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Portugal paga mais para emitir dívida a 10 anos
O IGCP colocou 970 milhões de euros em obrigações a 10 anos e desta vez os juros não foram os mais baixos de sempre. A taxa agravou-se ligeiramente e a procura foi reduzida.
Portugal colocou hoje 970 milhões de euros em obrigações do Tesouro a 10 anos (maturidade em 15 de junho de 2019), suportando um custo de 0,333%, que está acima da taxa de juro de 0,264% da emissão anterior.
Este agravamento ligeiro está em linha com o comportamento dos juros de Portugal no mercado secundário, que têm aliviado de mínimos nas últimas semanas.
O IGCP, agência que gere a dívida pública portuguesa, pretendia emitir entre 750 milhões e mil milhões de euros, tendo colocado um montante que ficou muito próximo do limite máximo. A procura foi fraca (1,58 mil milhões de euros), superando apenas em 1,63 vezes a oferta. Um rácio inferior ao registado na última emissão de setembro (2,11 vezes).
Os juros mais elevados e a procura mais reduzida refletem um menor apetite dos investidores por dívida soberana europeia, numa altura em que é maior a procura por ativos de maior risco. Nas últimas semanas os juros da dívida portuguesa (e de outros soberanos da Europa) têm subido face aos mínimos registados em agosto.
No mercado secundário a taxa de juro dos títulos a 10 anos está esta quarta-feira em 0,342%, o que compara com o mínimo abaixo de 0,1% fixado há três meses.
Os custos de financiamento de Portugal nas emissões a 10 anos fixaram mínimos históricos em todos os leilões realizados este ano. Apesar do agravamento ligeiro da emissão de hoje, a taxa de 0,333% é a segunda mais baixa de sempre e representa menos de um terço do custo de financiamento que Portugal suportou na emissão realizada em maio (1,059%).
"Esta subida acaba por refletir um movimento que assistimos em toda a dívida soberana europeia, a título de exemplo os 10 anos alemães vieram dos -0.564% para os -0.288%. As políticas acomodatícias dos bancos centrais, bem como o abrandamento económico mundial, continuam a suportar as taxas de juro em mínimos históricos", refere de Filipe Silva, do Banco Carregosa, estimando que a "tendência que não deve mudar muito nos próximos meses".
"No início do ano para o mesmo prazo estávamos a pagar 1,568% e agora pagamos 0,333%. É esta poupança que tem permitido ter margem de manobra para reembolsar antecipadamente alguns dos empréstimos concedidos pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira", acrescenta Filipe Silva.
"Apesar do aumento do custo face à última emissão e da procura ter registado dos valores mais baixos de 2019, não podemos dizer que o leilão não tenha sido bem sucedido, uma vez que conseguiu colocar a totalidade do valor emitido e foi a segunda emissão com o custo mais baixo da história", refere David Silva, analista da corretora financeira Infinox.
No que diz respeito à procura, apesar de ter sido reduzida, não foi a mais baixa do ano. Em julho atingiu apenas 1,188 milhões de euros, o que ficou 1,58 vezes acima da oferta.
Com a emissão de 970 milhões de euros, o IGCP eleva para cerca de 13,5 mil milhões de euros o montante colocado no mercado em dívida de longo prazo, o que se situa abaixo dos 15,4 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro para 2019.