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Juros da dívida britânica disparam 33 pontos base. Portugal em máximos de 2017
Em "semana negra" marcada pela subida dos juros diretores por todo o mundo, os juros da dívida soberana pularam por toda a Zona Euro. Itália em máximos de 2013; Reino Unido, Espanha e França no valor mais alto desde 2014 e Portugal assinala salto para máximos de 2017.
Os juros da dívida na Zona Euro arrancaram a sessão sob um sentimento de alívio, mas rapidamente começaram a agravar, pressionados por uma semana de subida das taxas diretores por parte dos bancos centrais de várias das maiores economias mundiais.
Apenas esta semana, em conjunto, as taxas de juro diretoras subiram em 350 pontos base, incluindo o Banco da Suíça que colocou um ponto final a uma década de juros negativos na Europa.
A "yield" das Bunds alemãs a dez anos – referência para a região – agravou-se 5,9 pontos base para 2,017%, algo que não se verificava desde 2014. A Alemanha tem sido um dos países mais prejudicados pela crise energética e pelo encerramento do Nord Stream, uma infraestrutura de transporte de gás proveniente da Rússia. A crise na energia culminou esta semana na nacionalização da Uniper, a maior importadora de gás do país, da qual o Estado passará a ser acionista maioritário.
A "yield" da dívida portuguesa a dez anos subiu 10 pontos base para 3,053% - estando assim em máximos de 2017. Isto mesmo apesar de Portugal ter registado um excedente orçamental de 0,8% do PIB trazendo as contas públicas de volta a terreno positivo, de forma "expressiva".
Os juros das obrigações espanholas com a mesma maturidade registaram um aumento de 9,1 pontos base para 3,160%, o valor mais elevado desde 2014.
Por sua vez, os juros da dívida italiana a dez anos subiram 16,8 pontos base para 4,322%, pulando para um máximo de 2013, em antecipação das eleições legislativas que se realizam este domingo. Ao que tudo indica Giorgia Meloni será a candidata mais forte à vitória.
À beira da Zona Euro, no Reino Unido, a "yield" da dívida britânica a dez anos pulou 33,3 pontos base para 3,820%, depois de ontem o Banco de Inglaterra ter subido as taxas de juro em 50 pontos base.
A contribuir para o sentimento negativo dos investidores esteve um anúncio do ministro britânico das Finanças, Kwasi Kwarteng, que apresentou um plano de cortes históricos nos impostos, estando ainda planeadas novas emissões de dívida pública de grande dimensão, o que empurrou a libra para mínimos de 37 anos contra o dólar.