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Fecho dos mercados: Trump coloca bolsas no vermelho e Boris Johnson atira libra para mínimos

Com os investidores focados na reunião da Fed e nas negociações comerciais entre os EUA e a China, as declarações de Donald Trump estão a contribuir para a queda dos mercados acionistas. No mercado cambial é Boris Johnson que está a penalizar a libra, enquanto os maus dados económicos na Europa reforçam a convicção de que o BCE vai descer os juros, o que beneficia as obrigações soberanas.

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Os mercados em números

PSI-20 cedeu 2,05% para 5.029,67 pontos

Stoxx 600 desceu 1,47% para 385,11 pontos

S&P 500 desvaloriza 0,37% para 3.009,87 pontos

Juros da dívida portuguesa a dez anos caem 1,3 pontos percentuais para 0,397%

Euro valoriza 0,04% para 1,1150 dólares

Petróleo em Londres sobe 0,53% para 64,05 dólares
 

Bolsas europeias caem para mínimo de dois meses com Trump a penalizar

Numa altura em que o foco dos investidores está nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China (que decorrem até quarta-feira) e na reunião da Reserva Federal (as decisões também serão anunciadas amanhã), os mercados acionistas voltaram a ser penalizados pelas declarações de Donald Trump sobre estes dois temas.

 

No Twitter, o presidente norte-americano acusou a China de não ter avançado com a promessa de comprar mais produtos agrícolas aos Estados Unidos, acusando este país de inação e de "mudar sempre o acordo (comercial) em seu benefício". Um esforço que, na ótica do líder da Casa Branca, irá prejudicar Pequim, que acabará por ter um acordo "muito mais duro do que aquele que está agora a ser negociado… ou nenhum acordo".

 

Em declarações aos jornalistas, o presidente dos EUA voltou a pressionar a Fed, dizendo que "gostaria de ver uma forte descida" das taxas de juro. Os economistas estão a contar com uma baixa de 25 pontos base na taxa de juro, na primeira queda da última década.

 

"O comércio é o grande ponto de interrogação" nos mercados, disse à Bloomberg Doug Peta, diretor de investimentos do BCA para os Estados Unidos, acrescentando que "se as tensões se agravarem, se o comércio abrandar ainda mais, penso que a forte queda no setor industrial pode facilmente transformar-se numa recessão na manufatura. Caso se verifique um contágio para os serviços, tal pode facilmente induzir uma recessão global".

 

Os resultados também pesaram de forma negativa no rumo das bolsas, com a Under Armour a afundar 13% depois de ter revelado números negativos e a Apple a ceder perto de 1% com os investidores a temerem que a fabricante do iPhone anuncie contas desfavoráveis após o fecho da sessão. Em sentido inverso, a Procter & Gamble e a Merck estão a valorizar depois de terem apresentado resultados acima do esperado.

 

Os dados económicos negativos na economia francesa e alemã também pesaram na evolução dos índices, com o Stoxx600 a cair 1,47% para 385,11 pontos. Este índice que agrega as 600 maiores cotadas europeias sofreu a queda mais forte desde 9 de maio, tendo sido penalizado sobretudo pelas companhias do setor automóvel e bancário. O Stoxx Banks e o Stoxx Auto fecharam a cair mais de 2%.

 

Em Lisboa o PSI-20 foi dos índices mais penalizados, ao completar a quinta sessão consecutiva de perdas, com uma descida de 2,05% para 5.029,67 pontos, a maior queda desde dezembro de 2018 e um mínimo de 4 de junho. O BCP foi a cotada que mais penalizou o PSI-20, sofrendo uma queda de 5,99% para 23,55 cêntimos – um mínimo de abril - com os analistas a olharem com preocupação com a descida das margens, apesar do aumento dos lucros no primeiro semestre para 169,8 milhões de euros. 

