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Moody’s revê em baixa, de estável para negativa, perspetiva para a dívida dos EUA

A agência de notação financeira justifica a decisão com os enormes défices orçamentais e com a menor capacidade para suportar o encargo do serviço da dívida.

Os conflitos políticos nos EUA no que toca às finanças do país são vistos como uma “erosão da governação”.
Mike Segar/Reuters
10 de Novembro de 2023 às 23:17
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A Moody’s cortou hoje o "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade da dívida soberana) dos Estados Unidos, que passou de estável para negativo. A justificar esta decisão estão os enormes défices orçamentais e com a menor capacidade para suportar o encargo do serviço da dívida.

Um corte da perspetiva para negativa pode levar a que, numa próxima decisão, a Moody's se decida por descer a classificação do rating soberano.

 

"A contínua polarização política no Congresso norte-americano aumenta o risco de que sucessivos governos [federais] não consigam chegar a consenso quanto ao plano orçamental, de modo a travar a queda na capacidade para assegurar o reembolso da dívida", sublinha a agência no relatório publicado esta sexta-feira, 10 de novembro.

 

Esta revisão em baixa da perspetiva para a dívida norte-americana segue-se a um "downgrade" do rating soberano dos EUA, por parte da Fitch, em agosto – depois de meses de grande impasse político em torno do tecto de endividamento do pais (o chamado "debt ceiling").

 

A Moody’s é, neste momento, a única das três maiores agências de rating, a manter a notação de topo dos EUA. Em agosto, a Fitch cortou a classificação para o segundo nível da escala de ratings, de triplo A para AA+, juntando-se assim à Standard & Poors – que já o tinha feito em 2011 e que, desde então, não voltou a subir a nota.

 

O tecto da dívida ("debt ceiling") estava fixado nos 31,4 biliões de dólares mas ficou esgotado a 19 de janeiro. Para solucionar a situação, era preciso que fosse aprovado um aumento ou suspensão deste tecto, mas democratas e republicanos mantiveram um intenso braço de ferro relativamente a esta questão – que só no final de maio ficou solucionada.

 

A 31 de maio, a Câmara dos Representantes norte-americana aprovou a proposta para suspender o limite ao endividamento dos EUA. No dia seguinte, também o Senado deu luz verde. Com a proposta a passar no Congressou, impediu-se que o país entrasse incumprimento a partir de 5 de junho.

 

A proposta aprovada – e promulgada pelo presidente Joe Biden a 4 de junho – suspendeu o tecto da dívida do governo federal até janeiro de 2025 – um prazo muito mais alargado do que é costume (pelo facto de ser uma suspensão e não um aumento desse chamado "debt ceiling"), e deixou assim os EUA mais "desafogados" e sem a constante ameaça de um "default" e de uma paralisação ("shutdown") dos serviços públicos.

 

No entanto, a questão da aprovação do orçamento federal, que nos EUA entra em vigor em outubro, continua a ensombrar o panorama no país.

 

Os republicanos, que controlam a Câmara dos Representantes – que, juntamente com o Senado, forma o Congresso dos Estados Unidos – esperam viabilizar este sábado uma medida de financiamento de curto prazo ("stopgap spending measure" – uma medida legislativa conhecida como resolução de continuidade) enquanto o orçamento não é aprovado, de modo a impedir um "shutdown" parcial do governo e manter as agências federais em funcionamento quando o atual acordo de financiamento temporário expirar na próxima sexta-feira, 17 de novembro.

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