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S&P sobe "rating" do BCP para segundo nível de lixo

A agência de notação financeira elevou o "rating" do banco liderado por Miguel Maya em um nível. Em Dezembro, a perspectiva já tinha sido melhorada e denunciava uma possível subida da notação.

Vítor Mota
Diogo Cavaleiro diogocavaleiro@negocios.pt 09 de Outubro de 2018 às 16:49
A Standard & Poor's (S&P) subiu o "rating" do BCP em um nível, de BB- para BB, situando-se agora no segundo nível de "lixo", ou seja, os títulos de dívida por si emitidos continuam a ser considerados especulativos. Já a perspectiva passou de "positiva" para "estável". 
 

Embora haja uma subida, o "rating" continua a sublinhar que o BCP tem "características especulativas significativas". Mesmo assim, está no nível em que essas características são menos expressivas. É o segundo degrau de "lixo". Esta é a classificação para o "emitente", mas são várias as classificações de risco que sofreram alterações, como o banco indicou em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). 

"A S&P Global Ratings melhorou a notação de rating de emitente de longo prazo do BCP de BB- para BB e reafirmou o rating de contraparte de curto prazo em B. O 'outlook' é agora estável. O 'Stand Alone Credit Profile' (rating intrínseco) foi também melhorado de bb- para bb. O 'rating' de contraparte de resolução foi melhorado de BB+/B para BBB-/A-3", conta o banco, acrescentando que a agência americana "reconhece os progressos do BCP na redução do stock de NPEs e na recuperação da rendibilidade em Portugal".

Malparado desce mas ainda ficará acima dos pares

O rácio de activos não produtivos do BCP (crédito malparado e imóveis) deverá chegar ao final de 2019 em 10%, um valor que ainda assim é elevado, na óptica da agência americana, ficando distante ainda dos pares europeus. Daí que não haja espaço para uma perspectiva positiva para o seu novo "rating".

 

Em relação ao novo plano estratégico, a S&P considera que vai manter muitas das linhas do anterior projecto, e que o desempenho do grupo vai continuar a ser suportado pela Polónia, pelo que faz sentido a perspectiva "estável". 

 

Uma subida do "rating" pode, contudo, acontecer, se houver uma redução mais significativa do rácio de malparado do que a esperada, reduzindo a distância face aos outros bancos. Mas uma descida também pode acontecer "se a capitalização do banco enfraquecer consideravelmente ou se entrar em aquisições que afectem significativamente o seu perfil financeiro".

Já havia aviso de subida

A S&P já tinha indicado em Dezembro que, nos 12 a 18 meses seguintes, poderia vir a subir em alta a sua notação financeira, mencionando o "ambiente macroeconómico mais benigno em Portugal", o que ajudaria à redução dos activos de má qualidade, como imobiliário e o crédito malparado. A alteração acabou por acontecer ao fim de 10 meses. 

 

Pelo meio, Portugal também beneficiou de uma melhoria da perspectiva sobre a classificação da dívida portuguesa, que passou, em Setembro, de "estável" para "positiva". Ainda assim, o "rating" está em "BBB-", um nível acima de "lixo".

 

Os "ratings" são determinantes para os custos de financiamentos das empresas, já que são um dos pontos de avaliação de potenciais investidores interessados em adquirir os seus títulos de dívida.

BPI e Totta mantêm "ratings" acima de "lixo"

A melhoria do "rating" do BCP está incluída numa análise mais alargada ao sector da banca portuguesa. A agência acredita que "os bancos portugueses estão a fazer progresso na sua reviravolta, apresentando resultados na actividade doméstica positivos depois de seis anos de perdas". "Esperamos que esta tendência continue", deixa claro. Em causa está sobretudo a redução dos activos não produtivos.

 

Além disso, como o Novo Banco está em mãos privadas (75% na Lone Star), a sua reestruturação "vai ser acelerada e vai gradualmente voltar ao normal", o que é positivo, diz a S&P, para todo o sector. Isto apesar da nova possível injecção no Novo Banco, como refere a agência. O relatório e contas do primeiro semestre do banco aponta para a necessidade de 726 milhões em 2019, mas o valor final só fica fechado em Abril do próximo ano.

 

Nesta análise global, além da subida da classificação do BCP, houve confirmações dos "ratings" da S&P das restantes entidades bancárias. O Santander Totta e o BCP continuam com os seus "BBB-" na dívida de longo prazo, o último nível antes de serem classificados como "lixo", mas com as perspectivas "positivas".

 

O Haitong Bank continua a ter um "rating" "BB-", ou seja, incluído no "lixo", na dívida de longo prazo, com a perspectiva "estável".


(Notícia actualizada com mais informações às 17:34)
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