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BlackRock é das gestoras com mais dívida portuguesa

A BlackRock foi uma das gestoras a considerar, durante a emissão da CGD, que Portugal tem danos reputacionais a reparar devido à passagem de obrigações do Novo Banco para o BES. Mas tem grandes investimentos em dívida nacional.

Bloomberg
29 de Março de 2017 às 07:00
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A reputação e a credibilidade de Portugal têm sido severamente afectadas." É uma das alegações que um grupo de grandes investidores liderados pela BlackRock e pela Pimco fez durante a emissão de dívida da Caixa. Apesar dos alertas sobre os riscos reputacionais que Portugal enfrenta devido à passagem no final de 2015 de obrigações do Novo Banco para o BES mau, a BlackRock continua a ser uma das maiores investidoras em dívida do Estado.

A maior gestora de activos do mundo tem cerca de 750 milhões de euros aplicados em Obrigações do Tesouro, segundo os dados mais recentes coligidos pela Bloomberg. A agência recolhe esses dados com  base na informação pública das carteiras de fundos de investimento, sendo que os últimos dados são referentes aos últimos meses de 2016. No universo da gestão de activos, é a segunda entidade com mais dívida portuguesa em mãos. Isto apesar de os dados da Bloomberg terem mostrado uma redução na posição de cerca de 7% face aos levantamentos anteriores.

Do total de 144 mil milhões de euros de títulos de dívida transaccionável do Estado considerada pela Bloomberg, a BlackRock detém 0,52%. Apenas a francesa Carmignac tem uma aposta maior, sendo responsável por 0,74% da dívida portuguesa, uma aposta equivalente a 1,07 mil milhões de euros.

Estes dados podem não abarcar a posição total das gestoras, já que a Bloomberg apenas utiliza dados públicos. E desde as últimas informações coligidas pela agência financeira as posições podem ter sofrido alterações. O Negócios tentou confirmar os valores junto da BlackRock e também obter a explicação da gestora sobre os motivos da aposta em dívida portuguesa apesar de considerar que a dívida portuguesa sofreu danos reputacionais,  mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.

Boicote à emissão da CGD

Segundo a Bloomberg e o Financial Times, tanto a BlackRock como a Pimco evitaram a emissão de dívida subordinada da Caixa Geral de Depósitos, sob forma de protesto em relação à decisão do Banco de Portugal em transferir cinco linhas de obrigações, no valor de 2,2 mil milhões de euros, do Novo Banco para o BES.

Aquelas duas gestoras foram das mais penalizadas e lideram um grupo de investidores que assumiu cerca de dois terços daquelas perdas. Nas semanas que se seguiram à decisão do BdP, tanto a Pimco como a BlackRock fizeram comentários a avisar para o impacto dessa decisão para os activos portugueses. A BlackRock referiu em Janeiro de 2016 que os investidores se amedrontaram em relação a Portugal. Mas em Junho já havia responsáveis da gestora a referir que as obrigações portuguesas estavam "baratas". 

Agora o grupo de investidores co-liderado pela BlackRock considera que apesar do substancial progresso económico alcançado pelo actual Governo, os juros são mais elevados por causa da decisão do BdP e que isso também se traduz nos custos de financiamento da banca. E pedem um acordo por parte das autoridades portuguesas. Contactado, o Ministério das Finanças não respondeu se têm existido contactos com estas entidades nem indicou se estas gestoras têm participado nas operações de financiamento mais recentes do Estado.

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