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Juros de Itália disparam para máximos de Julho de 2015

A aproximação do referendo em Itália está a provocar algum nervosismo aos investidores, que têm elevado os juros do país, negociados no mercado secundário. A rejeição do referendo pode significar o início do fim da Itália na Zona Euro, diz James McCormack da Fitch.

11 Matteo Renzi – Itália – 98,96 mil euros
REUTERS
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A taxa de juro implícita nas obrigações a 10 anos de Itália está a subir 9,2 pontos base para 1,989%, depois de já ontem ter subido mais de 14 pontos. A taxa de juro está assim no valor mais elevado desde Julho de 2015.

 

No acumulado da semana, esta "yield" está a subir 23,4 pontos, o que também corresponde à subida semanal desde a semana terminada a 4 de Dezembro do ano passado.

 

O aumento da pressão sobre Itália surge numa altura em que se aproxima o referendo constitucional, com os investidores a recearem o desfecho deste acto, depois do referendo no Reino Unido ter ditado a vitória do Brexit.

 

Portugal e Itália estão numa posição de potencial crise devido a situações económicas críticas. Quem o diz é James McCormack da agência Fitch a uma revista alemã (WirtschaftsWoche), citado pelo Il Sole 24 Ore.

 

"Em Portugal, todos os sectores estão muito financiados com dívida, não apenas o Estado, mas também as empresas e famílias. A situação também é crítica em Itália. E não há crescimento", sublinha McCormack na mesma entrevista.

 

"Em caso de rejeição do referendo, no longo prazo, pode significar o início do fim da Itália dentro da União Europeia e da Zona Euro", salientou o mesmo responsável.

 

No domingo 4 de Dezembro os italianos serão chamados a votar num referendo que representa boa parte das ambições a que o Governo Renzi se propôs quando assumiu funções em 2014: mudar a lei eleitoral (Italicum) e reformar o sistema político, acabando com o sistema bicameralista perfeito. Mas se a lei eleitoral Italicum – prevê a atribuição de maioria absoluta ao partido vencedor desde que o mesmo tenha conseguido mais de 40% ou, em alternativa, a realização de uma segunda volta entre os dois partidos mais votados para então atribuir o prémio de maioria ao vencedor deste chamado "balotaggio" – já foi aprovada em Maio de 2015, falta ainda a reforma constitucional.

 

O texto final da também designada como reforma Renzi-Boschi (referência à ministra dos Assuntos Parlamentares, Maria Elena Boschi), foi aprovado pela câmara baixa do Parlamento transalpino em Janeiro deste ano. Foi um caminho difícil. Depois de uma aprovação inicial ainda em 2015, esta reforma tinha recolhido ampla maioria no Parlamento mas não conseguiu os dois terços necessários à sua aprovação final no Senado (câmara alta). Isto porque depois de ter negociado com o apoio com o Forza Italia de Silvio Berlusconi, à última hora a força do ex-primeiro-ministro roeu a corda passando a considerar a reforma constitucional de "antidemocrática".

 

Para conferir maior estabilidade governativa ao país o Executivo de Renzi propõe referendar o fim do bicameralismo perfeito, reduzindo em dois terços o número de senadores e retirando poderes ao Senado, que deixaria de ter capacidade para derrubar governos. Os senadores passariam a ser representantes das regiões de Itália.

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