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Setor mineiro e ações de luxo pintam Europa de vermelho
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta sexta-feira.
Setor mineiro e ações de luxo pintam Europa de vermelho
As bolsas europeias arrancaram a derradeira sessão da semana no vermelho, com os investidores a digerirem uma série de resultados trimestrais e os cortes nas taxas de juro por parte do banco central dos EUA e do Banco de Inglaterra.
O "benchmark" europeu, Stoxx 600, recua, a esta hora, 0,25% para 508,66 pontos, com as principais praças da região todas a negociar no vermelho. O setor mineiro e o de luxo estão a pressionar o índice europeu, numa altura em que as autoridades chinesas falharam a impressionar o mercado com novos medidas de estímulo económico.
Estes dois setores estão extremamente expostos ao mercado chinês e, qualquer movimentação na economia do país, tem grande impacto no seu desempenho. As ações de luxo estão ainda a ser pressionados pela queda da Richemont, que afunda 4,46% para 122,05 coroas suíças, depois de ter apresentado uma queda de 1% nas vendas no terceiro trimestre do ano.
Já a dona da British Airways dispara 5,90% para 231,60 pence de libra. A International Airlines Group registou um aumento de 15% nos lucros no terceiro trimestre do ano, superando as previsões dos analistas. A empresa manifestou ainda grande otimismo em relação ao aumento da procura para o resto do ano.
Entre as principais praças europeias, o alemão Dax recua 0,31%, o francês CAC-40 desvaloriza 0,75%, o italiano FTSEMIB recua 0,59% e o espanhol IBEX 35 cede 0,08%. Em Amesterdão, o AEX regista um decréscimo de 0,56%, enquanto, em Londres, o FTSE 100 desliza 0,39%.
Juros da dívida da Zona Euro aliviam. Alemanha regista maior queda
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a aliviar esta sexta-feira, numa altura em que os investidores já se encontram a reagir às novas medidas apresentadas pelas autoridades chinesas, que preveem um aumento do tecto da dívida dos governos locais para 35,52 biliões de yuans.
Os juros das "bunds" alemãs a dez anos, referência para o bloco europeu, aliviam 6,2 pontos base, para 2,381%. Já a "yield" das obrigações soberanas francesas recua 5,4 pontos base para 3,145%.
A rendibilidade das dívidas portuguesas perdem 5,8 pontos base para 2,866%, enquanto as espanholas cedem 5,6 pontos para 3,118%. Por sua vez, a "yield" da dívida italiana recua 5,4 pontos base para 3,674%.
Já fora da Zona Euro, os juros das "gilts" britânicas continuam a ceder e aliviam agora em 5,4 pontos base para 4,441%, isto depois de o Banco de Inglaterra ter cortado, pela segunda vez no ano, as taxas de juro no país em 25 pontos base. Mas, deixou um aviso: o novo orçamento trabalhista pode levar a um aumento da inflação em meio ponto percentual.
Dólar fecha semana com o pé direito. Euro e libra em queda
Depois de sessões de extrema volatilidade, o dólar prepara-se para fechar a semana com o pé direito, apesar de estar a perder valor contra um conjunto dos seus principais concorrentes.
O índice do dólar da Bloomberg recua, a esta hora, 0,03% para 104,48 pontos, pressionado pela desvalorização da divisa norte-americana face ao iene. O dólar recua 0,35% para 152.40 ienes, mas regista ganhos face ao euro e a libra.
A moeda comum europeia prepara-se para encerrar a semana com um saldo negativo de 0,3%, numa altura em que a incerteza política na maior economia da região continua a crescer. Já a libra recua após o Banco de Inglaterra ter cortado as taxas de juro em 25 pontos base – o segundo alívio na política monetária do ano.
No mesmo caminho seguiu a Reserva Federal (Fed) norte-americana. O banco central voltou a reduzir os juros e, apesar de um novo corte em dezembro não estar ameaçado, o mesmo não se pode dizer para as perspetivas de 2025.
"A Fed continua numa trajetória de diminuição das taxas de juro e é provável que se verifique um novo corte em dezembro, a menos que os dados relativos à inflação e ao mercado de trabalho sejam surpreendentes", afirmou Kerry Craig, estratega de mercados JP Morgan Asset Management, à Reuters. "No entanto, para 2025, a situação será complicada devido à possibilidade de as políticas comerciais e fiscais contribuírem para as perspetivas de inflação", conclui.
Ouro continua em queda sem razões para brilhar
Os preços do ouro continuam em queda e preparam-se para assinalar a segunda semana seguida no vermelho, com os investidores ainda a digerirem as implicações de um segundo mandato de Trump na Casa Branca.
