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Portugal emite dívida com a taxa mais negativa de sempre

O IGCP colocou 1.750 milhões de euros em títulos de dívida a 6 e 12 meses, tendo em ambos os leilões conseguido uma taxa de juro negativa.Taxas para emitir dívida nestas maturidades nunca foram tão baixas.

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Portugal emitiu 1.400 milhões de euros em bilhetes do tesouro com maturidade de 12 meses, com uma rendibilidade implícita de -0,047%, o que compara com uma taxa positiva no leilão anterior. Na emissão de divida de prazo mais curto (6 meses), colocou 350 milhões de euros, também com uma taxa negativa (-0,091%). Foram as taxas mais baixas de sempre para colocar dívida nestas maturidades.

 

O IGCP pretendia financiar-se entre 1.250 e 1.500 milhões de euros, tendo optado por angariar mais dinheiro neste duplo leilão, com o encaixe total a ascender a 1.750 milhões de euros. Filipe Silva destaca pela positiva a capacidade do Tesouro ter emitido mais que o previsto e assinala os juros negativos. Mas relativiza, por se tratar de uma operação de financiamento de curto prazo.

 

O director da gestão de activos do Banco Carregosa refere, numa nota enviada às redacções, que "o país conseguir-se financiar em 1.750 milhões de euros a taxa negativa é muito positivo para o Estado, mas trata-se de dívida de curto prazo, o que lhe retira grande significado". Explica que "a taxa das dívidas soberanas a 10 anos, por toda a Europa, teve um certo alívio e isso acabou por influenciar a emissão de hoje". 

 

O instituto liderado por Cristina Casalinho aproveitou assim as condições favoráveis do mercado para aumentar o encaixe, já que as taxas de juro exigidas pelos investidores para comprar dívida portuguesa de curto prazo foram as mais baixas de sempre.

 

No leilão de dívida de 12 meses apenas por duas vezes o IGCP tinha conseguido uma taxa negativa. De acordo com a base de dados da Bloomberg, foi em Novembro de 2015 (-0,006%) e em Setembro do ano passado (-0,014%). A taxa conseguida no leilão de hoje compara com a "yield" de 0,005% em Novembro e de 0,006% em Outubro passado. A procura superou a oferta em 1,56 vezes, o que compara com o rácio de 1,911 no último leilão de títulos com a mesma maturidade.

 

Portugal beneficiou das condições mais favoráveis do mercado, pois apesar do agravamento das "yields" da dívida de longo prazo nas últimas semanas, nos prazos mais curtos os juros têm descido para mínimos históricos. 

 

No leilão de títulos a seis meses o juro também foi o mais baixo de sempre. O IGCP colocou apenas 350 milhões de euros com uma "yield" de -0,091%, bem mais baixa do que o registado no último leilão de Novembro (-0,027%).

 

Nos leilões de bilhetes do Tesouro a seis meses já tem sido habitual a taxa de juro negativa. A estreia com "yields" negativas aconteceu a Maio de 2015 (-0,002%) e desde então por mais cinco vezes a taxa também foi negativa. A procura no leilão de hoje foi bastante forte, superando a oferta em 3,53 vezes.

 

Apesar desta emissão, no plano de financiamento para este ano, o IGCP previa que "o financiamento líquido resultante da emissão de Bilhetes do Tesouro resultará num impacto nulo". O principal instrumento de financiamento são as Obrigações do Tesouro (OT), que deverão captar entre 14 mil milhões e 16 mil milhões de euros em 2017. Na semana passada, o Estado lançou uma nova OT a dez anos que permitiu um financiamento de 3.000 milhões de euros, mas com os juros a superarem os 4,2%. 



(Notícia actualizada às 11:21 com mais informação)

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