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Powell antecipa que será "apropriado" cortar juros nos EUA "algures este ano"

O presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos discursa esta quarta-feira perante o Congresso norte-americano, numa altura em que o mercado antecipa que o primeiro corte de juros aconteça em junho.

Jerome Powell está entre os membros do FOMC que sinalizaram não esperar mudanças em dezembro.
Elizabeth Frantz/Reuters
A Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos não vai cortar juros até estar "confiante" que a inflação está a regressar à meta de 2%, mas deverá ser "apropriado" recuar ainda este ano, segundo explicou o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, que está esta tarde na audição semi-anual de política monetária perante o Congresso norte-americano.

"Acreditamos que é provável que a nossa política de taxas esteja no pico deste ciclo de aperto monetário. Se a economia evoluir de forma alargada como esperado, é provável que seja apropriado começar a recuar na restrição algures este ano", pode ler-se no discurso de abertura, disponibilizado por escrito no site da Fed.

Após um ciclo de subidas que dura desde 2022, o Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) tem vindo nos últimos encontros de política monetária a manter o intervalo de taxas de juro inalterados entre 5,25% e 5,5%. Está assim desde julho, enquanto o balanço do banco central tem vindo a ser reduzido a um ritmo que Powell descreve como "rápido", mas "previsível".

O líder da autoridade monetária defende, perante os congressistas, que esta estratégia "está a exercer pressão para baixar a atividade económica e a inflação". Apesar disso, o produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 3,1% no ano passado, enquanto o índice de preços no consumidor homólogo subiu 2,4% em janeiro (excluindo os preços dos bens alimentares e energéticos, o aumento foi de 2,8%).
Reduzir a restrição política demasiado cedo ou demasiado tarde pode resultar numa reversão dos progressos que temos observado na inflação e, em última análise, obrigar a ainda mais aperto monetário. Jerome Powell
PRESIDENTE DA FED
Na semana passada, a queda nos gastos na indústria e no setor da construção nos Estados Unidos, bem como um enfraquecimento das despesas do consumo privado (PCE) – o indicador favorito do banco central para avaliar a inflação - levou a um ajustamento das expectativas do mercado para os próximos passos da Fed.

Com os dados económicos a darem conta de um arrefecimento da economia-norte americana, cerca de 75% dos "traders" estão convictos de que o primeiro corte dos juros de referência acontecerá no encontro de política monetária da Fed de junho (sendo que no final do ano passado chegou a ser visto como quase certo que aconteceria no primeiro trimestre). Mas a autoridade monetária não se tem comprometido com datas e voltou agora a fazê-lo.

"O 'outlook' económico é incerto e o progresso em curso no sentido do nosso objetivo de inflação nos 2% não está assegurado", avisou Powell. "Reduzir a restrição política demasiado cedo ou demasiado tarde pode resultar numa reversão dos progressos que temos observado na inflação e, em última análise, obrigar a ainda mais aperto monetário para trazer a inflação de volta a 2%. Simultaneamente, reduzir cedo de mais ou muito pouco pode enfraquecer excessivamente a atividade económica e o emprego".

O comité, que se reune da próxima vez nos dias 19 e 20 de março, irá avaliar "cuidadosamente" os dados que vai recebendo, a evolução do "outlook" e o equilíbrio de riscos para ajustar as taxas de juro, segundo o presidente da Fed. "O comité não espera que seja apropriado reduzir a taxa dos fundos federais até que tenha maior confiança que a inflação está a mover-se de forma sustentada no sentido dos 2%", concluiu.

(Notícia atualizada às 14:50)

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