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Optimismo grego alívia juros portugueses

As taxas de juro associadas à dívida dos países periféricos estão a descer, aproximando-se das "yields" praticadas em torno da dívida alemã, reduzindo o risco. É o efeito da ideia de que há um acordo mais fácil entre Grécia e Europa.

23 de Junho de 2015 às 09:48
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A expectativa de que vai, efectivamente, haver um acordo entre Atenas e os parceiros europeus, afastando a Grécia de uma saída da Zona Euro, continua a trazer optimismo para os mercados. Uma maior confiança que está a levar os investidores a exigir retornos menos elevados quando negoceiam dívida de países periféricos, nomeadamente dívida portuguesa.

 

Há seis dias que a taxa de juro implícita da dívida nacional de referência, o prazo a 10 anos, perde terreno. Ontem e hoje, a descida acentuou-se. A "yield" encontra-se nos 2,67%, perdendo 14,1 pontos base (0,141 pontos percentuais) face ao fecho da sessão anterior, segundo as taxas genéricas da Bloomberg.

 

As rendibilidades pedidas pelos investidores evoluem em sentido contrário do preço – e o preço sobe em força quando a isso está, normalmente, associada uma pressão compradora. E essa pressão deve-se aos vários encontros de líderes europeus que tiveram lugar na segunda-feira, 22 de Junho, que acabaram por deixar a Grécia mais perto de um acordo. Neste momento, há já propostas vindas do governo helénico para discutir.

 

Os investidores estão mais confiantes e, como referido, pedem taxas de juro mais baixas, o que quer dizer que o preço das obrigações está mais alto. A grande parte das "yields" associadas à dívida nacional está, esta terça-feira, mais de 10 pontos base abaixo da solicitada no fecho da sessão de ontem. A cinco anos, a taxa segue nos 1,31%, perdendo 16,6 pontos base. A dois anos, a queda é mais ligeira, de 2,3 pontos base, para os 0,65%. 

 

A tendência é de recuos nos restantes países considerados periféricos e que estiveram em maiores dificuldades nos últimos anos, como são os casos de Espanha e Itália. Em Espanha, a taxa a dez anos perde 7,3 pontos base para 2,04% enquanto em Itália a descida é de 7,3 pontos base para 2,08%. A Grécia continua a liderar o alívio no mercado obrigacionista secundário, com a taxa a dez anos a ceder 17,6 pontos base para 10,989%.

 

Apesar das subidas das últimas semanas, desencadeadas pelos receios de que a Grécia poderia não vir a chegar a um entendimento com aqueles que são os seus credores, a dívida periférica tem vindo a manter-se em níveis historicamente baixos devido aos programas de compras de títulos do Banco Central Europeu. Esta terça-feira, com o optimismo trazido pelas maratonas de encontros do dia anterior, as taxas estão a cair ainda mais.

Num ambiente de maior confiança, os investidores aproximam-se de activos considerados mais arriscados, que dão maior rendibilidade, como é o caso das obrigações de periféricos. Já a dívida alemã, considerada um activo de refúgio por ser mais segura, está registar uma subida das "yields", o que quer dizer que está a haver um afastamento por parte dos seus titulares. A dez anos, a "yield" segue a ganhar 1,5 pontos base para 0,898%. Este aumento das bunds associado à descida dos juros dos periféricos está a fazer com que o prémio de risco (a diferença entre ambos) diminua. 

Apesar dos bons indicadores, há ainda dúvidas pela frente. "Claro que o caminho a percorrer nas próximas semanas é complicado. Há ainda, sem dúvida, muita angústia pela frente. Mas o risco de uma saída da Grécia do euro no curto prazo é agora muito mais baixo", comentou à agência Bloomberg a equipa de analistas do Société Générale.

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