismo residencial se encontram-se consolidados, estando em desenvolvimento o turismo náutico (que já está classificado com 5 âncoras), turismo de natureza e de negócios, a par das ofertas complementares da gastronomia e vinhos, touring, turismo e saúde, bem como os segmentos de turismo de cruzeiro, desportivo, turismo acessível e sénior e autocaravanismo.

Ricardo Clemente, por sua vez, afirmou que há um excelente produto, mas que "estamos a vendê-lo mal", temos de valorizar o produto, quer em termos de preço quer da qualidade dos serviços prestados, justificou.

Albufeira vale mais do que Algarve

"Em certos mercados o nome Albufeira é mais reconhecido que a marca Algarve e podemos aproveitar esta fase para fazer a requalificação", sublinhou Cristóvão Lopes, delegado da ARHESP e hoteleiro. Defendeu que preservar as pessoas, os negócios e o know-how é vital porque sem estes não há retoma "e já tínhamos problemas para captar talento".

Como é que se pode combater a sazonalidade e atrair turistas e visitantes se as praias estão fechadas seis meses por ano tal como os parques aquáticos encerram alguns meses, a Baixa de Albufeira é deprimente e está fechada, interrogou-se Carlos Oliveira, diretor-geral da Vagatur, que apontou a necessidade de criar em Albufeira centros de desporto de alto rendimento ao ar livre, valorizar o núcleo histórico e requalificar a avenida Sá Carneiro.

Sublinhou as oportunidades do turismo dos reformados ativos que querem ter uma vida ativa e para os quais "temos de ter estruturas para caminhadas, observação de pássaros, ciclovias, praias e cultura". Avisou que este turismo de época baixa requer outras ofertas e que há hotéis de 4 estrelas que não têm um ginásio, um spa, uma sala de reuniões.

Por sua vez, José Garcia Leandro, do hotel Alísios, disse que, "ao lado desta pandemia, estava a crescer uma outra que era o "tudo incluído" que é um conceito das Caraíbas por causa da segurança, mas no Algarve é um eucalipto que mata tudo à volta, porque assim deixa de funcionar a restauração, o rent-a-car, a animação turística". Para este hoteleiro só a resiliência não chega, é necessário um entendimento que dê identidade a Albufeira, a capital do turismo, para que seja mais bem promovida e para que se possa criar mais valor.

Para a agenda do futuro Digitalização, sustentabilidade, escola de hotelaria, valorização do produto para acrescentar valor, mais eventos, feiras e exposições, mais oferta de eventos, comercial e hoteleira na época baixa, requalificação do produto turístico como serviço, a qualidade dos espaços, o espaço urbano, valorização do núcleo histórico, criação de normas de conduta no espaço público, mais promoção digital, formação de colaboradores e empresários, aposta no turismo criativo, turismo de natureza, desportivo, saúde, residencial. 
Animação turística
Como vender o inverno

Élio Vicente, da ANIMA, referiu o enorme potencial da animação turística na economia e no turismo da região, com um impacto na economia de 20%, só ultrapassado por Lisboa com 35%, o que representa cerca de 70 a 80 milhões de euros gerados em atividades de animação turística com destaque para os parques aquáticos e marítimo-turísticas.

"Nos últimos 15 anos, Albufeira tem marcado a agenda da animação da região e do País com eventos-âncora como a passagem de ano, sendo o mais conhecido logo a seguir à Madeira", afirmou Carla Ponte.

"Albufeira é um destino de sol e praia e reconhecido pela sua animação noturna, mas temos de conjugar de forma eficaz os vários nichos de mercado como a gastronomia e vinhos, saber bem receber, mar, clima, luz, identidade cultural e o turismo de natureza, que em apenas dois anos trouxe cerca de 110 mil visitantes aos percursos pedestres, apostar no turismo criativo e no desenvolvimento de estratégias de captação de novos turistas, reposicionar o destino e melhorar a imagem e envolver a comunidade local no processo", afirmou Carla Ponte.

Nuno Palma diz que "vender o inverno significa repensar a oferta. A vida noturna é fundamental nos destinos de sol e mar."