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Moody’s corta rating da TAP para nono nível de "lixo" e mantém perspetiva ‘negativa’
A agência de notação financeira Moody’s, que já classificava o rating do grupo TAP como investimento especulativo (o chamado lixo), desceu em mais um nível o seu perfil de crédito.
A Moody’s cortou a classificação do perfil de risco de crédito individual (Baseline Credit Assessment) da TAP, passando-o de Caa2 para Caa3 – 9.º nível de "lixo", em que é ainda grande o risco de incumprimento e em que a capacidade de reembolso da dívida depende de condições favoráveis e sustentáveis.
Além disso, desceu a notação da emissão de obrigações de 375 milhões de euros, de Caa1 para Caa2 (8.º nível de investimento especulativo).
Já o "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade da dívida) foi mantido em ‘negativo’ – um sinal de que pode, em breve, cortar novamente o rating da companhia aérea portuguesa.
Quando à classificação da probabilidade de "default" (incumprimento), esta também sofreu um "downgrade", de Caa1-PD para Caa2-PD ("probability of default").
O rating "corporate family" (que reflete a opinião da agência sobre a capacidade de o grupo honrar todas as suas obrigações financeiras) foi reduzido de Caa1 para Caa2.
A agência refere que os cortes de hoje são justificados por vários fatores, nomeadamente a crescente duração e gravidade da pandemia de covid-19.
A Moody’s antevê que o setor dos transportes aéreos continuará a ser fortemente condicionado em 2020 e em 2021 e que só em 2023 – no mínimo – é que recuperará o volume de passageiros que se verificava em 2019.
Outra justificação para a decisão hoje tomada prende-se, no entender da Moody’s, com a estrutura de capital muito alavancada, "colocando-a assim numa posição débil face às suas categorias de rating anteriores ao surto do coronavírus".
As novas notações têm também em conta "o alívio temporário de liquidez oferecido pelo empréstimo de 1,2 mil milhões de euros do governo português".
No passado dia 10, recorde-se, a Comissão Europeia anunciou ter dado luz verde para que Portugal avançasse com um auxílio estatal à TAP, num valor máximo de 1,2 mil milhões de euros e que assume a forma de empréstimo de emergência – tendo a companhia aérea seis meses para apresentar um plano de reestruturação que assegure o seu futuro ou então reembolsar o empréstimo de emergência.
Em novembro do ano passado, a Moody’s tinha sublinhado que atribuía uma classificação de B2 ao perfil de crédito da TAP – quinto nível do chamado "lixo" –sendo, pois, considerado um investimento especulativo (por oposição ao investimento de qualidade). Nessa altura, a perspetiva era ‘estável’.
A 19 de março deste ano reduziu o rating – algo que volta agora a fazer – e o "outlook" passou nessa altura para ‘negativo’.
No dia seguinte, foi a vez de a Standard & Poor’s fazer o mesmo – tendo cortado o rating da TAP e de mais oito companhias aéreas. Relativamente à empresa portuguesa, disse prever que os fluxos de caixa operacionais fossem negativos este ano, mesmo considerando um corte substancial no investimento em novos aviões. "Isto é agravado por uma deterioração significativa no EBITDA e no fundo de maneio devido à redução das reservas e reembolsos aos clientes", apontou.
O setor do transporte aéreo foi um dos mais afetados pela pandemia, tendo muitas companhias suspendido grande parte - ou mesmo a totalidade - dos voos e recorrido a ajudas estatais.
(notícia atualizada às 18:49)