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Moody’s sobe ratings de seis bancos portugueses e alguns saltam para o clube do ‘A’

A agência de notação financeira reviu em alta a classificação de seis bancos e manteve a de outro, depois de, na passada sexta-feira, ter elevado em dois níveis a nota da dívida soberana de Portugal. Novo Banco e Montepio saem do "lixo".

A última alteração da notação do país pela agência foi em 2021.
Emmanuel Dunand/GettyImages
Carla Pedro cpedro@negocios.pt 22 de Novembro de 2023 às 10:08

A Moody’s anunciou esta quarta-feira mexidas nos ratings de sete bancos, tendo elevado a notação de seis deles e mantido a de outro. Isto na sequência da subida da classificação, na passada sexta-feira, da dívida soberana de Portugal – que teve um "upgrade" de dois níveis, para A3.

 

A decisão de hoje, refere a agência de notação financeira no relatório divulgado, tem em consideração "o contínuo progresso no desempenho e nos fundamentais financeiros de alguns bancos, em particular a melhoria dos indicadores de risco dos ativos, os maiores níveis de capital e a forte rendibilidade impulsionada por taxas de juro mais altas".

Os bancos alvo de uma subida de rating foram a Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander Totta, Novo Banco, BPI e Banco Montepio. Já a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo (Crédito Agrícola) viu a sua classificação reiterada.

No que diz respeito ao rating dos depósitos de longo prazo, a CGD e o BCP já estavam no patamar de investimento de qualidade, mas conseguiram entrar no ambicionado clube do ‘A’. O BPI e o Santander já estavam nesse escalão e subiram mais um degrau. Já o Novo Banco saiu do "lixo" (categoria de investimento especulativo) e o Crédito Agrícola permaneceu no mesmo nível.

Quanto ao rating da dívida sénior não garantida do Santander Totta, BPI e Crédito Agrícola, este foi mantido, enquanto o dos restantes bancos foi revisto em alta - com o do Montepio a sair de "junk".

O Novo Banco é o único que mantém um "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade da dívida) positivo, o que significa que existe a perspetiva de nova subida do rating. Os restantes seis bancos ficaram com "outllok" estável.

As classificações

 

Caixa Geral de Depósitos

 

A Moody’s elevou o rating dos depósitos da CGD de Baa1 para A3 e o da dívida sénior não garantida de Baa1 para Baa2, dizendo que a decisão reflete, nomeadamente, o "upgrade" do perfil de crédito individual do banco [Baseline Credit Assessment - BCA], que mede a solidez financeira da empresa, bem como do BCA ajustado – de baa2 para baa1.

 

Para tal, teve em conta os rácios de capital mais elevados do banco, a melhoria da rendibilidade recorrente e a melhoria da qualidade dos ativos, não se prevendo uma deterioração – apesar do contexto económico e pressão inflacionista.

 

"O rating dos depósitos ultrapassa pela primeira vez a categoria Baa, alcançando a notação A3, a mesma da República Portuguesa. Esta subida é a segunda efetuada pela Moody ´s após, em maio, o BCA ter aumentado de baa3 para baa2, e a quarta subida registada em 2023 por uma agência de rating", aponta a CGD em comunicado à CMVM.

 

Banco Comercial Português

 

A subida do rating dos depósitos de longo prazo de Baa2 para A3 e da sua dívida sénior não garantida de Baa3 para Baa2 reflete, segundo a Moody’s, a melhoria do seu BCA e do seu BCA ajustado de ba2 para ba1, bem como a avaliação, pela agência, de uma probabilidade moderada de apoio estatal devido à importância sistémica do BCP.

 

O "upgrade" do BCA para ba1 "reflete os melhores indicadores de risco dos ativos do banco, o seu melhor (se bem que ainda modesto) indicador de capital e a melhor rendibilidade.

 

"No final de junho de 2023, o BCP reportou um rácio resultado líquido/ativos tangíveis de 1,1%, impulsionado por significativas melhorias nos lucros domésticos recorrentes do grupo. No entanto, a Moody’s considera que a rendibilidade do BCP poderá ser afetada por perdas adicionais em que a sua subsidiária polaca Bank Millennium possa incorrer no âmbito das hipotecas denominadas em moeda estranheira", refere a agência.

 

Numa base consolidada, acrescenta, "a métrica de qualidade dos ativos do banco continuou a melhorar no primeiro semestre de 2023, com o seu rácio de malparado a descer de 5,4% para 4,6% em termos homólogos".

