Notícia
Fed derruba ouro e petróleo. Euro volta a valer menos de um dólar. Juros agravam-se
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados durante esta quinta-feira.
Europa em maré vermelha. Itália tomba mais de 3%
Os principais índices bolsistas da Europa ocidental encerraram o dia no vermelho a caminho de uma semana negativa, depois de Bruxelas ter divulgado as "Previsões Económicas de Verão" onde são revistas em baixa as estimativas de crescimento na União Europeia e na Zona Euro. Já relativamente à inflação a UE prevê uma subida para 7,6% (e não 6,1% como avançado anteriormente) nos países da Zona Euro e para 8,3% (ao invés de 6,8%) nos 27 Estados-membros.
Esta quarta e quinta-feira ficaram ainda marcadas pela divulgação de vários dados nos Estados Unidos mais negativos do que era antecipado - em particular a inflação -, que aumentam ainda mais os receios de uma contração da maior economia mundial.
O índice de referência para o Velho Continente, Stoxx 600, registou uma queda de 1,53% para 406,50 pontos. A registarem as maiores perdas estiveram setores como as matérias-primas, a banca e o petróleo e gás que caíram mais de 3%. Em terreno positivo esteve apenas um setor, o das viagens, que valorizou 0,51%.
Esta quinta-feira foram também divulgados os resultados trimestrais do JPMorgan e Morgan Chase que mostraram resultados abaixo do esperado. O JPMorgan anunciou ainda que ia suspender temporariamente o programa de recompra de ações.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão Dax cedeu 1,86%, o francês CAC-40 desvalorizou também 1,41%, o britânico FTSE 100 perdeu 1,63% e o espanhol IBEX 35 caiu 1,77%. Em Amesterdão, o AEX registou um decréscimo de 0,93%.
O italiano FTSEMIB recuou 3,44%, num dia de altas emoções em Itália depois do primeiro-ministro Mario Draghi ter sobrevivido a uma moção de censura, mas ter anunciado na tarde desta quinta-feira que ia entregar a demissão ao presidente ainda hoje.
Com exceção de Milão, a bolsa portuguesa foi a mais penalizada, com uma queda de 1,9%, pressionada principalmente pelas energéticas.
Juros agravam-se. Itália foi a que mais subiu, com crise política no país
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a agravar, com os resultados da inflação mais elevados do que esperado e pedidos de subsidio de desemprego nos Estados Unidos aumentam os receios de uma recessão económica.
Os juros da dívida italiana a dez anos são os que mais sobem, juntamente com os de Portugal, com um aumento de 11,1 pontos base para 3,236%, registando o maior "gap" face à dívida alemã no período de um mês. Isto numa altura em que o governo de Mario Draghi tem estado sob pressão, depois de o partido Cinco Estrelas ter anunciado que ia sair da coligação governamental. Esta quinta-feira Draghi sobreviveu a uma moção de censura no parlamento, mas o primeiro-ministro já anunciou que entrega ainda hoje a sua carta de demissão ao Presidente italiano, Sergio Mattarella.
A yield das bunds alemãs com a mesma maturidade – referência para o mercado europeu – está a agravar-se 3,3 pontos base para 1,170%. Já os juros da dívida espanhola sobem 9 pontos base para 2,324%. Por cá, a yield da dívida portuguesa agrava 11,1 pontos base para 2,348%.
Euro volta a valer menos de um dólar
O euro está derrapar 0,97%, a cotar-se em 0,9961 dólares, depois de esta quarta-feira a moeda única ter entrado em paridade com a nota verde. Alguns analistas apontam para que esta queda seja para continuar.
"Os mercados começam a incorporar nos preços as perspetivas mais pessimistas. Não surpreenderá que se chegue aos 0,97 ou aos 0,95 dólares relativamente ao euro", alerta Ricardo Evangelista, diretor da ActivTrades, ao Negócios.
O índice do dólar da Bloomberg – que compara a nota verde com 10 divisas rivais – alcançou esta quinta-feira um novo recorde desde que foi criado em 2005, ao alcançar os 109,294 pontos, superando o pico histórico alcançado durante a pandemia. Entretanto, o índice aliviou ligeiramente para 109,142 pontos.
A escalada está a ser alimentada por uma perspetiva de que a Reserva Federal norte-americana (Fed) endureça (ainda) mais a sua política monetária para fazer frente à inflação que acelerou em junho para 9,1%. Desde o início do ano, o índice do dólar da Bloomberg acompanhou a política mais agressiva da Fed, tendo subido 10% durante este período.
Também o índice do ICE, indicador que mede a força do dólar, mas apenas contra moedas de países desenvolvidos - dando, por isso, mais peso ao euro -, superou o pico da pandemia e alcançou o nível mais forte em duas décadas.
