Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Moody’s: “Não esperamos uma recuperação da rentabilidade da CGD no resto de 2017”

Numa actualização ao mercado, após os resultados do primeiro trimestre, a agência alertou para os desafios que o banco enfrenta.

Miguel Baltazar
30 de Maio de 2017 às 16:25
  • ...

A Moody’s destaca pela positiva que após a recapitalização, os resultados do primeiro trimestre mostram que o plano de reestruturação está em curso. Mas mostra cautelas em relação à capacidade do banco liderado por Paulo Macedo regressar à rentabilidade.

"Continuamos preocupados em relação à capacidade do banco em regressar aos lucros nos próximos meses e, consequentemente, na pressão que as perdas possam exercer nos rácios de capital da CGD restaurados recentemente", refere a nota assinada pela analista Maria Jose Mori. Ainda assim, realça que o "banco espera aumentar o rácio de fundos próprios principais de nível 1 [CET1] para mais de 14% até 2020, como parte do plano. A descida prevista dos activos ponderados pelo risco em resultado da profunda reestruturação do balanço da CGD ajudarão a atingir esse objectivo".

Em relação aos resultados do primeiro trimestre, a Moody’s notou uma melhoria no risco dos activos, se bem que ainda estão em níveis de qualidade baixos e com pouca margem de continuarem com uma evolução positiva. "O banco planeia reduzir o rácio de NPL [crédito em incumprimento] para 8% no final do seu plano estratégico 2017-2020. Na nossa perspectiva, a CGD terá dificuldade em alcançar uma redução material no rácio de NPL nos próximos 12 a 18 meses na ausência de alguma significativa venda de crédito malparado", refere a analista da agência.

Isto porque as perspectivas da Moody’s para o crescimento da economia são "ainda modestas", de 1,7% este ano e 1,4% em 2018. No primeiro trimestre o rácio de NPL caiu para 15,4% face aos 15,8% verificados no final de 2016.

Impacto do plano na rentabilidade levará tempo

No primeiro trimestre a CGD reportou um resultado antes de provisões de 144 milhões de euros, o que compara com uma perda de 1,5 milhões no mesmo período do ano anterior. Apesar desta melhoria, a Moody’s salienta que a subida foi impulsionada principalmente pelos ganhos em operações financeiras.

E para o que resta de 2017, a Moody’s não "prevê uma recuperação significativa da rentabilidade do banco, já que vemos as pressões a nível operacional, nomeadamente em relação à continuação dos baixos volumes e das taxas de juro muito baixas, como algo que impedirá melhorias materiais no resultado operacional". A agência acredita que o resultado antes de provisões possa melhorar, à medida que o plano de reestruturação for implementado, mas teme que "essas melhorias demorem algum tempo a serem visíveis".

Ainda assim, a Moody’s destaca pela positiva a queda nos custos de financiamento da CGD. "Os custos de financiamento continuarão a baixar, ajudados pela continuação do ‘repricing’ nos depósitos". E destacam a poupança que o banco tem com a amortização dos instrumentos de capital contingentes (CoCo) subscritos pelo Estado. Terão um impacto positivo de 20 milhões de euros nas contas trimestrais em relação a 2016, estima a agência.

Emissão de dívida foi "marco importante"

Após a emissão de 500 milhões de euros de dívida de elevada subordinação, a Moody’s faz uma avaliação positiva dessa operação. "Consideramos favoravelmente a reconquista do acesso ao mercado por parte da CGD, que permitiu alcançar um marco importante do plano de recapitalização". Mas destaca o elevado custo que o banco teve de pagar: 10,75%.

Apesar de a rentabilidade ser um dos pontos fracos da CGD, a Moody’s destaca pela positiva a posição de liquidez do banco público. "A CGD continua a mostrar um bom perfil de liquidez e de ‘funding’", conclui a agência.

A Moody’s avalia a CGD em B1, quarto nível abaixo de grau de investimento, com perspectiva estável. Esta nota não constituiu uma acção de "rating", apenas uma actualização ao mercado. 

Ver comentários
Saber mais Moody's Rating Caixa Geral de Depósitos Paulo Macedo
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio