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Juros da dívida acentuam ganhos nas maturidades mais longas

Os juros da dívida portuguesa acentuaram os ganhos registados no início da manhã. Apenas nos prazos a dois e a três anos, as yields seguem em queda.

Miguel Baltazar/Negócios
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Os juros da dívida portuguesa iniciaram o dia em alta ligeira, quebrando um ciclo de quatro sessões em queda, e seguem agora a acentuar a tendência de subida nos prazos mais longos.

 

A yield da dívida pública portuguesa a 10 anos avança 8,4 pontos base para os 6,478% e a cinco anos ganha 11,6 pontos base para os 5,328%.

 

Estes ganhos ocorrem após o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ter abandonado o Governo, tendo sido substituído por Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro. Na dívida italiana e espanhola a tendência é de alivio ligeiro das "yields".    

 

Na sessão de segunda-feira, e antes de ser conhecida a notícia de que Gaspar tinha apresentado a sua carta de demissão, as “yields” da dívida pública portuguesa estavam em queda em todos os prazos.

 

Os juros exigidos para comprar obrigações portuguesas atingiram o mínimo da sessão minutos antes das 16h00 (hora em que a TSF noticiou a saída de Gaspar), começando depois a subir e a aproximarem-se do máximo do dia. Ainda assim, às 17h00, as taxas aliviavam em todos os prazos, recuando pela quarta sessão consecutiva, depois dos máximos de Abril a que chegaram no início da semana passada, em reacção à mudança de política monetária pela Reserva Federal.

 

Saída de Gaspar é “ruído que em nada vem ajudar”

 

Especialistas ouvidos esta segunda-feira pelo Negócios mostraram-se confiantes de que a saída de Vítor Gaspar não implicará uma mudança de política mas dizem que notícias destas “nada vêm ajudar” no processo de regresso aos mercados.

 

“A substituição de Vítor Gaspar por Maria Luís Albuquerque não é, na minha opinião, algo que venha mudar as ‘regras do jogo’", diz David Schnautz, estratego em dívida pública do Commerzbank, em Nova Iorque. "O risco de uma abordagem diferente por parte dos líderes políticos, em relação ao programa da troika, parece-me muito limitado", acrescenta. No entanto, "tudo isto acaba por ser ruído que em nada vem ajudar".

 

Já o economista português do BNP Paribas Ricardo Santos afirmou esta segunda-feira à agência Lusa que a saída de Gaspar é negativa para o sentimento do mercado face a Portugal e pode dificultar o regresso pleno aos mercados de dívida.

 

"[Este evento nesta altura] não é positivo para o sentimento do mercado face a Portugal e qualquer aumento de incerteza política conjugada com uma envolvente externa mais incerta pode dificultar o regresso pleno ao mercado", afirmou à Lusa o economista do banco francês.

 

Para Ricardo Santos, a decisão de Vítor Gaspar de deixar a pasta das Finanças não ocorre na melhor altura já que acontece no início da preparação do Orçamento do Estado para 2014 e a menos de 15 dias do início da oitava revisão do Programa de Assistência Económica e Financeira pela troika, que acabou uma missão intercalar ainda na semana passada.

 

Para além destes eventos, o economista lembra que a demissão já acontece "numa fase de maior volatilidade no mercado que tem levado a uma subida das 'yields' portuguesas".

 

Ainda assim, este factor negativo pode ser pelo menos parcialmente compensado pelo facto do agora ex-governante ser substituído por alguém da sua equipa - a até agora secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque - e que "manterá a mesma relação com a troika e com os mercados".

 

"Esta substituição poderá ser apresentada externamente como sendo de 'continuidade'", considera ainda o Ricardo Santos.

 

O banco assume já que Portugal vai precisar de um programa cautelar quando sair do actual programa de ajustamento, no final da primeira metade de 2014.

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