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Aposta na reflação gera fosso histórico entre EUA e Europa

Enquanto a Casa Branca prepara um pacote de estímulos no valor de 1,9 biliões de dólares para impulsionar o crescimento, a história é diferente no bloco da moeda única, onde a lenta distribuição de vacinas ameaça intensificar uma provável recessão em forma de W.

Lusa_EPA/reuters
17 de Fevereiro de 2021 às 20:00
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A Europa perde terreno como nunca com as apostas na reflação do outro lado do Atlântico.

 

O aumento dos custos da energia está a fazer subir os juros das obrigações soberanas dos EUA e da Alemanha, embora os valores de referência do mercado para as expectativas de inflação nos EUA sejam os mais elevados da última década face à Zona Euro.

 

Enquanto a Casa Branca prepara um pacote de estímulos no valor de 1,9 biliões de dólares para impulsionar o crescimento, a história é diferente no bloco da moeda única, onde a lenta distribuição de vacinas ameaça intensificar uma provável recessão em forma de W.

 

Tudo isso resulta numa histórica divergência de investimento entre os EUA e a Europa para gestoras como a BlueBay Asset Management e a Aberdeen Standard Investments.

 


"Estamos a observar o tema da reflação em 2021, mas vemos que é mais pronunciado nos EUA devido à política orçamental expansiva", comenta o gestor Mark Dowding, da BlueBay Asset. "Estou mais inclinado para ver a inflação da Zona Euro a voltar a cair após uma subida temporária, mesmo que a inflação nos Estados Unidos suba mais este ano".

 

O barómetro da dívida para a inflação futura na Alemanha está em mínimos históricos face ao seu congénere nos EUA. A diferença entre as taxas de juro da dívida soberana dos EUA e da Alemanha apresentam o maior diferencial em cerca de uma década. As empresas de pequena capitalização no continente europeu associadas ao ciclo económico estão muito aquém do rally dos índices de referência dos EUA.

 

Ainda assim, embora as estratégias de investimento ligadas à expansão económica na Zona Euro revelem um desempenho muito inferior em relação às dos EUA, registaram-se fortes mexidas na semana passada.

 

Os juros da dívida alemã a 30 anos ficaram positivos pela primeira vez em cinco meses, enquanto a "yield" das obrigações norte-americanas na mesma maturidade atingiu o nível mais alto do último ano. Os swaps indexados à inflação nos próximos cinco anos na Europa – um indicador-chave para as expectativas dos preços no longo prazo – subiram para patamares de inícios de 2019.

 


Na semana passada, a Comissão Europeia reviu em baixa a previsão de crescimento em 2021, de 4,2% para 3,8%, ao mesmo tempo que projetou uma inflação média de 1,3% em 2022. O Fundo Monetário Internacional, entretanto, vê a região em desvantagem em relação aos pares internacionais.

 

"A Zona Euro irá de alguma forma recuperar, à medida que as vacinas forem sendo distribuídas, mas os problemas estruturais que a região enfrenta permanecem", sublinha Charles Diebel, da Mediolanum International Funds. O gestor estima que o spread entre as obrigações norte-americanas e alemãs a 10 anos atingirá os 200 pontos base, contra cerca de 164 atualmente.

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