Notícia
Dívida empresarial atinge recorde ao chegar aos 13,5 biliões em 2019
A OCDE alerta para a diminuição da qualidade das novas obrigações das empresas. Esta é pior do que antes da crise, o que poderá levar a maiores taxas de incumprimento numa futura recessão.
O volume de dívida das empresas a nível mundial atingiu um recorde histórico de 13,5 biliões de dólares no final de 2019, o que resulta da nova vaga de estímulos monetários tanto nos EUA como na Europa. Contudo, a qualidade da dívida diminuiu, alerta a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) num relatório divulgado esta terça-feira, 18 de fevereiro.
No ano passado, as empresas (excluindo os bancos e outras entidades financeiras) pediram emprestados 2,1 biliões de dólares na forma de obrigações, o que corresponde a um aumento do "stock" de dívida na ordem dos 18,4% face a 2018. Em setembro de 2019, a emissão de dívida das empresas bateu um recorde mensal.
"Contudo, os dados mostram que, em comparação com ciclos de crédito anteriores, o atual stock de obrigações de empresas tem uma qualidade inferior de crédito no global", alerta a OCDE, referindo que metade (51%) da nova dívida tem um rating de BBB, a notação financeira mais baixa dentro do nível de investimento. Esta proporção compara com os 39% registados no período que antecedeu a crise financeira (2000-2007).
Acresce que também há uma maior percentagem de nova dívida empresarial classificada como "lixo", isto é, vista como um investimento especulativo. Essa proporção subiu de 20% antes da crise para 25% em 2019.
"Este é o período mais longo desde 1980 em que a proporção da emissão de obrigações de 'lixo' manteve-se tão alta e indica que as taxas de 'default' [incumprimento] numa futura recessão serão provavelmente mais elevadas do que em ciclos de crédito anterior", avisa a OCDE.
Além disso, estas obrigações têm maturidades mais longas e menor proteção dos investidores. Estas características do atual crédito empresarial, que tende a aumentar durante os períodos de expansão económica, "podem amplificar os efeitos negativos de uma travagem económica" no setor empresarial e no conjunto da economia.
Na análise da OCDE, este crescimento da dívida empresarial deve-se à postura expansionista da política monetária que tem promovido um ambiente de taxas de juro baixas. É este enquadramento que permite que as empresas no mesmo nível de rating tenham, em média, um nível de endividamento superior ao de há uma década.
Porém, pode haver problemas no horizonte: "Os níveis elevados de alavancagem no setor empresarial fazem com que seja essencial colocar agora em curso reformas que tornem o mercado de capitais capacitado [para os desafios futuros]", diz Angel Gurría, secretário-geral da OCDE.
Tal será particularmente importante caso haja uma reversão no rumo da política monetária, o que aumentaria o custo de financiamento das empresas e poderia colocar em causa a sua capacidade de amortização.
No ano passado, as empresas (excluindo os bancos e outras entidades financeiras) pediram emprestados 2,1 biliões de dólares na forma de obrigações, o que corresponde a um aumento do "stock" de dívida na ordem dos 18,4% face a 2018. Em setembro de 2019, a emissão de dívida das empresas bateu um recorde mensal.
Acresce que também há uma maior percentagem de nova dívida empresarial classificada como "lixo", isto é, vista como um investimento especulativo. Essa proporção subiu de 20% antes da crise para 25% em 2019.
"Este é o período mais longo desde 1980 em que a proporção da emissão de obrigações de 'lixo' manteve-se tão alta e indica que as taxas de 'default' [incumprimento] numa futura recessão serão provavelmente mais elevadas do que em ciclos de crédito anterior", avisa a OCDE.
Além disso, estas obrigações têm maturidades mais longas e menor proteção dos investidores. Estas características do atual crédito empresarial, que tende a aumentar durante os períodos de expansão económica, "podem amplificar os efeitos negativos de uma travagem económica" no setor empresarial e no conjunto da economia.
Na análise da OCDE, este crescimento da dívida empresarial deve-se à postura expansionista da política monetária que tem promovido um ambiente de taxas de juro baixas. É este enquadramento que permite que as empresas no mesmo nível de rating tenham, em média, um nível de endividamento superior ao de há uma década.
Porém, pode haver problemas no horizonte: "Os níveis elevados de alavancagem no setor empresarial fazem com que seja essencial colocar agora em curso reformas que tornem o mercado de capitais capacitado [para os desafios futuros]", diz Angel Gurría, secretário-geral da OCDE.
Tal será particularmente importante caso haja uma reversão no rumo da política monetária, o que aumentaria o custo de financiamento das empresas e poderia colocar em causa a sua capacidade de amortização.