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Inflação, travão económico e "aumento abrupto" de juros agravam riscos financeiros

O Banco de Portugal aponta que há um agravamento dos riscos para a estabilidade financeira. A resiliência do setor financeiro contribuirá, contudo, para a preservação da estabilidade financeira, segundo o supervisor.

O Banco de Portugal continua a reforçar as compras de dívida pública, ao abrigo dos dois programas do BCE que estavam em vigor no final de 2021.
João Santos
23 de Novembro de 2022 às 12:00
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O Banco de Portugal vê maiores riscos para o sistema financeiro português face à conjugação entre desaceleração da economia, escalada da inflação e aumento "abrupto" das taxas de juro na Zona Euro. O alerta é feito no relatório de estabilidade financeira divulgado esta quarta-feira pelo supervisor.

"A conjuntura económica é caraterizada por inflação elevada e mais persistente, aumento abrupto das taxas de juro e deterioração das perspetivas para a atividade económica. Estes fatores interagem com vulnerabilidades pré-existentes, não obstante o ajustamento financeiro das famílias, das empresas e das administrações públicas no período pós-crise de dívida soberana", refere.

Estes desenvolvimentos ocorrem num quadro em que os setores residentes ainda mantêm algumas vulnerabilidades relevantes como os níveis de dívida, a sensibilidade do serviço de dívida à subida das taxas de juro oficiais e, no caso do setor bancário, a exposição a determinadas classes de ativos, como seja a títulos de dívida a taxa fixa, designadamente de dívida soberana, e a ativos imobiliários, com destaque para o imobiliário residencial.

Assim, o supervisor liderado por Mário Centeno explica que os "riscos para a estabilidade financeira aumentaram", mas também que "a resiliência do setor financeiro contribuirá para a preservação da estabilidade financeira".

O Banco de Portugal identifica seis principais riscos, começando pela "reavaliação adicional" de prémios de risco. Não obstante as correções observadas, os mercados financeiros internacionais "permanecem vulneráveis", designadamente à medida que os bancos centrais prosseguem o processo de normalização da política monetária.

O segundo risco prende-se com a trajetória de redução da dívida pública, que pode ser "desafiada" pelo aumento das despesas com juros e pelo abrandamento real e nominal da economia, avisa o supervisor liderado por Mário Centeno.

A desaceleração económica e a subida da inflação, conjugadas com aumentos adicionais das taxas de juro de mercado, poderão também deteriorar a situação financeira dos particulares, em especial entre os já mais vulneráveis e num contexto de taxa de poupança reduzida, aumentando o risco de incumprimento.

O risco do crédito da banca a empresas mais afetadas pela pandemia e escalada dos preços de energia e matérias-primas, bem como de redução dos preços no mercado imobiliário residencial são também identificados.

Por último, "uma inflação elevada e persistente, um aumento abrupto das taxas de juro e um abrandamento forte da atividade económica são os principais fatores de risco para o setor bancário, via risco de crédito e risco de mercado", acrescenta o Banco de Portugal.

(Notícia atualizada às 12:30)
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