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Porto Rico a horas de entrar (oficialmente) em incumprimento
Estado livre dos EUA tinha até sábado para reembolsar uma tranche de dívida. Não o fez por não ter dinheiro. O incumprimento deverá ser oficializado no arranque desta semana. É a primeira vez que Porto Rico se vê nesta situação.
"Ai ai ai ai ai ai, Puerto Rico". Era assim o refrão de uma das canções mais conhecidas dos Vaya Con Dios. Um prenúncio da crise em que a ilha caribenha agora mergulhou. Falhou, este fim-de-semana, o pagamento das obrigações que atingiram a maturidade, devendo ser decretada a entrada em incumprimento já no arranque desta semana. A dívida total ascende a 72 mil milhões de dólares.
Porto Rico ainda fez um pagamento de 169 milhões de dólares ao Banco de Desenvolvimento, no final da semana passada, mas Victor Suarez, porta-voz do governador deste território dos EUA, afirmou que não iriam reembolsar as obrigações da Public Finance Corporation (PFC). "Não temos dinheiro", disse. "O pagamento à PFC não será feito este fim-de-semana", acrescentou a agências noticiosas.
O pagamento destas obrigações no valor de 36,3 milhões de dólares deveria ter sido feito até 1 de Agosto. A declaração de incumprimento da dívida deverá ser feita, formalmente, ao final do dia desta segunda-feira, 3 de Agosto, de acordo com analistas das agências de "rating" consultados pelo Financial Times. A confirmar-se, será a primeira vez que Porto Rico entra em incumprimento.
A meados de Julho, uma das suas agências não disponibilizou os fundos necessários para pagar títulos de dívida que venciam no início deste mês, tornando o incumprimento previsível. E o próprio governador já tinha alertado para o risco de tal suceder, pedindo para que se entre num processo de reestruturação da dívida de um arquipélago que enfrenta, segundo Anne Krueger, ex-dirigente do FMI e do Banco Mundial, "uma crise sem precedentes".
"A dívida é insustentável. Não há outra opção. Isto não é política. É matemática", explicou Alejandro García Padilla, governador de Porto Rico, numa entrevista ao New York Times (NYT) no final de Junho. Padilla alertou para a necessidade de incentivar o crescimento económico. "Se não o fizermos entraremos numa espiral mortal", garantiu, à data, o governador.
A economia teria de crescer "substancialmente" num curto espaço de tempo para que se evite um perdão de 30 a 40 mil milhões de dólares numa dívida que totaliza os 72 mil milhões de dólares, diz Peter Hayes, responsável pela dívida municipal da BlackRock, ao Financial Times. É algo que terá de acontecer para "tirar Porto Rico debaixo desta dívida", nota o mesmo especialista.