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Moody’s: “Não esperamos uma recuperação da rentabilidade da CGD no resto de 2017”
Numa actualização ao mercado, após os resultados do primeiro trimestre, a agência alertou para os desafios que o banco enfrenta.
A Moody’s destaca pela positiva que após a recapitalização, os resultados do primeiro trimestre mostram que o plano de reestruturação está em curso. Mas mostra cautelas em relação à capacidade do banco liderado por Paulo Macedo regressar à rentabilidade.
"Continuamos preocupados em relação à capacidade do banco em regressar aos lucros nos próximos meses e, consequentemente, na pressão que as perdas possam exercer nos rácios de capital da CGD restaurados recentemente", refere a nota assinada pela analista Maria Jose Mori. Ainda assim, realça que o "banco espera aumentar o rácio de fundos próprios principais de nível 1 [CET1] para mais de 14% até 2020, como parte do plano. A descida prevista dos activos ponderados pelo risco em resultado da profunda reestruturação do balanço da CGD ajudarão a atingir esse objectivo".
Em relação aos resultados do primeiro trimestre, a Moody’s notou uma melhoria no risco dos activos, se bem que ainda estão em níveis de qualidade baixos e com pouca margem de continuarem com uma evolução positiva. "O banco planeia reduzir o rácio de NPL [crédito em incumprimento] para 8% no final do seu plano estratégico 2017-2020. Na nossa perspectiva, a CGD terá dificuldade em alcançar uma redução material no rácio de NPL nos próximos 12 a 18 meses na ausência de alguma significativa venda de crédito malparado", refere a analista da agência.
Isto porque as perspectivas da Moody’s para o crescimento da economia são "ainda modestas", de 1,7% este ano e 1,4% em 2018. No primeiro trimestre o rácio de NPL caiu para 15,4% face aos 15,8% verificados no final de 2016.
Impacto do plano na rentabilidade levará tempo
No primeiro trimestre a CGD reportou um resultado antes de provisões de 144 milhões de euros, o que compara com uma perda de 1,5 milhões no mesmo período do ano anterior. Apesar desta melhoria, a Moody’s salienta que a subida foi impulsionada principalmente pelos ganhos em operações financeiras.
E para o que resta de 2017, a Moody’s não "prevê uma recuperação significativa da rentabilidade do banco, já que vemos as pressões a nível operacional, nomeadamente em relação à continuação dos baixos volumes e das taxas de juro muito baixas, como algo que impedirá melhorias materiais no resultado operacional". A agência acredita que o resultado antes de provisões possa melhorar, à medida que o plano de reestruturação for implementado, mas teme que "essas melhorias demorem algum tempo a serem visíveis".
Ainda assim, a Moody’s destaca pela positiva a queda nos custos de financiamento da CGD. "Os custos de financiamento continuarão a baixar, ajudados pela continuação do ‘repricing’ nos depósitos". E destacam a poupança que o banco tem com a amortização dos instrumentos de capital contingentes (CoCo) subscritos pelo Estado. Terão um impacto positivo de 20 milhões de euros nas contas trimestrais em relação a 2016, estima a agência.
Emissão de dívida foi "marco importante"
Após a emissão de 500 milhões de euros de dívida de elevada subordinação, a Moody’s faz uma avaliação positiva dessa operação. "Consideramos favoravelmente a reconquista do acesso ao mercado por parte da CGD, que permitiu alcançar um marco importante do plano de recapitalização". Mas destaca o elevado custo que o banco teve de pagar: 10,75%.
Apesar de a rentabilidade ser um dos pontos fracos da CGD, a Moody’s destaca pela positiva a posição de liquidez do banco público. "A CGD continua a mostrar um bom perfil de liquidez e de ‘funding’", conclui a agência.
A Moody’s avalia a CGD em B1, quarto nível abaixo de grau de investimento, com perspectiva estável. Esta nota não constituiu uma acção de "rating", apenas uma actualização ao mercado.