Notícia
Inflação nos EUA tinge de vermelho Europa e Wall Street. Juros das "bunds" superam 1,5%
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados durante esta quinta-feira.
Ouro escala mais de 1% com corrida a refúgio. Euro perde quase 1%
O ouro está a valorizar mais de 1% esta sexta-feira depois de a inflação acima do esperado nos Estados Unidos em maio ter provocado um "sell-off" em Wall Street.
Os investidores procuram os ativos-refúgio e o metal amarelo avança 1,34%, para 1.872,74 dólares por onça.
Já o euro recua perto de 1% face à rival norte-americana, com o dólar, outro ativo-refúgio, a beneficiar da perspetiva de que a Reserva Federal (Fed) vai manter ou mesmo endurecer a política monetária.
O euro caía 0,95%, cotando nos 1,0516 dólares.
Petróleo cai com perspetiva de maior endurecimento da Fed
Os preços do "ouro negro" seguem em queda, depois de os dados da inflação de maio nos EUA ficarem acima do esperado, renovando máximos dos últimos 40 anos.
Estes dados da inflação aumentam as apostas num maior endurecimento por parte da Fed para conter a escalada dos preços, o que poderá afetar a procura por combustível.
Em Londres, o contrato de agosto do Brent do Mar do Norte, que é a referência para as importações europeias, segue a cair 1,89% para 120,74 dólares por barril.
Já o West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, cede 1,79% para 119,34 dólares por barril.
Inflação americana derruba bolsas europeias
A inesperada subida na inflação dos EUA em maio, para 8,6%, máximo de 40 anos, está a castigar tanto Wall Street como as bolsas no Velho Continente.
O índice pan-europeu Stoxx600 caiu 2,69%, para 422,71 pontos, mínimo desde 10 de maio.
Nas principais praças da Europa ocidental as quedas oscilaram entre os 2,12% e os 5,17%.
O londrino FTSE caiu 2,12%, para 7.317,52 pontos, enquanto o alemão DAX30 recuou 3,08%, o parisiense CAC40 perdeu 2,69% e o espanho Ibex35 cedeu 3,68%. Já o italiano FTSE MIB afundou 5,17%, a maior queda desde março.
A inflação do outro lado do Atlântico foi um segundo "murro no estômago" das bolsas europeias, que ainda digeriam os anúncios da véspera do BCE.
"A taxa de inflação em maio vai gerar receios de que a escalada dos preços esteja a acelerar e a alargar-se", referiu à Bloomberg Richard Flynn, "managing director" da Charles Schwab UK.
"Acrescentando os persistentes problemas nas cadeias de fornecimento e o impacto económico da invasão russa da Ucrânia à ameaça da inflação é facil de perceber porque é que o medo de um abrandamento económico ou mesmo recessão têm vindo a crescer bastante", acrescentou.
Juros da dívida agravam-se na Europa. "Yields" das "bunds" acima de 1,5%
A inesperada subida da inflação nos EUA para 8,6% em maio, máximo de quatro décadas, veio acelerar a subida dos juros das dívidas soberanas na Zona Euro, que já se tinham agravado com os anúncios de ontem do BCE de que iria terminar a compra líquida de dívida a 1 de julho, tendo ainda indicado uma subida de 25 pontos base nas taxas diretoras em julho e outra, que admite que poderá ser superior, em setembro.
As "yields" das "bunds" alemãs a 10 anos, referência para o mercado da dívida na Europa, avançaram 8,9 pontos base, para 1,511%. É a primeira vez desde 2014 que a fasquia dos 1,5% é ultrapassada.
Como tem sido habitual, os países do sul foram ainda mais castigados. A "yield" da dívida grega a 10 anos escalou 27,9 pontos base, para 4,363%, enquanto na dívida italiana a subida cifrou-se em 16,4 pontos, para 3,752%, máximo desde 2014.
Portugal não escapou a esta tendência e viu os juros da dívida a 10 anos subirem 14,8 pontos, para 2,776%, o valor mais elevado em praticamente cinco anos. No país vizinho o agravamento foi ainda maior: 15,8 pontos, para os 2,768%, colocando os juros dos dois países ibéricos quase a par.
Inflação norte-americana arrasta Wall Street para terreno negativo
Os números da inflação nos Estados Unidos derrubaram os mercados e Wall Street arrancou a sessão no vermelho, em linha com a Europa e a Ásia.
O índice industrial Dow Jones segue a ceder 1,74% para 31.711,52 pontos e o Standard & Poor’s 500 recua 1,88% para 3.942,29 pontos. Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite desvaloriza 2,04%, fixando-se nos 11.514,13 pontos.
A taxa de inflação norte-americana situou-se nos 8,6% em maio, ficando acima das estimativas, que apontavam para os 8,3%. Os investidores antecipam agora três subidas de 50 pontos base das taxas de juro, pela Fed, em junho, julho e setembro.
"Foi muito quente. Os dados sugerem que as pressões inflacionistas permanecem bastante fortes", considerou Aichi Amemiya, economista sénior do Nomura, citada pela Reuters.
Índices europeus em queda, no rescaldo do BCE e à espera da inflação dos Estados Unidos
Uma onda vermelha atingiu esta manhã a negociação das principais praças europeias que seguem todas a esta hora a negociar com perdas.
Pelas 10h30 (hora de Lisboa) o alemão Dax recuava 1,48%, o francês CAC-40 desvalorizava 1,25%, o italiano FTSEMIB perdia 2,53%, o britânico FTSE 100 cedia 1,09% e o espanhol IBEX 35 descia 1,59%. Em Amesterdão, o AEX registava um decréscimo de 0,99%, o menos expressivo do bloco. Lisboa acompanha a tendência a ceder 1,41%.
