Europa em queda após míssil atingir Polónia e inflação fustigar Reino Unido

As bolsas europeias fecharam a negociação desta quarta-feira em terreno negativo, naquela que foi a maior queda em cinco semanas e após quatro dias de ganhos. A queda acontece numa altura em que os investidores avaliam os impactos de uma escalada da inflação do Reino Unido, que atingiu hoje um recorde de 41 anos, e as tensões resultantes da queda de um míssil na Polónia.

O Stoxx 600 - referência para a Europa - recuou 0,99% para 430,15 pontos. A queda do índice surge também depois de dados robustos do retalho nos EUA terem contribuído para um menor otimismo em relação à disponibilidade da Reserva Federal de aliviar a sua política monetária.

O setor alimentar foi o que teve melhor desempenho, enquanto o do retalho e automóvel cairam.

Nas restantes praças europeias, o alemão Dax caiu 1%, enquanto o francês CAC-40 desvalorizou 0,52%, o espanhol Ibex recuou 1%, o italiano FTSE Mib perdeu 0,68%, em Amesterdão o Aex desceu 1,02% e o britânico FTSE 100 diminuiu 0,25%.

Os investidores estiveram ansiosos durante o dia de hoje, depois de um míssil ter atingido uma localidade polaca perto da fronteira com a Ucrânia, com os EUA a dizerem que a explosão foi causada pelo sistema de defesa anti-míssil ucraniano, e não diretamente pela Rússia - ainda que o escudo estivesse a tentar travar um bombardeamento russo à Ucrânia.

Juros aliviam de forma expresiva na Zona Euro com boas notícias vindas da Polónia

Os juros aliviam na Zona Euro, num dia de calmaria para os mercados, depois de a Polónia ter desconvocado a NATO, na sequência do míssil que caiu no país.

A "yield" das "Bunds" alemãs a dez anos – referência para o mercado europeu – alivia 10,9 pontos base para 1,992%.

Por sua vez, os juros das obrigações italianas a dez anos subtraem 12,3 pontos base para 3,917%.

Na Península Ibérica, a "yield" da dívida nacional a dez anos cai 9,7 pontos base para 2,946%. Já a "yield" das obrigações espanholas com a mesma maturidade cai 10,7 pontos base para 3,001%.

Petróleo cai com retoma de operações do oleoduto Druzhba

Os preços do "ouro negro" seguem a negociar no vermelho, depois de as exportações de crude russo através do oleoduto Druzhba, para a Hungria, terem retomado – levando assim a uma inversão das cotações, que estavam a subir devido ao ataque a um petroleiro na costa de Omã.

Em Londres, o Brent do Mar do Norte, que é a referência para as importações europeias, segue a ceder 1,64% para 92,32 dólares por barril.

Já o West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, recua 2,23% para 84,98 dólares por barril.

Ouro cede ligeiramente

O ouro segue a recuar ligeiramente, tendo estabilizado acima da linha dos 1.700 dólares por onça. O metal amarelo valorizou na terça-feira, após ter sido conhecido que um míssil caiu em território polaco, levantando a possibilidade de ter sido um ataque russo. Contudo, os discursos dos dirigentes europeus e norte-americanos, esta quarta-feira, acalmaram os ânimos. 

O metal amarelo desce 0,20% para os 1.775,30 dólares por onça, ao passo que a platina recua 0,83% para os 1.009,95 dólares e o paládio cede 2,22% para os 2.059,39 dólares.

Tanto o secretário-geral da Nato, Jens Stoltenberg, como o presidente norte-americano, Joe Biden, disseram hoje que o míssil que caiu na Polónia - e matou duas pessoas - terá sido, na verdade, um acidente causado pelo sistema de defesa ucraniano. Também a Polónia disse que não iria invocar o artigo 4.º da NATO, que prevê consultas entre os Estados-membros quando o país se sente ameaçado por outro.

Euro avança depois de Polónia desconvocar NATO

O euro avança 0,29% para 1,0379 dólares, horas depois de o Presidente da Polónia, Andrzej Duda, ter defendido esta quarta-feira que o míssil que ontem caiu em solo polaco terá, afinal, sido lançado pela Ucrânia.  

