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Portugal coloca 3 mil milhões em dívida a 30 anos com juro de 1% e procura recorde de 40 mil milhões

A emissão de dívida sindicada a 30 anos atraiu uma forte procura, com os investidores a colocarem ordens de mais de 40 mil milhões de euros, o valor mais elevado de sempre par obrigações portuguesas. O IGCP emitiu 3 mil milhões de euros e vai pagar um juro de 1,02% para garantir este financiamento de muito longo prazo.

03 de Fevereiro de 2021 às 08:59
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A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) esteve esta quarta-feira no mercado com a primeira emissão sindicada de dívida deste ano, com a colocação de títulos a 30 anos, que ficou marcada por um forte interesse dos investidores.

 

No arranque da operação o IGCP colocou a rendibilidade dos títulos nos 88 pontos base acima da taxa swap do euro a 30 anos (0,157%), mas esta baixou depois para 85 pontos base quando foram definidos os termos finais da operação. A elevada procura depois da abertura do livro de ordens provocou uma descida do "spread", pelo que Portugal vai suportar uma taxa de juro de 1,02% para obter financiamento a 30 anos.


Os primeiros dados avançados pela Bloomberg confirmaram o elevado interesse dos investidores na dívida portuguesa. As ordens totalizam mais de 40 mil milhões de euros, o que representou a procura mais elevada de sempre numa emissão de dívida portuguesa.

Nas duas anteriores emissões de dívida a 30 anos a procura foi sempre inferior a 10 mil milhões de euros.

Nesta emissão de hoje, relativamente aos países investidores, o maior grupo foi o de França, Itália e Espanha, com 37,1% agregadamente, seguidos do Reino Unido (17,6%), Alemanha (14,9%), países nórdicos (9,9%) e Portugal (7,8%). Seguiu-se o resto da Europa (6,7%), América do Norte (3,8%) e outros (2,1%).

 

Por perfil de investidor, o grosso foi composto por gestores de fundos (40,7%), seguindo-se a banca/bancos privados (32,1%), os fundos de pensões (14,2%), os fundos de cobertura de risco (4,5%), bancos centrais e instituições oficiais (4,3%) e outros (4,2%).

 

O IGCP esteve a emitir títulos com maturidade em 12 de abril de 2052 (ou seja, mais de 31 anos), aproveitando o atual contexto de taxas de juro em mínimos históricos para se financiar em prazos muito longos. 

Tendo em conta a elevada procura, o IGCP optou por colocar 3 mil milhões de euros, pelo que a procura ficou mais de 13 vezes acima da oferta. Um rácio bem elevado e que exemplifica o interesse dos investidores por dívida europeia.

"Com esta emissão a 30 anos o IGCP consegue alargar a oferta em obrigações do tesouro, a maturidade mais  longa antes desta emissão era a 24 anos", refere Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa, assinalando que "o ambiente atual de taxas juro historicamente baixas, é muito benéfico para este tipo de emissões e enquanto assim for irá permitir fazer o rollover da dívida com um custo significativamente mais baixo."

 

A linha de obrigações que Portugal tem atualmente com maturidade mais longa expira em 2045 (24 anos), sendo que no mercado secundário estes títulos estão hoje com uma "yield" de 0,786%.

 

Esta linha de obrigações com maturidade em 2045 foi lançada através de uma emissão sindicada em 2015, sendo que na altura o IGCP aceitou pagar uma taxa de juro acima de 3%.

 

A emissão a 30 anos que esteve esta quarta-feira no mercado surgiu depois de em janeiro Portugal ter conseguido o feito de emitir dívida a 10 anos pela primeira vez com uma taxa negativa. No mercado secundário os títulos a 10 anos estão atualmente com uma taxa em redor de 0%.

 

De acordo com o IGCP, foram estes os bancos contratados pelo IGCP para tratar da operação: Credit Agricole CIB, Deutsche Bank, Morgan Stanley, J.P. Morgan, Nomura e NovoBanco.

 

Ao contrário do que acontece nos leilões regulares, nas emissões sindicadas os bancos contactam diretamente com os investidores para colocar os títulos e ficam também por isso com uma parte da emissão.

(notícia atualizada às 19:05 com comunicado do IGCP)

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