"Parece que o 'rally' do dólar é para continuar por algum tempo, pelo menos até o [banco central] dar sinais de que não é necessário um endurecimento tão agressivo", comentou Wai Ho Leong, estratega da Modular Asset Management, em declarações à Bloomberg.
"Podemos estar a chegar a um ponto de inflexão, mas é difícil dizer quando é que esta mudança acontecerá", acrescentou.
Ouro em mínimos de 11 meses, à espera de Fed mais dura
O ouro caiu para mínimos de 11 meses, com os investidores a voltarem-se novamente para o dólar como ativo refúgio, à medida que reina a expectativa de um maior endurecimento da política monetária da Reserva Federal norte-americana (Fed).
O metal amarelo perde 1,99% para 1.701,04 dólares. Paládio, platina e prata seguem esta tendência negativa.
Este movimento dos metais preciosos surge um dia depois de serem divulgados os números da inflação nos EUA em junho. O índice de preços no consumidor tocou em 9,1%, superando assim as estimativas dos economistas, ouvidos pela Bloomberg e Dow Jones, que apontavam para 8,8%.
Esta aceleração da inflação abriu assim a porta para um maior aumento das taxas de juro diretoras no próximo encontro da Fed, marcado para este mês.
"Ainda está a ser incorporado pelo mercado a possibilidade de uma subida das taxas de juro em 100 pontos base na próxima reunião, de acordo com o Fed Fund Futures. Face a este cenário o ouro ainda pode cair", explicou o analista do Commerzbank, Daniel Briesemann, citado pela Bloomberg.
Pedidos de subsídio de desemprego nos EUA fazem mossa em Wall Street
Wall Street está a negociar em terreno negativo, continuando com a queda registada na quarta-feira, quando foram divulgados dados da inflação acima do esperado - 9,1% - valor mais alto em mais de 40 anos.
Esta quinta-feira foram também divulgados os pedidos dos subsídios de desemprego nos Estados Unidos que registaram máximos de quase oito meses, acima das expectativas dos analistas, com uma subida de nove mil pedidos na semana que termina a 8 de julho, face à semana anterior.
O industrial Dow Jones cai 1,89% para 30.191,03 pontos, enquanto o "benchmark" mundial por excelência S&P 500 perde 1,80% para 3.733,39 pontos. Já o tecnológico Nasdaq Composite cede 1,65% para 11.062,64 pontos.
No setor da banca, o JP Morgan revelou resultados trimestrais que ficaram abaixo das expectativas de mercado e adiantou que ia suspender temporariamente o programa de recompra de ações - o banco perde em bolsa 4,30%. Também o Morgan Stanley apresenta esta quinta-feira resultados, numa altura em que regista uma queda de 2,73%.
Uma subida em 100 pontos base por parte da Reserva Federal norte-americana, ao contrário dos 75 previstos, é agora bastante provável, indicam vários analistas consultados pela Bloomberg. Adicionalmente, "os dados da inflação devem aumentar as probabilidades de uma recessão, já que agora a estimativa é que seja mais cedo e provavelmente mais severa", explica Tiffany Wilding, economista da Pacific Investment Management à Bloomberg.
Petróleo afunda de olho em forte aumento dos juros da Fed
Os preços do "ouro negro" seguem em queda nos principais mercados internacionais, pressionados pela perspetiva de um aumento ainda mais significativo dos juros diretores da Reserva Federal norte-americana.
Em Londres, o Brent do Mar do Norte, que é a referência para as importações europeias, segue a ceder 3,91% para 95,68 dólares por barril.
Já o West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, recua 4,67% para 91,80 dólares por barril.
Os investidores estão a focar-se na perspetiva de a Fed poder subir a taxa dos fundos federais – que é a referência – em 100 pontos base na reunião deste mês, depois de os dados da inflação de junho, reportados ontem, terem sido piores do que o esperado, com a subida dos preços no consumidor em máximos de 41 anos.
Uma maior dimensão no aumento dos juros diretores poderá ajudar a travar a inflação mas, ao mesmo tempo, também deverá penalizar a procura por petróleo.
Bolsas europeias arrancam em terreno negativo
As bolsas europeias arrancaram a sessão desta quinta-feira em terreno negativo, numa altura em que aumentam as preocupações quanto à possível iminência de uma recessão global e a um aperto das políticas monetárias por parte dos bancos centrais.
O Stoxx 600 – referência para a Europa – recuou 0,76% para 409,66 pontos. Dos 20 setores contabilizados no índice, a liderar as perdas está o setor imobiliário (-1,92%), o setor das telecomunicações (-1,78%) e do petróleo e gás (-1,66%).
Nas principais praças europeias, o espanhol IBEX caiu 1,21%, o alemão DAX desceu 0,63% e o francês CAC 40 recuou 1,01%. Londres perdeu 0,76%, Amesterdão reduziu 0,35%, enquanto Milão derrapou 2%. Lisboa, por sua vez, desvalorizou 0,85%.
