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Fecho dos mercados: Bolsas europeias com o melhor trimestre desde 2015. Petróleo não subia tanto desde 2009
O trimestre correu de feição para os investidores. Apesar dos receios sobre a economia, as bolsas acumularam o maior ganho trimestral desde 2015, o petróleo disparou para máximos de novembro, naquele que foi o trimestre com a maior subida da década. Já os juros portugueses registaram um alívio acentuado.
Os mercados em números
PSI-20 subiu 0,56% para 5.206,61 pontos
Stoxx 600 avançou 0,6% para 379,09 pontos
S&P 500 valoriza 0,45% para 2.827,98 pontos
"Yield" a 10 anos de Portugal recua 2,2 pontos base para os 1,245%
Euro recua 0,01% para 1,222 dólares
Petróleo valoriza 0,80% para 63,36 dólares por barril, em Londres
Bolsas europeias com o melhor trimestre desde 2015
As bolsas europeias fecharam a última sessão da semana a subir, num trimestre marcado por uma valorização pronunciada das praças europeias. No acumulado dos primeiros três meses de 2019, o Stoxx600 sobe mais de 12%, o que representa o maior ganho trimestral desde 2015.
As bolsas europeias recuperam assim do "sell off" vivido no final do ano passado e que retirou milhares de milhões às praças mundiais. O arranque do ano está assim a ser de recuperação, numa altura em que a pesar no otimismo dos investidores têm estado os receios sobre a evolução da economia mundial. Receios que têm sido atenuados pela postura assumida pelos bancos centrais mundiais, que têm reiterado o apoio à economia mantendo estímulos e adiando o aumento das taxas de juro.
Ainda assim, nestes primeiros três meses do ano, março foi o que representou o ganho mais moderado (1,6%), com a última sessão a contribuir bastante para este desfecho. O Stoxx600 subiu esta sexta-feira 0,6%.
Na bolsa nacional, o PSI-20 terminou o dia a apreciar 0,56% para 5.206,61 pontos, elevando para 10% o ganho no trimestre. À semelhança das bolsas europeias, este foi o melhor trimestre da bolsa nacional dos últimos quatro anos.
Juros portugueses em mínimos históricos arrecadam melhor trimestre em ano e meio
Após uma curta subida ontem, os juros portugueses voltaram a aliviar na última sessão da semana. Esta sexta-feira, 29 de março, os juros da dívida portuguesa a dez anos baixaram 2,2 pontos base para os 1,245%, um novo mínimo histórico.
Feitas as contas, este primeiro trimestre de 2019 foi o melhor desde o terceiro trimestre de 2017. Ao todo, os juros portugueses aliviaram 46,7 pontos base entre o início de janeiro e o final de março.
A queda dos juros das dívidas soberanas foi transversal a vários países numa altura em que os investidores temem os efeitos da travagem económica nos resultados das cotadas, procurando "ativos de refúgio" em alternativa às ações.
No caso da Alemanha, os juros da dívida a 10 anos estão a negociar em terreno negativo pela primeira vez desde 2016. Ou seja, na prática, os investidores estão a "pagar" ao país para lhe emprestar dinheiro. Hoje os juros estão a aliviar 0,1 pontos base para os -0,071%.
Os juros de Itália, que tinham sido bastante penalizados em 2018, também estão em queda. Na sessão de hoje aliviam 0,1 pontos base para os 2,484%. Já os juros de Espanha estão a subir 0,6 pontos base para os 1,096%, diminuindo assim o "spread" entre os juros espanhóis e os portugueses.
Euro com a maior série de quedas em quatro anos
A moeda única europeia fechou o trimestre com uma queda de 2%, elevando para quatro o número de trimestres consecutivos de quedas. Este cenário já não se observava há quatro anos. Foi precisamente no início de 2015 que o euro fechou um ciclo de quedas consecutivas. A descida recente está relacionada com o fortalecimento do dólar, que beneficiou primeiro de subidas de juros por parte da Fed e depois do estatuto de refúgio, com os investidores a tentarem proteger-se da incerteza na divisa americana.
Desde 2009 que o petróleo não subia tanto num trimestre
As cotações do "ouro negro" seguem em alta nos principais mercados internacionais, a caminho da maior subida trimestral da última década. As sanções dos EUA impostas ao Irão e à Venezuela, bem como o cumprimento dos cortes de produção acordados no âmbito da OPEP + (membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e outros aliados, como a Rússia), têm sustentado esta tendência e ajudado a dissipar um pouco os receios de menor procura devido à desaceleração económica mundial.
O West Texas Intermediate (WTI) para entrega em maio segue a somar 1,21% para 60,02 dólares por barril. Também o Brent do Mar do Norte – que é negociado em Londres e serve de referência às importações portuguesas – segue no verde, com os preços do contrato para entrega em maio a valorizarem 0,80% para 63,36 dólares.
Paládio com maior queda semanal em três anos
O paládio continua a ceder terreno, rumo à maior queda semanal em mais de três anos, numa altura em que a atenção dos investidores se virou para a procura num contexto de receios em torno do abrandamento económico global. Este metal precioso tem sido bastante procurado pelas fabricantes automóveis de modo a cumprirem os controlos mais rígidos em matéria de emissões poluentes, uma vez que o paládio é uma componente-chave nos aparelhos de controlo da poluição para automóveis e camiões e cerca de 80% do paládio acaba nos exaustores dos carros. É também utilizado na eletrónica, joalharia e odontologia.
Acontece que nas últimas semanas a procura por este metal branco tem diminuído, dado que muitas fabricantes automóveis já compraram maiores quantidades e com bastante antecipação – uma vez que se estima que 2019 será o oitavo ano consecutivo de défice de paládio nos mercados. Foi isso que fez o metal atingir a 21 de março um máximo histórico de 1.614,88 dólares por onça. Mas esta semana está a perder 11%, algo que já tinha sido prognosticado pelos fundos de cobertura de risco que, por isso mesmo, reduziram as suas apostas na subida do metal. No mercado spot, em Nova Iorque, o paládio segue hoje a recuar 2,9% para 1.351,51 dólares. (como o dólar, o iene e o franco suíço) em tempos de incerteza nos mercados.