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Como dar luz a uma cidade à distância?

A energia na exposição universal de Milão foi gerida através de uma rede inteligente que permitiu reduzir custos e consumos. Esta "smartgrid" deu energia aos 21 milhões de visitantes da Expo.

18 de Novembro de 2015 às 09:21
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Basta carregar no botão errado para uma cidade com 100 mil habitantes ficar completamente às escuras. O equivalente a desligar todas as luzes e aparelhos electrónicos de Viseu.

É a partir da sala de controlo da rede de energia inteligente ("smartgrid") da Expo de Milão que é possível controlar a energia da exposição mundial. Nesta sala, os vários ecrãs permitem controlar toda a iluminação, aparelhos electrónicos, aquecimento, ar condicionado de todas as infra-estruturas da Expo de Milão, incluindo os pontos de carregamento dos veículos eléctricos usados pela organização. Tudo isto a dez quilómetros de distância da mostra.

"A partir daqui, podemos ver em tempo real medidas como a iluminação ou a temperatura de qualquer pavilhão", explica ao Negócios Matteo Murgida, arquitecto de "software" da Siemens. "Posso ligar ou desligar uma sala, um pavilhão ou a exposição inteira, se quiser".

Este programa foi desenvolvido pela Siemens e foi usado pela primeira vez na Expo de Milão, numa parceria com a energética italiana Enel. A experiência decorreu com sucesso e companhias de vários países europeus já se mostraram interessadas em adquirir o programa para gerirem as suas redes.

Uma das grandes vantagens do uso deste software é a poupança alcançada. Só o aumento da percepção de energia permite reduzir o "consumo energético em, pelo menos, 11%", diz Matteo Murgida. No futuro, gerir uma rede eléctrica desta dimensão será tão simples como utilizar o Facebook ou o Spotify. Trocado por miúdos, a Siemens agarrou nos protocolos de diferentes sistemas, descodificou-os e traduziu-os para a mesma linguagem.

As portas desta feira fecharam-se em Outubro. As luzes desligaram-se também depois da electricidade ter chegado sem interrupções aos 21 milhões de visitantes que por aqui passaram ao longo de seis meses. O segredo manteve-se para a maioria: toda a energia era controlada à distância.

André Cabrita-Mendes
O jornalista viajou para Milão a convite da Siemens

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