Já o Stoxx 600, "benchmark" para a Europa e que agrega as principais empresas do continente, cedia 1,25% para os 428,95 pontos com todos os setores no vermelho. A banca (-2,32%) e o imobiliário (-2,26%) são os que mais pesam com recuos superiores a 2%. As tecnológicas (-0,92%) registam a esta hora a queda menos expressiva.
Os mercados europeus continuam a reagir aos anúncios desta quinta-feira do BCE e olham também, hoje, com alguma apreensão para os dados da inflação nos Estados Unidos, que os analistas estimam ter ultrapassado os 8% em maio.
"Hoje será um dia chave, se os números dos EUA ultrapassarem 8,3%, os tambores da inflação soarão altos novamente", afirmou Angel Olea, diretor de investimentos da Abante Asesores em Madrid, citado pela Bloomberg. "Vemos mais riscos na Europa no curto prazo, com a sensação geral de que o BCE não pode fazer muito mais para controlar os preços e sustentar a economia."
Juros dos países periféricos continuam a bater máximos
Os juros das dívidas soberanas dos países da zona euro, com maturidade a dez anos, estão esta manhã a negociar de forma mista, após o Banco Central Europeu ter anunciado o fim das compras líquidas de dívida a 1 de julho e ter indicado uma subida de 25 pontos base nas taxas diretoras no próximo mês, admitindo que em setembro haverá nova subida, eventualmente de maior dimensão.
As "bunds" alemãs a 10 anos, a referência para o mercado de dívida na Europa, caem 2,8 pontos base, para 1,394%. Em França, os juros aliviam 1,1 pontos base para uma taxa de 1,964%.
No entanto, nos países periféricos as "yields" continuam a agravar e a bater máximos. No caso da dívida portuguesa a 10 anos os juros sobem 1,4 pontos base, para 2,642%.
Em Espanha, as "yields" na mesma maturidade avançam 2,3 pontos, para 2,633%, enquanto em Itália a subida é a mais expressiva, de 3,1 pontos, para 3,621%.
Euro e ouro cedem. Dólar avança
O euro continua a sofrer o "efeito BCE" e segue a ceder face às principais divisas rivais. Cai 0,49% face ao iene japonês, recua 0,15% em relação ao franco suíço e está na linha de água, a recuar 0,03% contra o dólar. A única exceção é a libra esterlina, face à qual a moeda única avança uns ligeiros 0,06%.
Já o índice do dólar da Bloomberg – que compara a nota verde com 10 divisas rivais – segue a somar 0,25% para 103,248 pontos.
Com o dólar a registar ganhos, o ouro assiste a um declínio de 0,12% para 1,845.74 dólares por onça.
Na próxima semana será a vez de a Reserva Federal norte-americana se reunir e é esperado um aumento das taxas de juro em 50 pontos base, numa altura em que a inflação no país atinge o valor mais alto em quatro décadas.
China volta a abrandar preços do petróleo
As negociações de petróleo estão esta sexta-feira a ceder, encurtando os ganhos da sétima semana consecutiva do crude.
A esta hora, em Londres, o Brent do Mar do Norte, que é a referência para as importações europeias, recua 0,60% para 122,33 dólares por barril. Já o West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, cede 0,56% para 120,83 dólares por barril.
A pressionar o petróleo está a expetativa de novos confinamentos devido à covid-19 na China, concretamente em Xangai, mesmo apesar de, no geral, o país estar a levantar de forma cautelosa algumas das restrições mais apertadas. Os investidores avaliam o impacto de cada decisão na procura de crude, uma vez que a China é o maior comprador mundial do chamado "ouro negro".
"O sentimento da procura será neutro na melhor das hipóteses", indicou Vandana Hari, fundadora da Vanda Insights, à Bloomberg. "O menor consumo na China tem sido compensado pelo aumento do verão nos EUA. O impulso para cima nos preços é inteiramente do lado da oferta."
O petróleo tem estado em rota ascendente desde a invasão militar da Ucrânia pela Rússia, e consequentes sanções ao regime de Moscovo, um dos maiores exportadores de crude do mundo.
O Goldman Sachs subiu nesta semana as suas previsões de preços para 2023, enquanto a OPEP alertou que a maioria dos membros está "no limite" da produção.
Futuros apontam para arranque da sessão a vermelho na Europa
Os futuros das bolsas europeias antecipam a esta hora uma abertura em queda, com os investidores ainda a digerir as palavras de Christine Lagarde. A presidente do Banco Central Europeu confirmou para julho um aumento de 25 pontos base das taxas de juro diretoras nos países da moeda única, não descartando uma subida mais acentuada em setembro.
Às primeiras horas da manhã, tanto o Stoxx 50 como o Stoxx 600 cediam 0,50%, com pelo menos 10.000 euros em ações a serem negociados antes da abertura do mercado europeu.
Para esta sexta-feira, a atenção dos mercados vira-se para os Estados Unidos, onde serão conhecidos os números da inflação de maio. Os analistas querem entender se já foi ou não atingido o pico no índice dos preços do consumidor.
Pela Ásia, a sessão foi também de perdas, com as principais bolsas a apagarem os ganhos da semana, pressionadas pelo setor tecnológico que cedeu face aos receios em relação a legislação na China, aos confinamentos devido à covid-19 e a um abrandamento geral da economia.
Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 0,4% e Xangai derrapou 0,5%. Na Coreia do Sul, o Kospi desvalorizou 1,2% enquanto pelo Japão, o Topix recuou 1% e o Nikkei desvalorizou 1,4%.