 

Libra renova mínimos com receios de Brexit desordenado 

A moeda britânica voltou a estar em destaque no mercado cambial, atingindo mínimos face ao dólar e contra o euro, uma vez que os investidores estão a atribuir uma probabilidade cada vez maior de o Reino Unido sair da União Europeia sem acordo.

 

O temor de um Brexit desordenado leva a libra a recuar 0,5% para 1,2158 dólares e a desvalorizar 0,51% para 1,0907 euros. Esta é a quarta sessão de quedas para a libra, que está a negociar em mínimos de março de 2017 face ao dólar e em mínimos de setembro de 2017 contra a moeda única europeia.

 

A moeda britânica desvalorizou em todas as sessões desde que Boris Johnson passou a ser o primeiro-ministro do Reino Unido e tem sido pressionada pelas declarações do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros.  

 

Membros do seu Governo classificaram de "muito real" a probabilidade de acontecer um Brexit sem acordo a 31 de outubro e Boris Johnson resolveu ontem adotar uma posição de força, garantindo que não vai negociar com os líderes europeus um acordo de saída da UE.

 

Esta terça-feira o primeiro-ministro britânico reiterou o ultimato e entrou em rota de colisão numa conversa com o seu homólogo irlandês, Leo Varadkar, que lhe garantiu que o acordo fechado entre Londres e Bruxelas não será alvo de nova discussão.

 

No câmbio entre o dólar e o euro é a moeda europeia que leva uma ligeira vantagem, numa altura em que os investidores aguardam a decisão da Fed, esperando que o banco central anuncie o primeiro corte de juros em 10 anos. O euro soma 0,04% para 1,1150 dólares.

 

Juros descem com novos sinais de fragilidade na economia europeia

A pressão para o Banco Central Europeu descer a taxa dos depósitos e avançar com um programa de compra de ativos em setembro ganhou força esta terça-feira, o que está a pressionar em baixa os juros das obrigações soberanas.

 

A economia francesa abrandou e cresceu abaixo do esperado no segundo trimestre (+0,2% face aos três meses anteriores), os indicadores de confiança dos agentes económicos da Zona Euro recuaram para mínimos de três anos e a inflação na Alemanha caiu para o nível mais reduzido desde novembro de 2016.

 

Estes dados económicos reforçam a convicção que Mario Draghi terá de agir antes de terminar o seu mandato, levando os investidores a reforçar a aposta nas obrigações soberanas.

 

A "yield" da dívida portuguesa a 10 anos desce 1,3 pontos percentuais para 0,397% e a taxa genérica das obrigações alemãs com a mesma maturidade recua 0,6 pontos base para -0,401%, de novo muito perto de mínimos históricos.   

 

Petróleo recupera com fricções comerciais 

Os preços do petróleo seguem em alta nos principais mercados internacionais, sustentados pelas críticas à China feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O chefe da Casa Branca criticou Pequim, minando as expectativas em torno do recomeço das conversações comerciais entre as duas maiores economias do mundo, agendado para esta terça-feira em Xangai.

 

O contrato de setembro do West Texas Intermediate (WTI), crude de referência para os EUA que é negociado em Nova Iorque, segue a ganhar 0,47% para 57,14 dólares por barril. No mercado londrino, o Brent do Mar do Norte para entrega em setembro avança 0,53% para 64,05 dólares. 

 

Ouro e Fed dão impulso à prata 

A prata tem estado a ganhar terreno e está a caminho da maior valorização mensal deste ano. A impulsionar está sobretudo a subida das cotações do ouro e a perspetiva de um corte de juros por parte da Reserva Federal norte-americana – o que leva os investidores a prestarem mais atenção a este metal precioso. Os especuladores estão a fazer refletir este interesse também no mercado de opções sobre a prata, que está a registar o volume mais elevado em quase nove anos, tendo este mês sido negociados 218 mil contratos (de compra e venda).

 

Os futuros da prata seguem a somar 0,99% no mercado nova-iorquino, para 16,53 dólares por onça.

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