O corte de 25 pontos base encetado na quinta-feira pela Reserva Federal (Fed) norte-americana parece não estar a dar alento ao metal precioso. O futuro da política monetária do país advinha-se incerto com a chegada de Trump ao poder – e o banco central não se quis comprometer com novos cortes ainda este ano. O ouro tende a beneficiar de uma política mais flexível, uma vez que não rende juros.
"Existe alguma incerteza sobre a trajetória dos cortes nas taxas dos EUA e é por isso que estamos a assistir a este recuo do ouro", afirma Soni Cumari, estratega de mercadorias do ANZ, à Reuters.
No entanto, o metal precioso pode vir a beneficiar da vitória de Trump no longo prazo. Durante o seu primeiro mandato, os preços do ouro dispararam – e com as políticas atuais do republicano a não se distanciarem muito do passado, o metal pode encontrar aqui um novo catalisador.
"A execução de um défice mais elevado e a aplicação de tarifas são medidas inflacionistas, o que deverá ser positivo para o ouro", explica Hugo Pascal, analista da InProved, à Reuters.
Petróleo encaminha-se para semana no verde
Apesar de encaminhar-se para uma semana de ganhos, o petróleo está a negociar em baixa esta manhã, numa altura em que os mercados continuam a digerir as possíveis implicações de um segundo mandato de Trump – incluindo possíveis medidas das autoridades chinesas para colmatar as tarifas que o republicano pretende impor sobre os produtos chineses.
A esta hora, o West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, recua 0,87% para 71,73 dólares por barril. Já o Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, desliza 0,70% para 75,10 dólares. No entanto, os dois apontam para ganhos semanais de quase 3%.
A vitória do candidato republicano à presidência dos EUA levou o dólar a registar a maior subida diária desde setembro de 2022. O crescimento da divisa norte-americana, que negoceia em máximos de quatro meses, pesa sobre os preços das matérias-primas, uma vez que as mesmas são negociadas nesta moeda no mercado internacional.
Com Trump no poder, os mercados esperam políticas ambientais e energéticas bastante distintas da anterior administração de Biden, que vão ter claros impactos na produção de petróleo e de energia eólica "offshore". A política externa do país também vai ser extremamente afetada, alimentando a incerteza geopolítica no Médio Oriente e na Ucrânia.
"Ainda existem muitas incógnitas em torno do Médio Oriente e das exportações [de crude] iranianas e venezuelanas sob uma nova administração", confessou Russell Hardy, do Vitol Group, à Bloomberg. "É ainda prematura concluir que o mercado vai ter excesso de oferta em 2025", concluiu.
Ásia incerta à espera de medidas da China. Nissan afunda 10%
As bolsas asiáticas encerraram a derradeira sessão da semana em território misto, com os investidores focados em possíveis medidas de estímulo económico que podem sair da reunião do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, que termina esta sexta-feira.
Os movimentos acontecem um dia depois da Reserva Federal (Fed) norte-americana ter cortado as taxas de juro em 25 pontos base – uma decisão já incorporada no mercado – e o seu presidente ter deixado um aviso ao novo inquilino da Casa Branca: Jerome Powell não se demite, mesmo se Donald Trump pedir.
Pela China, a negociação foi volátil mas os principais índices acabaram mesmo por encerrar no vermelho. O Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,6%, enquanto o Shanghai Composite deslizou 0,4%.
Com o republicano a ocupar a Casa Branca a partir de janeiro de 2025, os investidores estão a ponderar se as medidas que poderão sair da reunião do Comité Permanente serão suficientes para combater as tarifas que Trump pretende implementar contra os produtos chineses. "Existe tanta incerteza a vir dos EUA neste momento", afirma Michelle Lam, economista da Societe Generale, à Bloomberg. "Poderemos assistir a um aumento mais pequeno das tarifas, de cerca de 15% a 20% - o que é mais razoável [do que os 60% propostos por Trump]", conclui.
Pelo Japão, a sessão foi ligeiramente mais otimista, com o Nikkei 225 a crescer 0,3%. No entanto, o Topix não conseguiu escapar as perdas e terminou a perder residualmente, apesar de novos dados económicos apontarem para uma queda no consumo menos acentuada do que o esperado.
As bolsas japonesas foram pressionadas pela queda das ações da Nissan, que chegaram a afundar 10% em Tóquio, atingindo mínimos de mais de quatro anos. A fabricante de automóveis anunciou que vai despedir nove mil trabalhadores e cortar um quinto da sua capacidade de produção, depois de os lucros do primeiro semestre fiscal da empresa terem caído a pique.
Já na Europa, a negociação de futuros aponta para uma abertura em alta, com o Euro Stoxx 50 a valorizar 0,2% no "premarket".