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Juros da Alemanha voltam a valores positivos pela primeira vez desde 2019

As "bunds" voltaram a negociar acima de zero após três anos em território de juros negativos, arrastadas pela expectativa de uma política monetária mais agressiva.

Na Alemanha, a subida da dívida pública está limitada a 0,35% do PIB por ano.
Christian Mang/Reuters
19 de Janeiro de 2022 às 10:24
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As "bunds" alemãs voltaram a negociar, esta quarta-feira, acima de zero. É a primeira vez que a "yield" alemã a 10 anos transaciona em valores positivos desde 2019, com os investidores a anteciparem uma intervenção mais rápida por parte dos bancos centrais para conterem os avanços da inflação.

 

A taxa a 10 anos alemã subiu até 0,018% esta manhã, máximos de maio de 2019, quando apenas em meados de dezembro passado negociava em -0,4%. As "bunds" alemãs mantiveram-se em níveis negativos pelos três últimos anos, com os investidores dispostos a pagar para deter obrigações alemãs.

No contexto da periferia, os juros também estão a subir. Portugal apresenta uma “yield” de 0,6%, enquanto a vizinha Espanha paga 0,68% pela dívida a 10 anos e Itália 1,3%.

Ainda assim, é nos Estados Unidos que o movimento de subida é mais expressivo, perante uma subida iminente dos juros. As “treasuries” estão esta quarta-feira a negociar em torno de 1,85%, com os investidores a descontarem uma política monetária mais agressiva.

 

Este agravamento dos juros é o reflexo da mudança nas expectativas em torno de uma retirada de estímulos mais rápida por parte dos principais bancos centrais para conter os avanços da inflação.

 

Com a taxa de inflação nos Estados Unidos em 7%, em 2021, máximos de 1982, e as pressões inflacionistas persistentes, a expectativa é que a Reserva Federal dos Estados Unidos realize a primeira subida de juros já em março, com os bancos de investimento a ajustarem as suas previsões, para incorporar uma política monetária mais agressiva nos EUA.

 

"É o reajuste de expectativas da Fed que tem sido claramente responsável pela subida das taxas alemãs", explica o Rabobank, num comentário divulgado esta quarta-feira. Face às mudanças no discurso do banco central norte-americano, o banco reviu em alta as suas estimativas para os juros, esperando agora quatro mexidas nas taxas, o dobro das que antes antecipava.

Na Europa, o Banco Central Europeu deverá esperar, pelo menos, até ao próximo ano para mexer nos juros, mas vários membros do banco central têm garantido que a autoridade monetária está preparada para agir caso a inflação continue a escalar.

François Velleroy, membro do BCE, adiantou esta terça-feira que o banco central vai ajustar rapidamente a sua política caso a inflação continue a aumentar. "Se a inflação se revelar mais persistente, não há dúvidas que teremos a vontade a capacidade para ajustar a nossa política monetária mais rápido para garantir o retorno ao objetivo de 2%", realçou o responsável.

Também Christine Lagarde, presidente do BCE, garantiu que o banco central "nao irá hesitar" quando chegar a hora de subir juros.

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