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Fecho dos mercados: Juros sob pressão após BCE, bolsas resistem a quedas na banca italiana
A taxa das obrigações portuguesas continua a ser a mais penalizada após as medidas anunciadas por Mario Draghi na quinta-feira. Os bancos italianos regressaram às quedas, mas as bolsas europeias aguentaram o impacto.
Os mercados em números
PSI-20 subiu 0,24% para 4.638,07 pontos
Stoxx 600 avançou 0,97% para 355,38 pontos
S&P 500 valoriza 0,29% para 2.252,78 pontos
"Yield" 10 anos de Portugal sobe 10,1 pontos base para 3,847%
Euro desce 0,73% para 1,0538 dólares
Petróleo sobe 0,35% para 54,08 dólares por barril, em Londres
Bolsas resistem a instabilidade na banca italiana
Após os ganhos expressivos das últimas três sessões, as acções de bancos italianos afundaram. O BCE recusou dar mais tempo ao Monte dei Paschi para se recapitalizar, o que aumenta a probabilidade de ter de ser intervencionado pelo Estado. As acções do terceiro maior banco italiano perderam 10,32% e penalizaram o resto do sector. A Banca Popolare de Milano e o Banco Popolare cederam 4,22% e 3,93%. Também bancos de outros países do sul da Europa corrigiram dos ganhos recentes. O BCP desvalorizou 3,06% para 1,3087 euros e o espanhol Banco Popular cedeu 3,83%. O índice europeu do sector perdeu 0,69%.
Apesar dessa quebra, o Stoxx 600 resistiu. Subiu 0,97% com o sector de media em destaque. O índice que agrupa estas cotadas avançou 4,57%, após a oferta da Fox pela Sky, que levou os títulos da empresa britânica a dispararem 26,66%. Mas os ganhos não se restringiram às cotadas de media, já que 15 dos 19 índices sectoriais do Stoxx 600 encerraram o dia no verde. Além da banca, apenas as mineiras, as seguradoras e as cotadas da indústria automóvel perderam valor. Nos EUA, o S&P 500 sobe 0,29% para um novo máximo.
O PSI-20 também acompanhou os ganhos, mas com uma subida mais moderada. Valorizou 0,24% impulsionado pela Nos, que valorizou 2,88% para 5,545 euros. A Jerónimo Martins e a EDP também deram um contributo positivo com subidas de 0,99% e 0,71%, respectivamente.
Juros de Portugal continuam escalada
A decisão do BCE de não flexibilizar o limite das compras por emitente e por linha de obrigações continua a causar mossa nas obrigações nacionais. Segundo os analistas, o BCE está perto de, com as actuais regras, atingir os limites de compras de dívida portuguesa. E no mercado existia a expectativa de que essa regra fosse flexibilizada na reunião desta quinta-feira.
Ao não alterar essa regra, existe uma maior probabilidade do BCE ser forçado a reduzir o ritmo de compras de dívida portuguesa, o que está a pressionar as obrigações. A taxa a dez anos subiu esta sexta-feira 10,1 pontos base (aumenta 33,4 pontos base em dois dias) para 3,847%, perto do valor mais alto desde Fevereiro.
Também as "yields" espanholas e italiana sobem, mas de forma mais moderada. A taxa de Espanha a dez anos aumenta 0,8 pontos base para 1,512% e a "yield" italiana sobe 4,3 pontos base para 2,040%. Já os juros alemães baixam, beneficiados pela possibilidade do BCE começar a fazer compras em títulos com taxas abaixo de -0,40%. A "yield" germânica a dez anos desceu 2,3 pontos base para 0,36% o que, a par com a escalada dos juros portugueses, levou o prémio de risco da dívida nacional a subir para perto de 350 pontos base.
Euribor a três meses sobe
A Euribor a três meses aliviou do mínimo histórico e manteve-se no prazo a seis meses. Já no prazo a 12 meses houve descidas para o valor mais baixo de sempre. O indexante a três meses subiu 0,2 pontos base para -0,316%, segundo dados da Lusa. Isto depois de ter renovado mínimos históricos esta quinta-feira. Já a taxa a seis meses manteve-se em -0,217%, enquanto a Euribor a 12 meses desceu 0,3 pontos base para -0,081%, um novo mínimo histórico.
Euro prolonga descidas
A moeda única da Zona Euro segue a desvalorizar face ao dólar, depois do Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado esta quinta-feira, 8 de Dezembro, uma extensão do plano de compra de activos até Dezembro de 2017. O euro segue a descer 0,73% para 1,0538 dólares, perante a expectativa de que se mantenha a divergência monetária entre os EUA e a Zona Euro, a poucos dias da reunião da Reserva Federal dos EUA. O banco central norte-americano deverá anunciar uma subida de juros na próxima semana.
Arábia Saudita puxa pelo petróleo
Os preços do petróleo seguem a recuperar nos mercados internacionais, depois de a Arábia Saudita ter dado a indicação de que poderá cortar a sua produção, antes de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) se encontrar com outros produtores para discutir a redução de produção. O Brent, negociado em Londres, segue a avançar 0,35% para 54,08 dólares por barril, enquanto o WTI, em Nova Iorque, ganha 1,06% para 51,38 dólares por barril. Estas subidas surgem, assim, depois de a Saudi Aramco ter começado a informar os seus clientes, na noite desta quinta-feira, 8 de Dezembro, que a partir de Janeiro vai diminuir os envios de petróleo, de acordo com fontes da Bloomberg que pediram o anonimato.
Ouro cada vez menos brilhante
Os preços do ouro continuam a ser penalizados pela expectativa de que o banco central norte-americano irá subir os juros na próxima semana, acelerando o ritmo de subidas em 2017. O metal precioso cede 0,4% para 1.167,80 dólares por onça, mínimos de Fevereiro, elevando para cerca de 0,8% a queda acumulada nas últimas cinco sessões. Trata-se da quinta semana consecutiva de descidas, a maior série de quedas semanais desde Novembro de 2015.
(Notícia corrigida às 18:39 com cotação do preço do petróleo)