A informação foi avançada pela agência EFE, que acrescentou que o país não invocará o artigo 4.º da NATO, que prevê consultas entre os Estados-membro quando o país se sente ameaçado por outro.

Já o índice do dólar da Bloomberg – que mede a força da "nota verde" contra 10 divisas rivais – negoceia na linha d’ água (-0,04%) em 106,36 pontos.

Wall Street abre mista com alerta vermelho da Target. Retalhista afunda 14%

Wall Street arrancou a sessão de forma mista, com os investidores a digerirem o sinal de alerta da Target, que registou uma queda nas vendas no último trimestre do ano, devido ao aumento da inflação e às "mudanças dramáticas" a que se assiste nas despesas dos consumidores, o que levou a uma redução da procura.

O industrial Dow Jones cresceu 0,10% para 33.626,26 pontos, enquanto o S&P 500 perde 0,35% para 3.978,23 pontos. Já o tecnológico Nasdaq Composite desvaloriza 0,93% para 11.252,58 pontos.

A Target anunciou ainda que pretende lançar um plano de corte de custos para poupar entre dois mil milhões a três mil milhões de dólares em três anos, mas recusou-se a avançar com detalhes específicos sobre este plano. No entanto, assegurou que o congelamento de novas contratações e os despedimentos em massa não estão em cima da mesa neste momento.

"Claramente, este é um ambiente em que os consumidores ficaram sob stress", explicou o CEO da Target, Brian Cornell, citado pela Reuters.

A bolsa norte-americana acordou assim com a preocupação de que a inflação possa pressionar os resultados do retalho. Perante esta estimativa a Target tomba 14,07%, acompanhada de outros "players" do setor como a Macy's, que desliza 7,34%. Já a Costco valoriza 0,75% e a Walmart sobe 1,54%.

Em outubro, as vendas a retalho nos EUA subiram 1,3%, acima da expectativa dos economistas consultados pela Reuters, que previam que as vendas acelerassem 1%.

Entre os principais movimentos de mercado, destacam-se ainda as ações da Digital World Acquisition, a empresa que serve de veículo para a entrada em bolsa da rede social de Donald Trump - a Truth Social -, que cai 6,98%, horas depois do anúncio de recandidatura do ex-presidente.

Europa abre pintada de vermelho. Apenas índice britânico escapa

As bolsas europeias deram início à negociação desta quarta-feira pintadas de vermelho, com os investidores a analisarem a inflação no Reino Unido - que atingiu máximos de 41 anos - e a queda de mísseis na Polónia.

O Stoxx 600 - referência para a Europa - perde 0,53% para os 432,13 pontos. Dos 20 setores que compõem o índice, o automóvel e o imobiliário são os que mais pressionam, com perdas de 2,89% e 2,93%. 

Nas restantes praças europeias, o alemão Dax - que ontem entrou em "bull market" - recua 0,53%, o francês CAC-40 cede 0,06%, o italiano FTSE Mib desce 0,26%, o espanhol Ibex desvaloriza 0,59% e o Aex, em Amesterdão, perde 0,08%. Apenas o britânico FTSE 100 segue a negociar com ganhos, estando a subir 0,12%. 

A inflação em níveis máximos no Reino Unido - atingiu os 11,1% em outubro - e a queda de mísseis em território da NATO colocaram um travão ao "rally" das bolsas, que têm negociado com ganhos, sobretudo após o recuo do aumento dos preços nos Estados Unidos.

"Qualquer subida nas bolsas só pode ser mantido se os bancos centrais terminarem as subidas de juro ou anunciarem que o vão fazer em breve e que a inflação está a descer", afirma Joachim Klement, analista na Liberum Capital, salientando que nenhuma destas condições é, para já, uma realidade.

Juros mistos na Zona Euro

Os juros da dívida soberana dos países da Zona Euro seguem em diferentes sentidos, à medida que novas informações vão sendo conhecidas sobre o que terá acontecido na Polónia. 

Depois de na terça-feira terem aliviado, os juros das "bunds" alemãs com maturidade a dez anos segue agravam 1 ponto base para 2,111%, enquanto a "yield" da dívida italiana recua 4 pontos base para 4,001%.

