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Portugal emite dívida com juros ainda mais negativos

A taxa de juro exigida pelos investidores para comprar dívida portuguesa de curto prazo sofreu uma redução substancial no duplo leilão realizado esta manhã. A taxa dos títulos a 11 meses ficou nos -0,264%.

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O IGCP emitiu esta quarta-feira títulos de dívida de curto prazo (3 e 11 meses), tendo voltado a conseguir financiar-se a taxas negativas, que foram as mais baixas de sempre. Uma tendência que se tem assistido nos leilões realizados nos últimos meses.

 

Nos títulos a 3 meses, com maturidade em Setembro deste ano, o ICGP colocou 250 milhões de euros, com uma taxa de -0,337%. Uma redução substancial face ao juro de -0,266% da emissão similar realizada em Abril.

Importa salientar que, em todos os leilões de bilhetes do Tesouro a três meses, Portugal, desde a operação de 17 de Agosto do ano passado, paga juros negativos, registando-se sempre taxas sempre cada vez mais negativas nestas operações, de acordo com os dados disponibilizados pela Bloomberg.

Em 2016, houve cinco operações deste género. Em Abril, Agosto e Outubro Portugal pagou juros negativos. O leilão realizado a 17 de Fevereiro e a 15 de Junho do ano passado tiveram juros positivos, de 0,008% e 0,075%, respectivamente. Em 2015, houve seis leilões de dívida a três meses. Em três operações, Portugal pagou juros negativos. Concretamente, nas que ocorreram em Agosto, Outubro e Dezembro, segundo dados publicados pela agência de informação.

 

No leilão desta quarta-feira, 21 de Junho, nos títulos a 11 meses, com maturidade em Maio do próximo ano, o instituto que gere a dívida portuguesa colocou mil milhões de euros. A taxa ficou em -0,264%, bem inferior aos -0,135% registados no leilão de Abril.

Desde o início deste ano que Portugal realizou seis leilões de dívida a 12 meses. Em todos pagou juros abaixo de zero e cada vez mais negativos. Por exemplo, em Janeiro o Tesouro de Portugal pagou -0,047% e hoje -0,264%. No ano passado, foram realizados 11 leilões de dívida a 12 meses. Apenas duas operações tiveram juros negativos: a 20 de Janeiro (-0,001%) e a 21 de Setembro (-0,014%).

 

No total o instituto liderado por Cristina Casalinho angariou hoje 1.250 milhões de euros, em linha com o montante máximo pré-anunciado. A procura foi robusta, superando a oferta em 4,56 vezes na emissão a três meses e 1,79 vezes na emissão a 11 meses.

Esta foi a primeira ida ao mercado por parte do Tesouro português depois de, na última sexta-feira, a agência de notação financeira Fitch ter subido o "outlook" da dívida nacional, de estável para positivo, tendo mantido a notação soberana em "lixo". Esta decisão indica que, no médio prazo, a agência de "rating" pode subir a classificação da dívida nacional. Caso isso aconteça, para esta agência Portugal deixa de ser considerado como "lixo".

A justificar esta decisão, a agência de notação financeira apontou o facto de o défice orçamental do país ter sido "marcadamente reduzido em 2016, para 2% do PIB, contra 4,4% em 2015, levando ao encerramento do Procedimento por Défice Excessivo onde se encontrava desde 2009".

José Lagarto, gestor de activos da Orey iTrade, numa declaração sobre o leilão enviada às redacções, defendeu que "o
 momento de confiança que o executivo português atravessa e a revisão do outlook por parte da Fitch na passada semana da dívida portuguesa de estável para positiva, terá contribuído para a redução das yields no leilão de hoje".

Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, considera também, num comentário enviado, que "Portugal conseguiu financiar-se às taxas mais baixas do ano, beneficiando da descida do risco". "Termos a nossa dívida a 10 anos abaixo dos 3% (à volta dos 2,9%) é um bom sinal para os investidores". 

(Notícia actualizada pela última vez às 11:21)
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