Notícia
Obrigações do Banco Mundial para pandemias afundam com propagação do Covid-19
Caso a crise do coronavírus cumpra determinados requisitos, o montante financiado pelas obrigações é libertado para os países afetados e estas não são totalmente reembolsadas aos investidores.
25 de Fevereiro de 2020 às 12:06
Os investidores estão a apostar na queda das obrigações emitidas pelo Banco Mundial para lutar contra pandemias, uma espécie de "seguro" para situações de crise de saúde pública. Em causa estão os receios de que a propagação mundial do coronavírus cumpra os requisitos para que o dinheiro seja libertado como ajuda financeira aos países afetados.
De acordo com o Financial Times, em 2017, o Banco Mundial decidiu emitir duas classes de obrigações num total de 320 milhões de dólares. O acordo com os investidores foi desenhado para que este dinheiro fosse utilizado para ajudar países a ultrapassar surtos de doenças infeciosas, como é o caso do coronavírus.
Tal como as obrigações normais, estas também dão direito a juros para os investidores, mas se um conjunto de condições for cumprida estes fundos são libertados para ajudar a combater a pandemia. Nesse cenário, as obrigações não são pagas na sua totalidade e o dinheiro é usado para lidar com a crise.
É essa situação que os investidores estão agora a incorporar numa altura em que se agrava a situação com o coronavírus Covid-19. "O mercado acredita que há uma probabilidade significativa de as obrigações perderem uma parte do seu valor nominal", adianta o analista da Plenum Investments, David Strasser, que investiu na Tranche A, ao FT.
No caso da Tranche B (dedicado a doenças infeciosas), para esta ser acionada a doença tem de ganhar um caráter internacional com pelo menos 20 mortes num segundo país. Este cenário está perto de acontecer pelo que as obrigações estão a negociar a 57 cêntimos de dólar, o que sugere que um pagamento está para breve.
Já a Tranche A (dedicada ao vírus da gripe, o influenza) requer que haja 2.500 mortes em países em desenvolvimento para que o pagamento seja desencadeado, mas só depois de terem passado 12 semanas desde o início do surto. Outra das condições é que pelo menos um dos países afetados tem de ser elegível pelo International Bank for Reconstruction and Development, o braço financeiro do Banco Mundial. Neste caso, a China é elegível.
Estas "obrigações de pandemias" são muito ilíquidas. De acordo com os dados da Bloomberg, a Tranche B com maturidade a 15 de junho é detida por gestoras de ativos como Baillie Gifford, Amundi e Stone Ridge Asset Management. Apesar de ter existido situações como o ébola, as obrigações nunca foram acionadas desde 2017.
A emissão destas obrigações foi uma tentativa do Banco Mundial de usar o mercado de capitais para ajudar os países em desenvolvimento. No entanto, a instituição tem sido alvo de muitas críticas. Uma delas é que os investidores têm um retorno de dois dígitos - um "achado" no atual ambiente de juros baixos - enquanto os surtos estão a afligir o mundo em desenvolvimento.
Outra das críticas está relacionada com as condições necessárias para que o pagamento ocorra. Bodo Ellmers, do Global Policy Forum, refere ao FT que se o objetivo é prevenir a pandemia, as condições não podem ser restritivas ao ponto de o dinheiro chegar demasiado tarde, diminuindo a eficácia deste instrumento do Banco Mundial.
O último levantamento relativo ao coronavírus aponta para mais de 80 mil casos de pessoas infetadas e mais de duas mil mortes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse ontem que os novos casos, nomeadamente em Itália, são "muito preocupantes", mas atestou que o surto não é uma pandemia, ainda que os Governos tenham de se preparar para esse cenário.
De acordo com a Market Watch, se a OMS declarar que a situação é uma pandemia, tal não irá automaticamente desencadear as obrigações do Banco Mundial.
De acordo com o Financial Times, em 2017, o Banco Mundial decidiu emitir duas classes de obrigações num total de 320 milhões de dólares. O acordo com os investidores foi desenhado para que este dinheiro fosse utilizado para ajudar países a ultrapassar surtos de doenças infeciosas, como é o caso do coronavírus.
É essa situação que os investidores estão agora a incorporar numa altura em que se agrava a situação com o coronavírus Covid-19. "O mercado acredita que há uma probabilidade significativa de as obrigações perderem uma parte do seu valor nominal", adianta o analista da Plenum Investments, David Strasser, que investiu na Tranche A, ao FT.
No caso da Tranche B (dedicado a doenças infeciosas), para esta ser acionada a doença tem de ganhar um caráter internacional com pelo menos 20 mortes num segundo país. Este cenário está perto de acontecer pelo que as obrigações estão a negociar a 57 cêntimos de dólar, o que sugere que um pagamento está para breve.
Já a Tranche A (dedicada ao vírus da gripe, o influenza) requer que haja 2.500 mortes em países em desenvolvimento para que o pagamento seja desencadeado, mas só depois de terem passado 12 semanas desde o início do surto. Outra das condições é que pelo menos um dos países afetados tem de ser elegível pelo International Bank for Reconstruction and Development, o braço financeiro do Banco Mundial. Neste caso, a China é elegível.
Estas "obrigações de pandemias" são muito ilíquidas. De acordo com os dados da Bloomberg, a Tranche B com maturidade a 15 de junho é detida por gestoras de ativos como Baillie Gifford, Amundi e Stone Ridge Asset Management. Apesar de ter existido situações como o ébola, as obrigações nunca foram acionadas desde 2017.
A emissão destas obrigações foi uma tentativa do Banco Mundial de usar o mercado de capitais para ajudar os países em desenvolvimento. No entanto, a instituição tem sido alvo de muitas críticas. Uma delas é que os investidores têm um retorno de dois dígitos - um "achado" no atual ambiente de juros baixos - enquanto os surtos estão a afligir o mundo em desenvolvimento.
Outra das críticas está relacionada com as condições necessárias para que o pagamento ocorra. Bodo Ellmers, do Global Policy Forum, refere ao FT que se o objetivo é prevenir a pandemia, as condições não podem ser restritivas ao ponto de o dinheiro chegar demasiado tarde, diminuindo a eficácia deste instrumento do Banco Mundial.
O último levantamento relativo ao coronavírus aponta para mais de 80 mil casos de pessoas infetadas e mais de duas mil mortes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse ontem que os novos casos, nomeadamente em Itália, são "muito preocupantes", mas atestou que o surto não é uma pandemia, ainda que os Governos tenham de se preparar para esse cenário.
De acordo com a Market Watch, se a OMS declarar que a situação é uma pandemia, tal não irá automaticamente desencadear as obrigações do Banco Mundial.