Já os juros da dívida francesa cedem 0,8 ponto base para 2,586% e os juros da dívida espanhola perdem 0,5% para 3,103%. Por cá, a "yield" da dívida portuguesa recua 1,9% para 3,025%. 

Fora da Zona Euro, os juros da dívida britânica aceleram 3,2 pontos base para 3,317%.

Euro avança face ao dólar

O euro segue a valorizar face ao dólar, tendo recuperado das perdas registadas na sequência da queda de mísseis na Polónia.

A moeda única europeia sobe 0,59% para 1.0410 dólares. 

Já o índice do dólar da Bloomberg  – que mede a força da nota verde contra dez divisas rivais – perde 0,19% para os 106.212 pontos.

Os mercados reagiram de imediato à situação na Ucrânia, com receios de que a queda de mísseis na Polónia - território da NATO - levasse a uma escalada da guerra.

"Se os mísseis não vieram da Rússia, a conclusão é que não se trata de um ato de guerra provocativo adicional. E isso é, de alguma forma, uma notícia positiva", afirma Richard Grace, analista da InTouch Capital Markets, à Bloomberg.

Ouro estabiliza após palavras de Biden

O ouro segue a negociar com ligeiras perdas, tendo estabilizado na linha dos 1.770 dólares por onça. O metal amarelo encontrou alguma estabilidade após o presidente norte-americano, Joe Biden, ter dito que "é improvável" que o míssil que esta terça-feira caiu na Polónia tenha sido disparado da Rússia. 

O metal precioso desce 0,08% para os 1.777.54 dólares por onça, enquanto a platina sobe 0,06% para os 1.018,97 dólares e o paládio cede 0,87% para os 2.087,82 dólares.

O ouro é habitualmente procurado como ativo-refúgio em períodos de tensão geopolítica, mas os ânimos acalmaram após as palavras de Joe Biden.

Petróleo e gás natural cedem perante incerteza geopolítica

O petróleo segue a desvalorizar, numa altura em que os investidores ponderam uma possível escalada da guerra na Ucrânia, após a queda de mísseis na Polónia.

O West Texas Intermediate (WTI) - negociado em Nova Iorque - perde 0,69% para 86,32 dólares por barril, enquanto o Brent do Mar - referência para as importações europeias - recua 0,46% para 93,43 dólares por barril.

A queda de dois mísseis na Polónia, esta terça-feira, é mais um elemento de volatilidade para os investidores, que pesam os sinais de um aperto no mercado e mostram preocupações quanto a um abrandamento da economia.

Já o preço do gás natural segue a cair, travando os fortes avanços registados esta semana. Os futuros do gás negociado em Amesterdão - referência para o mercado europeu - cedem 5,5% para os 117,250 euros por megawatt-hora.

Europa aponta para arranque no vermelho. Ásia regista perdas

As bolsas europeias apontam para um arranque de negociação em terreno negativo, num dia em que os embaixadores da NATO vão reunir-se de emergência para debater a situação na Polónia. O país foi atingido por dois mísseis russos na terça-feira, estando ainda por apurar se estes foram disparados da Rússia, que ontem intensificou os ataques contra a Ucrânia.

Os futuros do Euro Stoxx 50 cedem 0,1%.

Também na Ásia os mais recentes desenvolvimentos pressionaram os índices, tendo a sessão encerrado maioritariamente no vermelho. Apenas a bolsa japonesa Nikkei registou ligeiros ganhos.

Pela China, o tecnológico Hang Seng caiu 1,06% enquanto Xangai desceu 0,45%. Pelo Japão, o Nikkei avançou 0,14% e o Topix cedeu 0,04%. Pela Coreia do Sul, o Kospi recuou 0,12%.

A queda de dois mísses russos na Polónia, numa localidade junto à fronteira com a Ucrânia, voltou a deixar os investidores cautelosos, após uma semana marcada por fortes ganhos.

O aumento de casos de covid-19 na China também levantou dúvidas quanto a um alívio da política "zero casos" na segunda maior economia do mundo.