A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, antecipa que a Rússia entre numa "recessão profunda" devido às sanções "sem precedentes" impostas pelo Ocidente, depois da invasão à Ucrânia, admitindo que um "default" russo é uma possibilidade. Moscovo, por seu lado, adiantou que poderá ser forçada a pagar em rublos aos investidores estrangeiros.

Numa entrevista à CBS News, Georgieva adiantou que as sanções vão atingir de forma severa a Rússia, reduzindo o poder de compra e o rendimento real no país.

Em relação a uma possível situação de incumprimento por parte de Moscovo, a diretora-geral do FMI realça que "em termos de obrigações de serviço da dívida, posso dizer que já não acredito que um ‘default’ é um evento improvável. A Rússia tem dinheiro para pagar a sua dívida, mas não tem acesso".

Mesmo reconhecendo a possibilidade de "default", Georgieva afasta implicações no sistema financeiro global, realçando que o impacto da banca mundial à Rússia é de cerca de 120 mil milhões de dólares. "Não tem relevância sistémica".

Rússia quer pagar em rublos

O ministro das Finanças russo adiantou esta segunda-feira que aprovou uma medida temporária para reembolsar a dívida em moeda estrangeira, mas avisou que os pagamentos podem ser realizados em rublos, caso as sanções impeçam os bancos de honrar a dívida na moeda de emissão.

"As alegações de que a Rússia não pode cumprir suas obrigações de dívida soberana são falsas", disse Anton Siluanov, num comunicado, adiantando que o país tem os fundos necessários para pagar a sua dívida.

Moscovo tem agendado para esta quarta-feira o pagamento de 117 milhões de dólares relativos a duas emissões de obrigações em dólares.

Apesar da aprovações de um procedimento temporário que permite aos bancos reembolsar estes valores, o ministro russo admite a possibilidade dos pagamentos serem afetados pelas sanções.