Santander Totta

 

A melhoria do rating dos depósitos de longo prazo de A3 para A2 e a reafirmação do rating do seu programa de dívida sénior não garantida em Baa1 refletem o reiterar do BCA do banco em baa2 e a elevada probabilidade de apoio da casa-mãe Banco Santander SA, diz a Moody’s.

 

"O ‘upgrade’ da notação de Portugal para A3 restringiu o rating atribuído aos depósitos do Santander Totta porque a classificação de um banco normalmente não excede o rating soberano em mais de dois níveis, nos termos da metodologia da Moody’s para a banca", refere a agência.

Novo Banco

 

Também o Novo Banco viu uma melhoria do rating dos depósitos de longo prazo (Ba1 para Baa2, saindo assim do "lixo") e do rating da dívida sénior não garantida (Ba3 para Ba1 - primeiro nível de "junk", a apenas um degrau de entrar na categoria de investimento qualidade). A Moody’s justifica a decisão com o "upgrade" do BCA e do BCA ajustado do banco (ba3 para ba1).

 

O "upgrade" do BCA reflete a contínua melhoria da qualidade do crédito do banco, resultante de melhores níveis de capital e do risco dos ativos, e da significativa melhoria da rendibilidade recorrente, sublinha a Moody’s.

"Pela terceira vez consecutiva (jun/22, abr/23 e nov/23), o Novo Banco recebeu hoje uma subida multi-notch do rating pela Moody's, demonstrando a recuperação bem-sucedida e a transformação do Banco. O aumento, divulgado hoje, da notação de rating da dívida sénior em dois níveis, é um marco notável que se traduz no aumento de cinco níveis de rating num período de sete meses, passando para Ba1 de B3, mantendo ‘outlook’ positivo", reagiu o NB no comunicado à CMVM.

BPI

 

A subida do rating dos depósitos de longo prazo de A3 para a2 e o reiterar da sua dívida sénior não garantida em Baa1 reflete a mautenção do BCA do banco em baa2 e a elevada probabilidade de apoio da casa-mãe CaixaBank, refere a agência.

 

"O ‘upgrade’ da notação de Portugal para A3 restringiu o rating atribuído aos depósitos do BPI porque a classificação de um banco normalmente não excede o rating soberano em mais de dois níveis, nos termos da metodologia da Moody’s para a banca", sublinha.

 

A agência diz ainda que a reafirmação do BCA em baa2 reflete o robusto perfil de crédito do banco.

 

"A Moody’s teve em conta os elevados níveis de capital do BPI – que são, contudo, restringidos pelos riscos decorrentes da sua exposição a Angola –, o perfil de risco dos ativos melhor do que a média e a melhoria dos indicadores de rendibilidade doméstica", aponta.

Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo (Crédito Agrícola)

 

"A manutenção do rating dos depósitos de longo prazo do Crédito Agrícola em Baa2 [investimento de qualidade] e do rating da dívida sénior não garantida em Ba1 [primeiro nível de "lixo", estando assim a apenas um nível de entrar no patamar de qualidade] reflete a reafirmação do BCA e do BCA ajustado do banco em baa3", salienta a agência no seu relatório.

 

Estes ratings, segundo a Moody’s, "refletem o papel central da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo dentro do Grupo Crédito Agrícola (GCA), que é composto por uma rede de cooperativas bancárias unidas por um mecanismo de solidariedade consagrado na lei. Assim, os ratings do Crédito Agrícola refletem a avaliação, pela Moody’s, da qualidade do crédito do CGA, com o Crédito Agrícola no papel de tesoureiro do grupo e única entidade que emite dívida".

Caixa Económica Montepio Geral (Banco Montepio)

 

O "uipgrade" do rating dos depósitos de longo prazo de Ba2 para Baa3 e do rating da dívida sénior não garantida de B1 para Ba2 [que sai, assim, do patamar de "lixo"] refletem a melhoria do BCA e do BCA ajustado do banco, de b1 para ba2.

 

"A melhoria do BCA reflete o fortalecimento do perfil de crédito do banco decorrente da contínua retirada de risco do seu balanço", sublinha, apontando também os níveis de capital mais elevados e o reforço da rendibilidade, impulsionada pelo aumento das taxas de juro.

 

"Esta é a terceira subida consecutiva do rating do Banco Montepio nos últimos treze meses, num total de quatro níveis", refere a instituição financeira em comunicado à CMVM.

 

A agência "deu também uma nota positiva ao modelo de governo do Banco Montepio, cuja classificação melhorada para G-3 reflete o sucesso alcançado com a implementação do plano de ajustamento, bem como da melhoria da estratégia e das práticas de gestão do risco adotadas", acrescenta.



(notícia atualizada pela última vez às 13h13)

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