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Instabilidade e incertezas de 2019 ditam mínimos históricos nos juros da dívida
O ano que agora termina ficou marcado por descidas dos juros portugueses para níveis nunca antes vistos, com Portugal a beneficiar do programa de compra de ativos do BCE e da procura por parte dos investidores de ativos mais rentáveis e ao mesmo tempo seguros.
2019 foi marcado por vários focos de instabilidade. A guerra comercial dos EUA com a China, mas também com a Europa, o Brexit e os vários pontos de agitação política espalhados pelo mundo levaram os investidores a tentar diversificar investimentos e a proteger-se. E a dívida soberana é um dos ativos usados neste contexto. E assim foi.
As taxas de juro associadas à dívida soberana desceram na generalidade dos países. E Portugal brilhou: viu os juros descerem abaixo os valores cobrados a Espanha, estreitou o diferencial face à Alemanha e viu as "yields" recuarem para níveis nunca antes vistos.
No espaço de 12 meses, a taxa implícita na dívida a 10 anos de Portugal recuou 128 pontos base, uma descida acentuada que coloca os juros do país nos 0,434% no final de 2019. E este valor não é ainda mais baixo porque se sentiu nos últimos tempos alguma recuperação da confiança dos investidores, o que levou a que tomassem decisões consideradas mais arriscadas.
A taxa de juro portuguesa chegou a tocar nos 0,065%, o que corresponde ao valor mais baixo de sempre.
E este período fica ainda marcado pelo facto de Portugal ter visto a "yield" das suas obrigações a 10 anos negociar em níveis mais baixos do que os de Espanha. Uma estreia, num ambiente marcado pela instabilidade política no país vizinho, que elevou as dúvidas dos investidores e determinou opções de investimento consideradas mais robustas.
O final do ano fica marcado por um alívio de pressão sobre os mercados, num contexto de maior definição sobre o Brexit, novas eleições em Espanha e o anúncio de acordo comercial parcial entre os EUA e a China. Fatores que levaram os investidores a optarem por maior risco, o que tem um efeito oposto nas taxas de juro implícitas na dívida soberana.
No caso de Portugal, outro fator que influenciou os juros foi o Banco Central Europeu (BCE), que relançou o programa de compra de ativos e o nosso país é um dos beneficiados.
As obrigações soberanas foram um dos ativos vencedores em 2019, beneficiando sobretudo do ambiente de taxas de juro mais baixas a nível global, devido à atuação dos bancos centrais para travar o abrandamento da econonomia global.