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Como Estocolmo está a reduzir as emissões poluentes

Jonas Ericson foi a Cascais explicar como é que a capital e maior cidade sueca, que conta com 900 mil habitantes, começou a implementar um ambicioso programa de redução de emissões poluentes. A introdução de portagens nas entradas da cidade foi um dos factores decisivos.

André Cabrita-Mendes andremendes@negocios.pt 12 de Abril de 2017 às 11:21
Inês Lourenço
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Quem é Jonas Ericson?

Jonas Ericson é um dos responsáveis pela luta da cidade de Estocolmo contra a poluição. Licenciado em Biologia e Geografia Natural pela Universidade de Estcolmo, Jonas Ericson conta com uma carreira de trinta anos no serviço público sueco. Começou por ser responsável ambiental na cidade de Malmö. Mais tarde, foi conselheiro do ministério do Ambiente  e também da agência ambiental sueca e integrou também a Associação Sueca de Bioenergia.   Desde 2001 que coordena o plano de veículos de baixas emissões na capital sueca.


Cobrança de taxa
Um dos primeiros passos dados para reduzir a poluição em Estocolmo foi a criação de uma taxa do trânsito ("congestion tax"), sendo necessário pagar 1,5 euros por dia para entrar na cidade. Quando a taxa foi introduzida em 2007, o número de carros a entrarem diariamente na capital sueca caiu em 20%. Num dia normal de trabalho, cerca de 50% a 60% das pessoas deslocam-se de transporte público, com cerca de 20% das pessoas a deslocarem-se de bicicleta e 20% a irem de carro.

Contratos públicos
Outra medida essencial para reduzir as emissões foi a imposição às empresas de carros amigos do ambiente nas suas frotas. A autarquia de Estocolmo criou uma regra junto dos seus fornecedores para promover o uso de carros eléctricos, biodiesel e biogás. As empresas que quiserem ter um contrato de fornecimento com a autarquia têm de ter, pelo menos, um carro movido a biodiesel na sua frota. No contrato seguinte, a empresa têm de ter mais carros amigos do ambiente. Desta forma, começaram a crescer o número de táxis na cidade movidos a biogás, ou os carros de correios e entregas movidos a electricidade ou a biodiesel.

Maior eficiência energética
A cidade também está a apostar em edifícios mais eficientes energicamente. Por isso, os edifícios que foram alvo de restauração no bairro de Arsta, construído na década de 70, têm um consumo energético 60% mais baixo. Já os sistemas de aquecimento central são utilizados para aquecer a água consumida em casa, sem provocar um disparo do consumo de energia. Também a gestão de resíduos está a ser alvo de melhorias, estando a ser implementado um sistema em que o lixo colocado no caixote na rua cai para um depósito subterrâneo e depois é transportado automaticamente debaixo de terra através de um tapete para um centro de recolha.


20%
Portagem
A cobrança de uma taxa levou a uma redução de 20% na entrada de carros na cidade.


Transportes menos poluentes
A autarquia sueca também está atenta ao transporte colectivo. O biogás é uma das apostas da autarquia, que produz este combustível, a partir do tratamento de esgotos e do lixo orgânico, em quantidade suficiente para abastecer toda a sua frota destes veículos, como os camiões de recolha de lixo. A frota de autocarros dos transportes públicos da cidade é 100% renovável, usando biogás, etanol e biodiesel.

Centro de logística
Um dos problemas com que a autarquia da capital sueca se deparou foi o enorme tráfego de camiões pesados que transportam mercadorias para as obras de construção civil na cidade. Em média, existe uma entrega a cada 30 segundos, com cada camião a transportar 1,5 toneladas de mercadoria, num total de 700 toneladas por dia. Para evitar este trânsito de pesados pela cidade, e para diminuir os atrasos, a autarquia sueca criou um centro de logística onde os fornecedores descarregam o material para as empresas de construção civil irem-se abastecer. Resultado? Menos 30% a 40% de camiões nas obras, menos acidentes, menos trânsito na cidade e menos atrasos nas entregas.


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