O euro atingiu na quarta-feira a paridade com o dólar, tendo chegado mesmo a quebrar essa barreira e negociado nos 0,9998 dólares.
Juros agravam na Zona Euro
Os juros das dívidas soberanas estão a agravar na Zona Euro, um dia após os dados da inflação acima do esperado nos Estados Unidos e depois de atingida a paridade do dólar face ao euro.
Os juros da dívida italiana a dez anos são os que mais sobem, com um aumento de 19,7 pontos base para 3,323%.
Já a yield das bunds alemãs com a mesma maturidade – referência para o mercado europeu – agravam 9,4 pontos base para 1,232%.
Os juros da dívida espanhola sobem 14 pontos base para 2,374%. Por cá, a yield da dívida portuguesa agrava 13,6 pontos base para 2,373%.
Euro recua ligeiramente mas mantém-se acima do dólar
Um dia após ter atingido a paridade com o dólar, tendo chegado a negociar nos 0,9998 dólares, a moeda única cede 0,38% para 1,0021 dólares. Apesar deste recuo, o euro mantém-se ligeiramente acima do dólar.
A divisa europeia não valia exatamente o mesmo que o dólar desde 2002, quando apenas 12 países da União Europeia a tinham em circulação. A paridade foi atingida momentos após a divulgação dos dados da inflação nos Estados Unidos, que atingiu os 9,1% em junho, o valor mais alto desde 1981.
A semana foi de instabilidade, estando agora as atenções dos investidores centradas na próxima reunião do Banco Central Europeu (BCE), marcada para dia 21 de julho.
Por sua vez, o índice do dólar da Bloomberg – que compara a força da nota verde com dez divisas rivais – dispara 0.61% para 108,567 pontos.
Ouro cede com investidores a procurar refúgio no dólar
O ouro segue a perder após os dados da inflação nos Estados Unidos terem ultrapassado as previsões dos economistas, atingindo o valor mais alto em quatro décadas. Os investidores estão de novo a refugiar-se na "nota verde", que na quarta-feira atingiu a paridade com o euro.
O metal amarelo desvaloriza 0,92% para 1.719,62 dólares por onça. Na mesma tendência segue a platina, a cair 1,30% para 846,74 dólares e o paládio a perder 1,79% para 1.945,92 dólares.
Os preços do ouro têm apresentado uma maior volatilidade este ano, que é impulsionada, sobretudo, pela invasão russa da Ucrânia.
Petróleo mantém-se abaixo dos 100 dólares. Gás cede ligeiramente
O petróleo continua a flutuar, estando às 08h34 a ser negociado abaixo da linha dos 100 dólares por barril, numa altura em que aumentam os temores dos investidores quanto a um possível abrandamento económico.
O West Texas Intermediate – negociado em Nova Iorque – perde 0,75% para 95,58 dólares por barril. Já o Brent do Mar do Norte, referência para as importações europeias, desvaloriza 0,49% para 99,08 dólares por barril.
Os elevados preços dos combustíveis nos Estados Unidos estão a começar a refletir-se na procura, que na passada semana atingiu o nível mais baixo do ano desde 1996. Após a divulgação dos dados da inflação no outro lado do Atlântico (9,1% em junho), o Presidente norte-americano Joe Biden reforçou os apelos à Organização dos Países Exportadores de Petróleos (OPEC) para combater o aumento dos preços da energia.
O setor do gás natural, por sua vez, está a negociar em terreno negativo em Amesterdão – mercado de referência para a Europa, - tendo registado esta manhã uma ligeira descida de 0,3% para 180 euros por megawatt-hora.
A Noruega anunciou que ia reduzir as exportações de gás para a Europa, devido a problemas na central de Sleipner, mas o impacto foi, até agora, reduzido. O fornecimento deverá voltar a aumentar nos próximos dias.
Europa aponta para abertura na linha de água. Ásia mista
A Europa aponta para um arranque de sessão sem grandes alterações com tendência para uma ligeira queda enquanto a Ásia segue entre perdas e ganhos.
Os futuros sobre o Euro Stoxx 50 caem 0,1%.
Na Ásia a sessão terminou mista. No Japão o Topix subiu 0,23% e o Nikkei valorizou 0,62%. Pela China, em Hong Kong o Hang Seng derrapou 0,77% e Xangai desceu 0,25%. Por fim na Coreia do Sul, o Kospi recuou 0,27%.
A paridade unitária entre o euro e o dólar, atingida esta quarta-feira por breves momentos, e os dados da inflação nos Estados Unidos vão continuar a mexer com o mercado, numa altura em que se fala numa subida de 100 pontos base das taxas de juro por parte da Fed.