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Juros da dívida dos EUA a 10 anos alcançam os 5% pela primeira vez em 16 anos
As expectativas do mercado, que apontam para a manutenção da política monetária restritiva da Fed e para mais emissão de dívida norte-americana para colmatar o défice, impulsionaram as "yields" das "Treasuries" .
Os juros da dívida norte-americana a 10 anos superaram esta segunda-feira a fasquia dos 5%, pela primeira vez desde 2007, impulsionados pelas expectativas de que a Reserva Federal (Fed) norte-americana manterá a taxa de fundos federais elevada durante algum tempo e de que o Governo aumentará ainda mais a colocação de obrigações para cobrir o défice.
A "yield" das "Treasuries" que maturam em 2033 agravou-se 9,2 pontos base para 5,006%, tendo subido anteriormente até 5,007%.
A Fed começa mais uma reunião de política monetária no próximo dia 31 de outubro, sendo conhecidas as conclusões deste encontro – e portanto o futuro dos juros diretores nos EUA – no dia seguinte, ou seja, a 1 de novembro.
Na semana passada, o presidente do banco central, Jerome Powell, sugeriu, citado pela Bloomberg, que a autoridade monetária tem a intenção de manter a taxa dos fundos federais inalterada após o próximo encontro, ainda que continue aberto a mais subidas juros, caso a resiliência da economia alimente os riscos da inflação.
Este movimento dos juros ocorre ainda numa altura em que a Fed leva a cabo o seu "quantitative tightening" ou QT, reduzindo assim a presença do banco central no mercado, enquanto mão compradora de dívida.
Além da Fed, também a China está a reduzir o volume de compras de título de dívida. Estas ausências dão lugar à entrada em cena de "hedge funds", fundos mutualistas, fundos de pensões e seguradoras.
O preço das obrigações norte-americanas está ainda a ser pressionado pela expectativa de que o Tesouro dos EUA possa emitir mais dívida, isto já depois de a colocação de dívida dos EUA a nível trimestral já ter aumentado pela primeira vez em dois anos e meio.
No início deste mês, também os juros dívida norte-americana a 30 anos agravaram-se nesta quarta-feira e chegaram a tocar no patamar dos 5%, o que não acontecia desde 2007.
Em última análise, este agravamento das "yields" das "treasuries" poderá funcionar como um travão ao crescimento económico, e por isso à inflação. Nas últimas semanas, à boleia dos mercados, o juro médio para os empréstimos à habitação disparou para cerca de 8%. Também os juros dos empréstimos para estudante e outros créditos aumentaram.
(Notícia atualizada às 10:52 horas).