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DBRS mantém CGD acima de “lixo” mas avisa para risco de execução do plano estratégico
A agência canadiana manteve o “rating” da Caixa um nível acima de “lixo”, após um período de avaliação que poderia levar a uma descida. A perspectiva é negativa e uma subida de “rating” é improvável.
A DBRS manteve o "rating" da dívida sénior e de emitente da Caixa Geral de Depósitos em BBB (baixo), um patamar acima da categoria vista como "lixo" pelos mercados. Isto depois de ter colocado o banco sob avaliação negativa, um processo iniciado em Novembro e que é agora encerrado, que poderia ter resultado numa descida de "rating". Apesar disso, a perspectiva ficou com tendência negativa.
Se por um lado a agência vê alguma flexibilidade para cumprir o plano estratégico, avisa que qualquer alteração das condições económicas ou de mercado podem complicar a tarefa da administração liderada por Paulo Macedo. A manutenção do "rating" é justificada, numa nota divulgada esta quinta-feira, com "o fortalecimento da posição de capital em resultado da conclusão do processo de recapitalização de final de Março de 2017".
A DBRS considera ainda que "com a melhoria da posição de capital e o apoio da incipiente recuperação económico em Portugal, o Grupo tem mais flexibilidade para executar o seu plano estratégico". A agência defende ainda que o banco público resolveu os seus problemas de governação, que "resultaram da demissão da maioria dos administradores em Novembro. Depois disso, a CGD designou recentemente novos administradores e um presidente-executivo que aparenta estar a executar as suas prioridades estratégica, incluindo o plano de recapitalização".
O foco da DBRS está agora "no regresso à rentabilidade doméstica e à melhoria da qualidade dos activos, principalmente através da redução dos ‘non-performing loans’ [crédito em risco]". No entanto, a agência defende que apesar da "economia portuguesa estar gradualmente a melhorar, qualquer alteração repentina das condições económicas, ou enfraquecimento da confiança no soberano e/ou no sector bancário pode tornar mais difícil que a equipa de gestão recentemente designada implemente com sucesso o plano estratégico".
A equipa de analistas liderada por Maria Rivas constata que a "economia portuguesa está a melhorar de forma gradual". Mas ressalva que "qualquer alteração súbita nas condições económicas, ou um enfraquecimento da confiança no soberano e/ou no sector bancário podem tornar mais difícil à nova equipa de gestão implementar o plano estratégico".
Apesar de ter encerrado o processo de revisão aos principais "ratings" da Caixa Geral de Depósitos, a DBRS continua com a notação da dívida subordinada, a que tem maior risco, sob vigilância também com implicações negativas, após uma decisão no início do ano que incluiu instrumentos deste tipo de 27 bancos europeus. Neste tipo de títulos o "rating" da DBRS para a CGD é de BB+, o primeiro nível de "lixo".
A improvável subida do "rating"
A perspectiva negativa para os principais "ratings" da CGD sinalizam que com os dados actuais a agência considera ser mais provável descer do que melhorar a notação. A DBRS considera como improváveis que se venham a verificar factores que levassem a uma subida da avaliação, como um "rating" de maior qualidade para Portugal.
Para subir a notação da CGD seria necessário, segundo a DBRS, "uma melhoria do "rating" soberano de Portugal em conjunto com um histórico sustentado da rentabilidade doméstica, uma redução significativa do risco do balanço". Já para mudar a perspectiva de negativa para positiva, a DBRS precisa de ver mais provas de que "o plano estratégico está a ser implementado, incluindo uma redução significativa e contínua dos NPL e a melhoria da rentabilidade".
E avisa que se houver instabilidade na administração ou um falhanço das metas do plano o mais provável é cortar a notação.