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Fecho dos mercados: Euro acima de 1,20 dólares e tensão na Coreia atiram bolsas para mínimos de seis meses
O índice europeu caiu mais de 1% para mínimos de seis meses. O euro cada vez mais forte e a aversão ao risco provocada pela tensão na Coreia do Norte pressionaram as acções do Velho Continente. Nos EUA, as bolsas praticamente apagaram as perdas após a confiança dos consumidores ter subido para máximos de cinco meses.
Os mercados em números
PSI-20 perdeu 0,35% para 5.111,37 pontos
Stoxx 600 desceu 1,04% para 368,42 pontos
S&P 500 cai 0,09% para 2.442 pontos
"Yield" a 10 anos de Portugal desce 1,1 pontos base para 2,85%
Euro ganha 0,44% para 1,2032 dólares
Petróleo desce 0,29% para 51,74 dólares, em Londres
Tensão na Coreia e euro forte ditam quedas nas bolsas
O Stoxx 600 perdeu 1,04%, caindo para mínimos de seis meses. As descidas foram generalizadas, com os 19 sectores do índice europeu no vermelho. As maiores descidas pertenceram às cotadas de media, seguradoras, banca e serviços financeiros. As quedas ocorrem numa altura em que os investidores voltaram a mostrar aversão ao risco devido ao escalar das tensões na Coreia do Norte. E em que têm cada vez mais cautelas em relação ao impacto da subida do euro nos resultados das empresas do Velho Continente.
"Penso que a correcção de hoje se deve mais ao euro forte que à questão da Coreia do Norte", considera Angelo Meda, gestor da Banor SIM, citado pela Reuters. Nos EUA, o S&P 500 depois de ter estado a descer 0,66%, restringiu a descida para 0,09% para 2.442 pontos. Isto depois do índice de confiança dos consumidores americanos ter saído acima do antecipado, subindo para máximos de cinco meses.
Já o PSI-20 acumulou a terceira sessão de descidas e negoceia em mínimos de três meses. Mas desta vez a queda foi mais contida que a do índice europeu. Perdeu 0,35%, com as subidas de 0,77% da Jerónimo Martins e de 0,58% da Galp a atenuarem a desvalorização. Em sentido contrário, as cotadas do sector do papel, as mais dependentes do dólar, tiveram descidas em torno de 2%. E o BCP cedeu 0,90%.
Juros descem antes de troca de dívida
A taxa das obrigações portuguesas a dez anos baixou 1,1 pontos base para 2,85%, no dia em que o Tesouro anunciou uma operação de troca de dívida para diminuir o risco de refinanciamento nos próximos anos. Ainda assim, a descida foi inferior à das taxas da dívida alemã, que beneficiou do seu estatuto de refúgio. A "yield" germânica a dez anos desceu 3,4 pontos base para 0,342%, o que levou o prémio de risco da dívida portuguesa a superar novamente os 250 pontos base.
Em Espanha e Itália os juros também aliviaram. Desceram 3,9 e 1,6 pontos base, respectivamente, para 1,562% e 2,066%. Isto depois de Mario Draghi ter referido na passada sexta-feira que a inflação na Zona Euro ainda não estava nos níveis pretendidos.
Euribor descem na maior parte dos prazos
As Euribor desceram na maior parte dos prazos. O indexante a três meses caiu 0,1 pontos base para -0,330%. A taxa a nove meses desceu também 0,1 pontos base para -0,212%. A Euribor a 12 meses diminuiu também 0,1 pontos base para -0,160%. A excepção foi a taxa a seis meses, que ficou inalterada em -0,273%, segundo dados da agência Lusa.
Euro imparável
A moeda única continua a ganhar força. Superou a barreira dos 1,20 dólares pela primeira vez desde Janeiro de 2015. Ganha 0,44% para 1,2032 dólares. A tendência de subida do euro ocorre numa altura em que existe incerteza sobre o ritmo da subida de juros nos EUA. Por outro lado, na passada sexta-feira, na conferência de Jackson Hole, Mario Draghi não fez referências ao valor da taxa de câmbio, o que o mercado interpretou como um sinal de que o presidente do BCE não vê os actuais valores como uma preocupação.
"O mercado está ainda a digerir os comentários de Draghi em Jackson Hole e as perspectivas para os EUA são difíceis", referiram os analistas do Commerzbank, citados pela Reuters. O índice que mede o desempenho do dólar cai 0,15%. E as moedas vistas como refúgio, como o franco suíço e o iene tiveram das maiores subidas do dia. A divisa helvética sobe 0,74% face ao dólar e a moeda nipónica avança 0,20%. Isto apesar da proximidade geográfica entre o Japão e a Coreia do Norte e de o país ter sido sobrevoado por um míssil lançado por Pyongyang.
Petróleo sob pressão
O encerramento temporário de refinarias nos EUA devido à tempestade Harvey continua a pesar nos preços do petróleo. A suspensão da actividade retirou capacidade de absorção da oferta de crude. Segundo os analistas do Barclays, citados pela Reuters, "a capacidade de refinação de entre dois a três milhões de barris por dia está suspensa ou em vias de parar". O West Texas Intermediate, que serve como referência para os EUA, desce 1,33% para 45,95 dólares. Já o Brent desce 0,29% para 51,74 dólares.
Ouro serve de porto de abrigo
O ouro voltou a ser um dos portos de abrigo de eleição dos investidores, numa altura em que as preocupações em torno da Coreia do Norte aumentam e em que o dólar perde valor. O metal amarelo negoceia no valor mais alto desde Novembro do ano passado. Sobe 0,61% para 1.318,07 dólares.